terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Decreto nº 001/2010

Nesta data em que comemoramos meu natalício, junto ao da presidenta do país irmão Brasil, e, por uma democrática coincidência, o do maior opositor de nosso governo, o legítimo representante da mídia golpista, marronzista e surfista, Alex News, quero dizer que, nunca antes na história de Desarrollo, pudemos celebrar tal como acontece hoje a fusão dos mais nobres princípios da integração latino-americana e os da democracia ocidental.

Por um lado, sob o signo da unidade de nossos povos, percebemos que se unem os destinos destas duas potências, fadadas ao desenvolvimento desarrollista e a uma nova era na história do continente. Por outro lado, demonstra-se que, dentro dos mais importantes fundamentos da liberdade e da democracia, tanto eu, quanto a presidenta da outra nação, detentoras das mais republicanas intenções governamentais, quanto esse filho da पुता, sem-vergonhista, que se diz jornalista, temos o mesmo espaço e os mesmos direitos de manifestação. Deste lado, portanto, apesar da preferência por fermentados, podemos garantir que nossa vontade política é líquida e certa, mais líquida do que certa.

Depois desse preâmbulo inicial introdutório, evitando redundâncias plenonásticas, e diante da realidade de um futuro que se nos mostra promissor, quero aqui exaltar o esforço hercúleo e herbundúleo do núcleo muito duro de nosso governo, que, em difíceis, estafantes e – felizmente, para Desarrollo –, proveitosas reuniões de trabalho, determinou os rumos da governança de maneira sólida e inquestionável, definindo os homens e mulheres que comandarão os destinos da nação nos próximos anos. Neste momento de festas e comemorações, enquanto as elites se esbaldavam em ociosidade e libações orgíacas, em conluio com a imprensa, numa relação obscena e promíscua, nossos valorosos colaboradores reuniam-se noites a fio, com sacrifício de seus afazeres e vidas pessoais, para dar essa imensa contribuição ao país.

Diante dessa realidade é que, aqui, ratificaremos os atos e nomeações feitos em 13 de dezembro de 2010, publicadas no Diário Oficial de Desarrollo, Quintal de Casa. E, por conta de tantos considerandos,

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA DE DESARROLLO, no uso e abuso das atribuições que lhe confere o artigo 69, inciso 171, alínea “z”, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1º - Fica instituído todo o ministério definido na publicação citada;

Art. 2º - Destitui-se do cargo de assessoria do Estado D’Arte a senhora Silvinha Quietinha Prakar Alho da Silva, que fica nomeada a partir desta data ao Ministério Pesqueiro;

Art. 3º - Nomeiam-se desde já senhora e senhor Molusco da Silva ao Ministério do Aumento de Prole para o Desenvolvimento Desarrollista, sendo que ela decidirá quem leva a pasta (a mala, a bolsa, a sacola do supermercado, etc.);

Art. 4º - Fica suspensa a destinação de verbas de publicidade a quaisquer instituições ligadas ao senhor Alex News (ele que procure a Zelite! pô!);

Art. 5º - Fica nomeada presidenta em exercício a senhora Valiosa Curvas da Silva, enquanto a mamãe aqui tira merecidas férias, na costa de Desarrollo e, de preferência, nas costas de alguém;

Art. 5º - Revogam-se todas as disposições e críticas em contrário.

Desarrollo, 14 de dezembro de 2010

Ana Bugra Shecçy da Silva

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

EXTRA!!!

Em nota, a Presidente Ana da Silva, acaba de confirmar Caetana Pablita da Silva como ministra da Desconstrução, na cota dos Sem Cota!

últimas notícias de desarollo

Primeira presidente bugra eleita em Desarollo, Sra. Ana Shecçy da Silva ainda não anunciou o ministério para seu novo mandato. Discreta, a presidente enviou recados por meio de seu assessor pessoal, Mor'En'Aço, recentemente recrutado para o árduo serviço na Costa de Hóleum, famoso centro turístico. Ao que tudo indica, permanecem em seus cargos a Sra Pitty Kasada da Silva, como Secretária do Bustão, pasta responsável pela conservação filosófica e patrimonial do busto na praça. Também há indícios de que permanece no cargo a Sra. Jaana Americana da Silva, Ministra de Relações Acadêmicas Internacionais. Em recente declaração sobre a conclusão mais relevante de sua gestão a Srª Jaana ressaltou "é de pirar, mas eu vou aguentar firme – sem trema!". As especulações em torno da indicação do Sr Amaury Sumidinho da Silva para Procurador Geral, aumentaram depois que ele foi visto na capital procurando um lugar para ficar e coisas para fazer. O Chef da Secretaria de Alimentos, Bebidas e Prazeres Afins, Sr Marco Antônio Capes Ulas da Silva, lembrou em entrevista à Rádio Em Obras que essas especulações geralmente acabam em pastel e aproveitou para publicar a receita de pastel de chicória. A grande dúvida paira sobre a empresária Sra. Raquel Rapidinhas da Silva, que depois de ter abandonado a presidência da Tyururu Company, para assumir diversas diversidades na república desarollense, sumiu no mato. Nosso levantamento mostra que outra importante componente do ministério, Sra Mariana de Los Rincones, recém amasciada com o Sr Públio Ricardón, encontra-se também num mato sem cachorro, lá pelas bandas dos Varjones. Procurada pela nossa reportagem a Sra Milena Mãezona da Silva, respondeu que vai pensar em LIBRAS caso seja indicada para algum cargo no novo governo.
Enquanto isso, a recém eleita governadora do Estado D’Arte, principal reduto da oposição dessarollense, Sra. Lídia Dazelite, parece tramar com amigos ocultos, uma aliança nada laica com representantes da Santa. Especula-se que ela vá convidar para compor seu governo o cartógrafo, Lucio Molusco, que deverá nomear sua esposa como Secretária para Aumento Demográfico, Sra. Bianca Gravidinha da Silva. Em evento cinematográfico recente a assessora inseparável de Dazelite, Silvinha Quietinha Prakar Alho, desfilou com Fernandinho Beira Lago e justificou a parceria: “estamos pescando temas para desenvolvermos em mestrados no Estado D’Arte”.
Enquanto isso o povo desarollense mantém abertas as bolsas de apostas.

colaborou: Valéria CemKar Goda Silva

sábado, 4 de dezembro de 2010

hoje

beijos pendurados nos cabelos
afago nas palavras
hoje trago meu revés
cabeça na língua
sentimentos na cara
carinhos nas pontas dos pés

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Princesas - escena nostalgia



¿Es rara, no, la nostalgia? Porque tener nostalgia, en sí, no es malo. Eso es que te han pasado cosas buenas y las echas de menos. Yo, por ejemplo, no tengo nostalgia de nada... porque nunca me ha pasado nada tan bueno como para echarlo de menos. Eso sí que es una putada.... ¿Se podrá tener nostalgia de algo que aún no te ha pasado? Porque a mí a veces me pasa. Me pasa que me imagino cómo van a ser las cosas, con los chicos, por ejemplo... o con la vida en general. Y luego me da pena cuando me acuerdo de lo bonitas que iban a ser. Porque iban a ser preciosas... en serio, preciosas. Y luego cuando lo pienso me da nostalgia... porque iban a ser tan bonitas... Cuando me doy cuenta de que aún no han pasado y que a lo mejor no pasan nunca, me pongo super triste... super triste, tía...

Me llaman Calle (Princesas) Manu Chao

sábado, 20 de novembro de 2010

Nasce Cátia K.

Diante do verde deslumbrante das águas do litoral natalense, Cátia K. sentia o vento nos cabelos e observava o namorado, Fred M. Neto, um jovem engenheiro eletrônico natural de São Paulo. Enquanto contemplava os músculos do rapaz de 1,90m de altura, com a pele escura brilhando de suor sob o sol equatoriano da capital potiguar, a bela morena lembrava-se de sua própria história.

Cátia K. nasceu numa família de músicos. O pai tocou violão com João Donato em 1964, no Beco das Garrafas, e deixou a música para entrar no mercado financeiro. Tornou-se milionário. Nos fins de semana, em sua casa de campo, para a família e os amigos mais chegados, sempre mostrava a primeira versão de “O pato”, de João Gilberto. Repetia, exultante, ao final de cada execução: "Viram? É bem diferente daquela que todos conhecem!" Nessa hora, a mãe servia mais bebida.

A mulher também teve seu passado musical. Participou de um momento importante da MPB. Enquanto Elis Regina gritava “Arrastão”, a mãe de Cátia K. e mais duas backing vocals, ou cantoras de apoio – como gostariam Tinhorão e Aldo Rebelo –, seguravam o resto da canção. Depois disso, também participou de discos de Emilinha Borba, Doris Monteiro e, vejam só, Chico Buarque – ouvidos atentos podem perceber o seu canto soprano soterrado na mixagem de "A banda".

O encontro dos dois aconteceu numa noitada no fim de 1967. Nunca deram detalhes sobre aquela noite. Cátia descobriu que foi uma reunião liberal, bem à moda da época. Ela sempre pensou que festinhas em que ninguém é de ninguém nunca renderam lares burgueses, mas sua família era prova contrária. Nasceu muitos anos depois da idílica orgia protagonizada pelos progenitores.

Por causa dos pais, sabia tudo sobre João Gilberto, inclusive suas músicas. Percebia a diferença entre lá sétima maior sustenido e sol em ré menor na quarta-feira de cinzas. Também entendia porque Nara resolvera subir o morro e resgatar velhos sambistas negros. Mais de uma vez ouviu em casa: "O motivo não era musical."

Não foi dos pais, porém, que lhe vieram as grandes influências. A governanta Madalena del Puentes Saracuja, nascida na Argentina e criada em Monte Carlo, com passagens por Cingapura, Pedro Juan Caballero e Nova Andradina, marcou decisivamente seu contato com as melodias, ritmos e harmonias. Profissional de respeito, já era governanta no período em que Cátia nasceu. Detalhista, de relacionamento seco e preciso com outros empregados, mostrou à bela menina obras de Chopin, Bartok, Wagner, Puccini, Copeland e Damião Experiença. As sessões musicais eram secretas. Ninguém a elas tinha acesso, somente as duas desfrutavam do prazer sonoro, mesclado aos toques que prolongavam fisicamente o deleite musical que a experiente senhora apresentava a Cátia K.

A governanta também tentara a carreira musical. Não gostava de falar de seu passado. A menina descobrira que suas investidas foram no canto erudito, e Maria Callas era culpada por seu insucesso. Mas não foi de sua boca que ouvira isso. Os detalhes juntaram-se na perspicácia de Cátia, atenta às pistas que a empregada deixara ao longo dos anos. Callas nunca entrava numa sessão de audição de divas da ópera que Madalena organizava. Na única vez que se ouviu seu canto no quarto, a argentina tirou o disco da vitrola e o jogou contra a parede, espalhando cacos de vinil pelo aposento. “Outro disco na capa errada”, explicou.

Enlevada, Cátia K. voltou à paisagem paradisíaca que a cercava, lembrando-se de que um dos motivos que fizeram seu pai contratar Madalena fora o zelo com os discos, primeiramente os de vinil, depois, os CDs, que não podiam estar fora de capa, muito menos com poeira ou marcas de dedos, o que o deixava possesso. Não viveu para o MP10.

Cátia K. virou-se para o namorado: “Amor, vamos para o hotel? Quero uma ducha fria, uma salada de rúcula e uma massagem completa. Precisamos também terminar os cálculos para o próximo trabalho." Fred M. sorriu.

Composição, criação e argumento: Oscar Rocha
Colaboração: Alfredo Andrade de Moraes
Pai de Cátia K. inspirado em Jefferson Contar
Adaptação e texto: Ana Silva

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Reminiscências

Abrem-se as cortinas. Entre em cena um grupo de pessoas em tumulto, vozes, gritos e movimentos bruscos - brutos. Mãos na parede, revista agressiva, apelação. Aparece a mordaça. Um foco de luz, slides de fragamentos, diversos textos. Retratos de um tempo em pretos e brancos. As vozes em coro entoam "vem, vamos embora, que esperar não é saber..." João Goulart em bronze. ComunismoXCapitalismo. Revolução, contra. Castelo Branco. Figueiredo. Contradições, polêmicas, transformações. Repressão e transgressão. Vozes d euma sociedade pensante. Fecham-se as cortinas.

domingo, 14 de novembro de 2010

Autobiografemas

A escrita é talvez a mais dolorosa tarefa solicitada aos estudantes nas suas formações profissionais. Particularmene, posso afirmar isso por ter sempre solicitado aos meus alunos que registrassem algo por escrito e, como retorno, ouvido gemidos, bufadas e interjeições diversas. Muito dificilmente consegui escapar dos protestos, dos pedidos de cancelamento, de adiamento de prazos de entrega, das milhares de confirmações se era para fazer mesmo e até das lágrimas. Como trabalhei basicamente em licenciaturas e cursos de pedagogia, não tive pudor de "subir nas tamancas " e "fazer uma cena" cada uma das trocentas vezes que recebi protestos contra a obrigação de escrever. Minha pergunta ainda é: como podemos formar cidadãos alfabetizados se nós mesmos, educadores, não formos pessoas que escrevem? Que professores somos nós, se não escrevemos? PPode parecer ingênuo, mas continuo acreditando que todos temos que ter momentos de escrita e reflexão sobre como escrever mais e escrever melhor. Para mim, é um ato de cidadania.
Entretanto, o problema maior é encontrar algo sobre o que escrever. Algo que seja significativo e relevante. A escrita exige muito exercício e assunto.
Minha sugestão tem sido a de se exercitar a escrita pela autobiografia. Primeiramente por ser o único texto realmente autêntico que podemos escrever - não há ainda como alguém copiar a própria vida. Depois, porque é um exercício rico em possibilidades didáticas. Da autobiografia pode se derivar o memorial, exigido na academia; pode virar conteúdo de disciplinas na escola, pois permite aos professores conheceram memlhor seus alunos (faixa etária, origem, trajetória escolar, situação econômica, realções sociasi, sonhos , angustias, desejos, crenças etc.).
A leitura de autobiografias em sala de aula tem o efeito de tornar os colegas mais próximos. Os estudantes percebem que convivem com estranhos, ao mesmo tempo em que têm muita coisa em comum. A leitura coletiva, devolvida para as turmas com ou sem identificação dos autores - conforme eles escolherem, proporciona o entendimento de que a turma forma uma amostra da sociedade. Dos dados fornecidos pelas autobiografias podemos inferir situações e conjecturas nacionais e internacionais. Ao perceber o grupo como um todo, podemos entender o movimento das pessoas em busca de mais e melhor educação. Enfim a escrita da autobiografia é um processo que encoraja os estudantes a se conhecerem e se inserirem melhor nos grupos em que convivem.
O conteúdo das autobiografias são a "bagagem" que os estudantes naturalmente trazem para a escola. Com elas já trabalhei: estatísticas, mapas, revisão histórica, concepções de educação, história do brasil, uso da linguagem, as facilidades e dificuldades para produção de escrita, tipos de escolarização e muitos outros temas.
Você já tentou escrever sua autobiografia? Essa é minha sugestão para o próximo feriado.
Me mostra a tua, que eu te mostro a minha!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

da Jaana

Versos à boca da noite

Carlos Drummond de Andrade

(...)"Mas vêm o tempo e a idéia de passado
visitar-te na curva de um jardim.
Vem a recordação, e te penetra
dentro de um cinema, subitamente.
E as memórias escorrem do pescoço,

do paletó, da guerra, do arco-íris;
enroscam-se no sono e te perseguem,
à busca de pupila que as reflita.
E depois das memórias vem o tempo

trazer novo sortimento de memórias,
até que, fatigado, te recuses
e não saibas se a vida é ou foi"
(…)

As memórias, por algum motivo, voltaram e tomaram-me por completo. Mas não parecem memórias. É como se fossem vida vivida pela primeira vez. Não sei onde estava quando a minha vida aconteceu. Parte das memórias, por algum motivo, mandou-me olhar o nome de quem me escreveu nos últimos tempos, o nome de quem não me respondeu, os nomes. Somente hoje. Mais de um ano e somente agora a minha memória conseguiu me falar. Voltar a alguns emails do passado recente é como vivê-los pela primeira vez. Parece impossível que algumas constatações sejam tão óbvias. Senti falta de dois nomes no quintal, que quase nunca visitei, e agora percebo que nunca deveria ter sentido falta de duas pessoas. Isso me ajudou a entender outras coisas. Mas ainda tenho tantas dúvidas. As respostas aparentemente me foram dadas, palavra porpalavra, mas eu não escutei. Verdadeiras? Os diálogos ilógicos e absurdos tinham uma lógica que me fugia. De tanto revivê-los às vezes tenho dúvidas de quais aconteceram ou não. Algumas verdades ainda parecem parte da “encenação para me ajudar”. Verdades? O cansaço mental e físico que me tomou por completo no passado voltou. Mas desta vez não consegui fugir de pensar. Desculpei a quem nunca deveria ter desculpado (!?). Nunca pedi desculpas a quem deveria ter pedido (!?). Mais de um ano sem pensar nesse passado e ele voltou com tanta força. Agora, ainda tantas dúvidas. Umas poucas certezas. Mas pelo menos as minhas memórias vieram conversar comigo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Isaura Belloni: uma vida dedicada à educação

Professora aposentada da UnB, pioneira na avaliação institucional no país e na defesa da escola pública, morreu nesta segunda-feira, 25
João Campos - Da Secretaria de Comunicação da UnB


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A educação brasileira está de luto pela morte da professora aposentada da Universidade de Brasília Isaura Belloni, na noite da última segunda-feira, 25 de outubro. Pioneira na implantação do sistema de avaliação institucional no país, a educadora conhecida pela competência e o senso crítico apurado também teve intensa atuação política na defesa da escola pública, gratuita, laica e de qualidade. “Perdemos uma grande mulher, inteligente, batalhadora, mas acima de tudo preocupada com a formação dos brasileiros”, afirma o amigo e professor Heitor de Magalhães.

Há sete anos Isaura lutava contra um câncer no intestino. A doença que se espalhou pelo corpo foi enfrentada com quimioterapia e principalmente pela sua vontade de viver. “Ela foi muito forte e corajosa”, conta o irmão e também professor da UnB, José Ângelo Belloni. Há cerca de 10 dias, no entanto, a ex-professora da Faculdade de Educação (FE) confessou a um amigo que estava cansada da batalha. “Ela já dependia dos outros para fazer quase tudo. Sempre foi autônoma, não gostava de dar trabalho”, conta Heitor.

Gaúcha de Santo Antônio da Patrulha, Belloni foi a mais velha de quatro irmãos e a primeira a sair da casa para estudar em Porto Alegre. Graduou-se, fez mestrado e doutorado em Educação. Chegou em Brasília em 1984, quando iniciou sua carreira na FE da UnB. A personalidade forte era admirada pelos poucos colegas mais próximos. “Quem a conhecia de perto, a admirava”, diz Heitor, que foi seu orientando no mestrado na Faculdade. “Ela era muito dinâmica e rigorosa com seus alunos. Uma profissional exemplar”, completa a amiga e docente Vera Waisrof.

A primeira experiência de avaliação institucional na UnB, iniciativa pioneira entre as universidades federais, é obra de Isaura. Ela também defendeu a educação pública junto ao Núcleo de Educação, Cultura e Esporte do PT no Congresso Nacional. “Na Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa ela acompanhou ativamente o processo de elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, durante os 9 anos de sua tramitação”, conta Vera. Aposentada pela UnB em meados da década de 90, Belloni ainda atuou como consultora da Câmara dos Deputado até 2006.

DESPEDIDA – Isaura completaria 67 anos no próximo 27 de novembro. Deixou duas filhas e uma neta de um ano, Catarina. O velório foi quarta-feira, O corpo foi cremado, a pedido da própria professora. “É um momento difícil para a família e os amigos, mas a imagem que guardaremos é a de uma guerreira, de uma educadora apaixonada e dedicada ao seu país”, afirma Heitor, amigo da educadora há 20 anos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

lista de cem

Mesa de mulheres que se encontram regularmente para atualizar os papos sérios.
- Putz, a gente tava falando de amendoim, chega um cara vendendo; a gente falou de livros, chegou um cara oferecendo... louco, né?
- Então, vamos falar de sexo!
- Mas a gente já falou tudo de sexo!!
- Lá vem a velhinha! È um assunto que não se esgota!
- Tudo, não! Ainda falta a gente escolher os cem melhores caras com quem a gente transou...
- Cem!?
- Caraka! Acho que nem passei na dezena!
- Ah, tah, conta outra! Eu lembro de uns vinte caras que você namorou.
- Namorei, mas não transei!
- No sentido stricto ou no sentido lato?
- Ela falou os MELHORES...
- Tem gente que sempre se faz sempre se faz de semi-virgem!
- Gente, semivirgem tem hífen?
- Não existe semivirgem por que não existe semihímen!
- Ainda está lá na centúria passada, achando que isso vale alguma coisa!
- O hífen?
- O hímen!
- Na centúria passada é que não valia nada ser virgem!
- Valia, sim! Tanto que a gente se fazia de virgem.
- Que nada! A gente tirava onda de que transava pra caramba, mas não deixava nem passarem a mão...
- Eu transava pra caramba!
- Mentira!!! Fazia o maior doce! No fundo é caretona até hoje!
- Eu acho que andei perdendo tempo, devia ter transado mais aos 15, porque aos 50 eu não to dando nada!
- Por que não quer?
- Por que não tem com quem?
- Preguiça, gente!
- Preguiça de dar?
- De contar quantos...
- Ah, vai, já chegou nos 47?
- Anos?
- Caras!
- Gente, quem é aquele cara encarando a gente?
- Não sei mas me lembra alguém conhecido.
- Acho que 49...
- Não é o Zé?
- Zé?!
- Aquele mineiro... primo da Estelinha, tá sorrindo prá gente.
- Ta vindo pra cá!
- Nossa, faz tanto tempo... Vocês ainda juntas?
- Sempre!
- Bom ver vocês...
- Era lindinho...
- Era!
- 50! Com o Zé! Tinha me esquecido dele!
- Ah, não! com ele você não transou!
- Transei, acho.
- Acha?
- Não lembro...
- Transou não. Você me contou. O fusca era muito apertado... e tinha baratas!
- Nossa! Isso é que é amiga! Lembra melhor do que você mesma!
- Não curtiu o barato por que tinha barata!
- Gente, não vou fazer a lista, não. Tenho medo de esquecer alguém importante.
- Há, há, tá é com medo de ter que perguntar: transei com você?
- Pior do que não ter, é não lembrar se teve!
- Velhinhaaaaaaaaaaaaa.....

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Liberdade é uma calça azul e desbotada....

A importância dos eventos era medida pelo tipo de roupa que eu era obrigada a vestir quando criança. Quando minha mãe comprava algum vestido era sinal de que eu devia me comportar com todo o rigor. Naquele tempo os pais tinham os poderes de mestres de mais alto treinamento do TAO IN, conseguiam, por exemplo, nos congelar apenas com um olhar. De vestido comprado, eu congelava a toda hora. O vestido branco da primeira comunhão foi comprado numa boutique. O vestido azul de crochê da ceia de natal na casa de amigos dos pais, numa casa de moda. Já quando o vestido era feito em casa, eu podia me sentir mais criança. A jardineira laranja com boné da mesma estampa para os aniversários de amigos, me permitia até subir em árvores. Na escala intermediária estavam as roupas mandadas fazer na costureira, mas essas só ganhei depois de mocinha. Vestidos longos e floridos para casamentos e festas de quinze anos; longos, de alcinha, sem estampas para os bailes da primavera, das rosas, dos namorados e de formaturas. Só podia repetir vestido se o público não fosse repetido.O máximo que eu conseguia de ingerência sobre as escolhas era sobre os tecidos, eu não usava tafetá ou tecidos muito barulhentos - que me deixavam mais surda. Esse direito conquistei fazendo birra e cara emburrada. De que adiantava estar lindamente vestida e de cara feia? Meus pais cediam. Os modelos e cores, no entanto, ficavam por conta do gosto modista da mãe. A sensibilidade dela para a moda me fez embarcar para a Europa com um terninho de veludo marrom e uma blusa cacharrel vermelha. Dentro da moda eu também estava quando fui ao auditório da Tupi assistir à primeira transmissão de um filme em cores pela tevê, com uma calça boca de sino roxa e bolsos traseiros na cor amarela. No ano seguinte me estreei dentro de um blue jeans. À partir daí fui gradualmente conquistando minha liberdade de escolha das cores e estilos que vestiram minha vida.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Assassina serial

Cinza opaco, o furgão estacionou quase sem ser percebido a cerca de quinhentos metros do local da festa. Cátia K. desceu do veículo e deu alguns passos vagarosos, observando o ambiente. Um pouco longe, analisou, mas assim é melhor, mais discreto, decidiu, enquanto voltava para o automóvel, os longos cabelos negros presos no alto da cabeça. Depois de alguns minutos, saiu do carro uma moça com peruca loira, camisete branca e minissaia jeans.

Balançando os cabelos esticados com escova progressiva, num tom de loiro que contrastava com sua bela pele morena, Cátia K. dirigiu-se à festa. Ao som do axé em altíssimo volume apesar do horário – já passava das duas da manhã –, ela se misturou à multidão que dançava freneticamente, com os braços estendidos, e repetia o refrão da música. No palco, armado sob uma enorme tenda branca, o cantor se esmerava nos gritos, acompanhado de moças vestidas sumariamente, que se movimentavam numa coreografia copiada pelo público.

Misturada à multidão, Cátia K., rebolando, dirigiu-se aos poucos à lateral do palco. Sem ser percebida, logo estava diante da potente aparelhagem de som que sustentava o espetáculo, um verdadeiro aparato. Enquanto observava o local, ouviu o grito do cantor: “Tira o pé do chããããão!”, seguido de um entusiasmado urro coletivo. Sua mão coçou nervosamente o cabo da arma, uma Magnum 45 com silenciador, escondida sob o cós da minissaia, à guisa de coldre. Calma, pensou, você é uma profissional. Há trabalho a fazer.

Recuperada a serenidade, continuou a análise do local. Caminhou por trás do palco observando a quantidade de pessoas que circulavam por ali. Poucas, percebeu. É o momento. Retornou à área do som e permaneceu alguns segundos olhando as enormes caixas. Num relance, Cátia K. sacou a arma e disparou contra a base do amplificador. O ruído do disparo, amortecido pelo silenciador da arma, foi tão insignificante quanto a faísca resultante da detonação. Boas as aulas de eletrônica, celebrou.

Uníssono “oh” de decepção foi a reação da plateia, supresa pelo desaparecimento da música, muitos rapazes e moças ainda com os glúteos para cima, no auge de um movimento da agitada dança. No palco, cantor e dançarinas, atônitos, não sabiam o que fazer. Em volta, técnicos e organizadores corriam, dirigindo-se aos fundos do palco, confusos, em barafunda.

Rapidamente, Cátia K. escondeu seu revólver no cós da roupa, olhou de um lado e de outro, e voltou para a frente do palco, junto à multidão. Logo se perdeu no meio das quinhentas e trinta e nove meninas com camisetes brancas, minissaia jeans, cabelos esticados e tingidos de loiro. Caminhando devagar, fingia estar tão perplexa quanto os outros participantes.

De repente, ouviu-se um chiado eletrônico. Uma voz metálica, parecendo distante, anunciou o uso de som auxiliar, que dava possibilidade de funcionamento do microfone, mas, infelizmente, era impotente para a continuidade do espetáculo, portanto, definitivamente cancelado.

Em meio à decepção generalizada, Cátia K. começou a sair de entre o público, que iniciava um esboço de revolta, com gritos esparsos de “queremos show”. Devagar, ela se foi retirando, olhando ao redor, disfarçadamente, até chegar ao furgão. Lá, vidros fechados, desfazendo-se da incômoda peruca, deu a partida no veículo. Um axé a menos, sorriu, satisfeita.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

dado perdido

Na semana passada adotei o espiritismo. De colete do IBGE, meu crachá com foto, computador de mão e boné, fui atendido por uma pessoa estranha, com um jeito quase inintelegível de falar. Pensei em sair correndo, mas o censo tem que ser feito, fiquei ouvindo o que entendi ser: "não se preocupe, filho, os pretos velhos te amam e vão te proteger." Por sorte um rapaz veio ao meu socorro.
- Ela está incorporada.
- Claro que está. Todos têm que responder ao questionário. Tá todo mundo dentro.
- Ela sempre recebe o Preto Velho.
- Eu não sou assim tão velho.
- É uma entidade do bem, não se assuste.
- Desculpe, o censo é para pessoas, as empresas e entidades vão ser contadas depois. Você pode responder ao questionário.
- Espere um pouco, vou doutrinar o espírito e volto para te atender.
Guardei o computador no bolso. Fiquei no portão, ainda tentando entender do que se tratava. Só entendi quando acordei do desmaio no hospital, horas depois. Na cabeceira da maca meu crachá perfurado e o comuputador de mão com uma bala cravada. Sei, agora, que alguém lá em cima me protege e me manda mensagens. Adotei a crença de modo irreversível.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Belo e estranho dia de amanhã

Belo e estranho dia de amanhã

os políticos amanhecerão sem voz

o outdoor com as letras trocadas

dentro do banco central

o pessoal vai esquecer

como é que assina a própria assinatura

e os taxistas já não sabem que rua pegar

Que belo estranho dia pra se ter alegria

e eu respondo e pergunto: é só o tempo pra gente ficar junto

é só o tempo de eu enlouquecer com você

é só o tempo pra gente ficar junto

é só o tempo de enlouquecer...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

bodas sem fodas

- Pq a gente nunca transou?
- Ué, pq transaria?
- Seilá, a gente se conhece há tanto tempo, faz tanta coisa juntos, nunca brigamos...
- Mas, quando te conheci há 25 anos, vc era casado!
- Só que eu descasei...
- Quando EU já era casada.
- Mas vc descasou...
- E vc, por acaso transa com todo mundo q vc conhece só pq faz tempo q conhece?
- Claro q não, é só pq minha filha perguntou e eu não soube responder...
- kkkkkkkkkkkkkkkkk, sua filha anda querendo saber oq? SE transamos?
- Poisé...
- Vc explicou q trabalhamos juntos e onde se ganha o pão, não se come a carne?
- Trabalhávamos! hoje somos amigos, muito amigos. Não sei pq não transamos...
- Pq a gente não sai por aí transando com amigos... se der errado a gente perde o amigo, né?
- Vc transaria comigo se eu fosse teu inimigo?
- kkkkkkkkkkkkk, talvez, homens e mulheres sempre fazem uma confraternização entre inimigos...
- Segundo clichê. Não transaria comigo?
- Coé? tá querendo comer alguém e eu sou a única na sua lista sem um tick?
- Nem, tem um monte sem tick. É q eu não encontro explicação para vc não querer transar comigo.
- Hum, gostosão!
- Sério, sou feio? sou gordo? sou careca? sou bobo?
- Nada, vc não é feio. Vc não é magro, nem gordo. Eu até prefiro gordos - eles não ficam por aí olhando todas as outras mulheres em volta.
- Saquei, vc é ciumenta.
- Isso, e não suporto aquele pulover tricotado pela sua primeira mulher que nenhuma das últimas três conseguiu jogar fora.
- Caraca! pq toda mulher fala daquele pulover? Gosto dele,pronto.
- Olha, não é vc... sou eu. Eu gosto de caras mais... mais...mais... desconhecidos, sacou?
- Então, não vai rolar mais, pq qdo vc me conheceu eu era casado e vc não suportava me ver com o pulover tricotado pela minha mulher e agora q vc me conhece vc não vai transar pq vc me conhece?!
- Por aí... além do que eu preciso sentir o cheiro do cara, sentir o gosto da língua... e, isso não rola pela web cam, né?
....

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

enquanto o ipê amarelo fulora...

se eu passar hidratante
de baunilha, fico mais gostosa?
será que fico mais comestível
numa "versão cremosa"?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Publicando sem saber escrever

Zé sempre repetia que não sabia escrever, como que para convencer a si própria. Muito embora os amigos a requisitassem para tarefas de escrita, desde cartão de aniversário, abaixo-assinados, aviso ao público, até manifesto para defender a preguiça, repetia que não escrevia bem. Todos discordavam e insistiam que ela se publicasse. Mal sabiam o quanto ela sofria para escrever qualquer coisa. Ainda criança, iniciando-se na alfabetização, sofria, por exemplo, com a caligrafia do próprio nome - Aldizenilda- era um tormento! Frequentemente questionava a mãe o porquê de um nome desses, já que metade do mundo a chamava de Aldi e o outro de Nilda, por que não podia ter um nome de quatro letras, mais simples? A mãe ria e a consolava lembrando que poderia ter sido pior: ela poderia ter recebido o nome de Gumercina Ciberzilda de Albuquerque e teria que lidar com o desenho redondo de quês e gês, de éles e de bês. Para se vingar do mundo, assinava Zé. A ambiguidade do apelido lembrava que ela não se sentia autora daquelas coisas rebuscadas e sofisticadas... "Aos nubentes"... definitivamente, não era ela quem escrevia aquilo, era uma entidade que usava e abusava de suas mãos, de seus dedos, de suas canetas. Ainda que não publicasse o que escrevia, demorava-se na consulta aos dicionários e gramáticas. Porém, adorava listas, tinha mania de listar tudo antes de mais nada: assuntos para um chá de panelas, itens para se ter sempre na despensa, coisas para não se fazer com um homem. Só depois de seu terceiro livro de listas publicado (Mil listas para o dia-a-dia, Listas prête-a-porter, Check List para um século digital)rigorosamente revisados por alguém que sabia escrever de verdade, foi que se sentiu encorajada a listar características, personagens e situações para seu primeiro romance.

aiai eleitoral

meu voto
meio roto
vai para OTTO
meu Boto

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Painel de controle

Dar o boot inicial
Desfazer das concepções caducas
Limpar e desfragmentar o disco
Scanear a memória a procura de phishing
Deletar arquivos que não fazem mais sentido
Liberar espaço
Derrubar o firewall
Configurar novos aplicativos
Exibir logs de eventos
Upload das relações
Donwload de novas perspectivas
Reiniciar
Re-startar a vida

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

a caminho

O polícia faz o sinal. Eita, o que ele quer a esta hora da noite? Affe, é polícia mineira! Hum, essa mania de deixar tudo pra depois! Fez tudo menos a barba! Ele viu foi tua barba. Nada a ver! Documentos do carro? Sim, senhor. O policial coça o queixo, vai pra trás do carro, olha e volta. Seu carro é de Brasília? Sim, senhor, como consta no documento. Mas as iniciais da placa não são! É verdade, o carro veio de fora, mas acabei de licenciar e vistoriar. Com o Detran em greve? Caraca, odeio puliça! Isso, em operação tartaruga, quatro dias de fila. Você tem o documento antigo? Quer coisa pior do que intimidade - me chame de senhor, ora!
Quem precisa andar com documento antigo? Mas o cara saiu do carro, abriu o portamalas, tirou tralha de acampamento, brinquedos, malas de roupas, matula de lanches, tudo pro acostamento. No banco de trás o bebê dá sinais de vida, fazendo caretas. A criança, de joelhos no banco acompanha tudo com olhares e perguntas. Mãe, a gente é bandido? Não filha, é só a barba do seu pai, que parece de bandido. O guarda leva os dois documentos pra cabine. Ta tudo certo? Por que não nos liberou? Polícia Mineira. É sua barba. Que nada, você que implica! Vou continuar brincando de Tetrix paara por tudo de volta. Quer alguma coisa das malas? Uma fralda. O bebê já faz cara de torção, beicinho, ensaia uma demanda!
Volta o guarda, cara de satisfação. Explica: nosso chefe manda emplacar todos os seus carros com as iniciais dele, que são essas. Conferimos, não é carro roubado. Você tem a habilitação? Claro! Aqui.
As crianças reclamam. Muito tempo parados, já começam a pedição. A habilitação está vencida. Qué isso, seu guarda? Vou pegar esse cara! Seguem os homens pra cabine. Decido: não vou dar de mamar pro bebê, quando ele começar a chorar, você leva ele lá dentro da cabine. Fica segurando, eu não vou pegar no colo, tah? Vou ver o que posso fazer pra sair daqui.
Seu Guarda, estou com duas crianças dentro do carro... A habilitação está vencida. Desde quando? De julho. Seu guarda, o pai estava tão envolvido que não teve tempo nem de fazer xixi. Se quiser fazer xixi o banheiro é ali. Vou pegar de porrada e morder a orelha dele! É hoje que eu entro pra lista de cannibal Killers!
Não se trata disso. O que podemos fazer para seguir? Os guardas se entreolham. Vamos ter que apreender o veículo. O que?! E nós ficamos aqui? E, as crianças? Calma.
Eu posso ir dirigindo. Você tem habilitação? Senhora, por favor. Não estou chamando-o de você. Quero cravar meus dentes na jugular do cara. Qual sua profissão? É agora, bato a cabeça dele no vidro e arranco-lhe as calças pelo pescoço!
Vem a menina com o bebê no colo. Quero fazer xixi. Aqui não! Não tem banheiro de meninas. O bebê estende os braços. Então, vou poder sair dirigindo? Vocês estão indo para onde? Pro sul. A senhora vai dirigir todo o tempo? Sim, adoro dirigir. Deixe eu ver sua habilitação. A senhora dirige há quanto tempo? Vou, definitivamente, pegar o cara, fazer suco dele! Desde que tirei a carteira que está na sua mão.
Ih! As chaves do carro da minha mãe! Eu trouxe a chave do carro da minha mãe! Caraca, tem um telefone? Vou ligar a cobrar e avisar para ela! Ela deve ter uma sobressalente. Claro, no meio das tralhas que ela coleciona há 50 anos! Não vai saber onde está. Ligo, aviso, ela diz para eu ficar tranqüila, não pretende sair de casa. Por que o bebê está chorando, onde vocês estão? Não explico agora. No caminho. Vou trocar o bebê. Dá licença, posso trocar o bebê na sua mesa?
O guarda nos libera. Vou avisar no sistema, hein? A rodoviária vai parar se ele estiver dirigindo e não terá mais jeito, carro detido! Odeio sistemas, quero explodir o sistema! Abaixo o sistema decimal, o binário,o capitalista, o nervoso e o digestivo!
No carro: foi a barba. Nada, puliça mineira. Amanhã você faz essa barba! Depois que a gente tiver mandado a chave da sua mãe.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Isabel Allende

Há alguns escritores cujas obras tu adoras, mas quando os ouves falar, a simpatia diminui sensivelmente? Comigo já aconteceu. Adélia Prado é um exemplo. Eita mulher chata!

Com Isabel Allende foi o contrário - se já gostava do que ela escreve, agora tenho certeza de que bons livros não precisam ser feitos por gente enfadonha e podem - sim - vender muito. Isabel é boa de papo que só. Pude conferir isso na Flip desse ano, que terminou ontem. A chilena tem uma virtude que admiro - a capacidade de fazer piada de si mesma. Em certo momento, Humberto Werneck, que conduzia a conversa, perguntou a ela se algum erro já havia passado despercebido e fora publicado em algum de seus livros: "Sim, sim. Um personagem, que perdeu uma perna em um livro, reapareceu com as duas pernas na obra seguinte. Realmente esqueci que eu tinha lhe cortado uma perna. Um crítico na Espanha disse que era o 'realismo mágico'".

Entre outras coisas, falou sobre o trabalho do escritor, dizendo que não há como ser um apenas escrevendo por hobby. "Certa vez, já depois de ter publicado alguns livros, estava em uma festa e um senhor puxou conversa comigo: 'O que você faz?', 'Sou escritora', 'E o que você escreve?', 'Romances', 'Ah, quando eu me aposentar, vou escrever romances', 'E o senhor? O que faz?', 'Sou dentista', 'Ah, quando eu me aposentar, vou arrancar dentes'. Escrever não é arrancar dentes. Escrever é uma paixão".

E para quem quiser ouvir algo mais sobre paixão, recomendo assistir isso aqui: http://www.ted.com/talks/lang/por_br/isabel_allende_tells_tales_of_passion.html

sexta-feira, 30 de julho de 2010

perspectivas pro findesemana a várias mões (Valéria , Lídia e Carla)

Casais celebrando uniões;
amigos queridos enchendo aviões;
armários repletos de falta de organizações;
filmes e culinárias de glutões;
casas para passeios, sem colchões;

contagem regressiva para depósito dos patrões.

casais repletos de organizações
amigos enchendo colchões
filmes celebrando aviões

contagem regressiva para passeios com glutões


filme 'filosofando' uniões
casas sem patrões
amigos nas organizações

contagem regressiva para casais nos colchões

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Adjunto(s) Adnominal(is) (?!)

A Leveza da Lidia.
A Alegria da Tiça.
A Altiveza da Pat.
A Coragem da Dani.
A Lealdade de Camila.
A Bondade da Monia.
O Amor de Kátia.
A Cumplicidade de Dayvison.
A Douçura da Drica.
A Companhia da Naná.
A Compaixão de Carmilva.
A Justiça do Armando.
A Franqueza do meu Pai.
A Simpatia de minha Mãe.
A Acidez do Marco.
A Musicalidade da Raquel.
A Transparência do Luís.
A Volúpia da Val.
A Eloquência da Ana.
A Lucidez da Piti.
A Espontaneidade do Lúcio.
A Determinação da Jaana.
A Poesia da Caetana.
A Elegância do Felipe.
A Simplicidade da Silvia.
A Organização da Bianca.
O Romantismo da Mari.
A Serenidade da Milena.
A Criatividade da Mi Fabri.
A Revolução da Raq.
A minha Perseverança.
E as Incertezas de Todos.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

SINA


Desde pequena ela sabia que não ia ficar ali para sempre. Ao ver a mãe agachada na beira do rio, lavando roupa e o pai, bêbado, chumbado da lida na roça - pensava que tinha nascido no século errado, no meio errado - gente grossa, grudada na terra - dizia. O estudo seria sua saída, pensava - não seria escrava. A marca que trazia do acidente com óleo quente na pele lhe informava que ela era uma sobrevivente, uma forte que não seria pega facilmente, poderia seguir até onde quisesse chegar. Quando embarcou para Brasília, com a promessa de um emprego no banco onde os amigos tinham passado num concurso, achou que não ia mais atravessar o rio verde de volta. Realmente, só o fez para enterrar os pais. Na cidade moderna promoveu-se à semi-escrava entre máquinas elétricas. Os salários, insuficientes, a obrigavam a morar em troca dos serviços - que fazia como se estivesse brincando de casinha - nas casas dos outros. De dia, trabalhos com contabilidade (sabia contar bem, crescera contando o tempo de ir-se embora, contando os trocados miúdos economizados para pagar sua alforria da família). De noite cursos, livros e uma cachacinha para aplacar a fome. Foi na faculdade de direito que conheceu o pai do primeiro filho. Professor seduzente, cuja acusação de prostituta não amoleceu o juiz, quando o menino já era mais do que a cara do pai. Difícil negar um DNA,o processo longo serviu para o menino resolver não ser daquela laia. Abandonou Brasília para não ter que abandonar o filho a quem dava tudo o que tinha e mais o que podia buscar com o olhar. O pai do segundo filho a encontrou operária de uma facção, costurando incansavelmente para montar o pequeno capital do seu primeiro negócio próprio. Àquele motorista de caminhão, sem educação, sem jeito para o trato social, nunca precisou pedir pensão, nem ajuda. Ele comparecia todos os meses com quantia suficiente para a comida, a roupa e uns mimos – mesmo ciente que ela crescia nos negócios e, já patroa, fazia até fortuna. Nada fino, era um nobre. Um dia, avisou que não viria mais para os carinhos que a aliviavam da labuta – tinha encontrado o amor de sua vida e estava resolvido a dedicar-se. Ela aceitou. Nunca encontrou seu amor, mas não se negara aos encontros casuais para o sexo. Na beira da cama, recordava-se de tudo isso em flashes preto e branco. Em slow-motion, via-se nos braços do cara da noite passada, no forró, entrando em casa, fazendo amor bruto. Na cômoda o dinheiro deixado por ele, provavelmente antes mesmo do dia amanhecer. Com esse gesto, insinuava o mesmo que o outro a chamara na frente do juiz. Suspirou, levantou-se, penteou-se, maquiou-se, vestiu-se de crepe de seda, abotoou o colar de pérolas em volta do pescoço, vestiu o diamante no dedo anelar, calçou o salto de pelica e saiu, decidida a distribuir uns trocados para os meninos da feira.

terça-feira, 27 de julho de 2010

noite passada


sonhei com chuva
água no lombo
camisa molhada
barulho no telhado
cabelo escorrendo
pé na lama
lágrimas do céu

segunda-feira, 26 de julho de 2010

a pública não é privada!

Ainda reluto em concordar que a escola privada é melhor do que a pública. acredito que os resultados do ENEM, por exemplo, mostram apenas que os instrumentos de avaliação continuam favorecendo a elite no Brasil. Aquelas escolas de elite que não atendem nas áreas rurais, que não atendem deficientes mentais, nem cegos, nem surdos, nem mudos, nem índios, nem pobres, nem indisciplinados, é a melhor? Aquela escola capitalista que cobra valores que garantam o "lucro do patrão", e pagam o salário de mercado para seus trabalhadores, e selecionam por testes - ou seja, só quem sabe é que entra, é a melhor? A pública vai perder sempre nessa disputa por medalha de elite. Exceto as federais, que aliás, selecionam alunos, recebem mais do que o aluno-ano que as estaduais e as municipais recebem, têm carreira de professor universitário e de servidor de universidade para seus trabalhadores. Os resultados mostram, claramente que isso faz diferença. O Enem é um indicador de que os investimentos em educação continuam favorecendo quem já tem, e ocultando as necessidades daqueles alunos que não têm ginásio coberto, laboratórios equipados funcionando com orientadores capacitados, de professores que trabalham além das horas para dar conta de sala de aula e gestão - além da própria formação, de todos os que não têm transporte público passando nem por perto da escola - ou que têm, mas tão absurdamente indignos de cidadania, que não têm cidadania. A escola pública tem que dar conta de tudo isso: currículo, cidadania, educação para o que ainda nem existe. Tenho dó, pena mesmo, da senhora mendicativa escola pública, que nunca srá reconhecida pela sua generosidade, pelo seu trabalho exaustivo, pelo tanto que faz- por mais que faça!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

tatoo do mal!


Enquanto eu penso se faço ou não uma tatuagem, Israel decide libertar mil palestinos em troca de um israelense; o governo federal manda alguns milhões para recuperar cidades devastadas pela inundação no nordeste; a CBF despede o Dunga; o Palmeiras contrata o Felipão; Lou Reed decide não vir mais pra Parati, no FLIP. Mas onde, me pergunto? No Rio de Janeiro mais um menino atingido por bala perdida em sala de aula; no trânsito o que corresponde a um avião de gente morre por acidente; um navio turco de ajuda à Gaza atraca no Egito, uma bomba explode numa mesquita no Irã, jorra óleo em consequência do vazamento de um poço no pacífico, no maior desastre ecológico registrado neste século. E qual seria o motivo? Uma mulher morta por exigir pensão ao famoso goleiro; um cara assassina a mãe porque ela pediu para abaixar o som da tevê e concreta o corpo na parede; alguém compra uma jobulani por 74 milhões de dólares para sua coleção de bolas da copa; um padre é suspenso por pedofilia.
Disco o número do cartão.
- Panda, decidi. Hoje mesmo, pode ser? No ombro esquerdo. Um coração bem fofinho, tipo pêssego maduro, com uma faixa no estilo old school e um punhal cravado com sanguinho na ponta. Dizeres? Ah, sim, você pode escrever: MUNDO CRUEL.

terça-feira, 13 de julho de 2010

vem e vai

Ela vem e enche o ambiente de charme. Me conta das coisas que faz e das que não faz "não tenho feito muito ultimamente". Faz cada coisa interessante! Movimenta o partido, redige, revisa, alimenta o site, olha pela janela e considera o mundo, salva a própria vida nas torrentes que sangram pedras. Com a família tem sempre um papo, um carinho trocado, umplano a ser colocado em prática. Conhece gente diferente, fala abertamente com estranhos, conhece seus lugares e reconhece seus sotaques. com ela rola paquera, transa, gente na internet, postais. Sorri redondo com todos os dentes, sincera, gostosa. Sempre um algo a mais para eu pensar, para procurar. Sempre uma canção cantada, comentada, lembrada, uma piada, uma anedota popular. Depois me diz que falta, que não é aquilo que ela queria, que não tava bom... queria mais, queria melhor. É assim que se faz, mais e melhor. Aí se vai, deixando em mim a vontade de um dia ser assim, grandiosa.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ainda

Ainda não fui à Índia. Ainda não sentei à mesa com os deuses do Olimpo. Ainda não fumei baseado. Ainda não fiz doutorado. Ainda não fiz sexo grupal. Ainda não li a bula papal. Ainda não fui ao Maracanã. Ainda não vi Chico e Caetano ao vivo. Ainda não vi o Carnaval nas arquibancadas da Sapucaí. Ainda não hablo espanhol. Ainda não aprendi árabe. Ainda não voei de asa delta. Ainda não pulei de pára-quedas. Ainda não li Memórias do Cárcere. Ainda não fui à Foz do Iguaçú. Ainda não conheço Salvador. Ainda não terminei o desenho à carvão. Ainda não fiz aquarela. Ainda não sei andar de bicicleta. Ainda não corri de kart. Ainda não sei tango. Ainda não fiz uma tatuagem. Ainda não pintei o cabelo de vermelho. Ainda não parei de sentir saudades do que não vivi. Ainda não parei de rodopiar. Ainda não parei de dançar.

'Parodiando' Lidita - "Para o 'eu, hein?'"

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Para o "eu, hein?"


não nasci na bahia. não vim pra brasília porque meu pai era militar. não conheço alguns membros da minha família. não conheço bem alguns membros do meu corpo. não li crime e castigo. não sei dirigir. não corro no eixão. não entro nos eixos. não dou crédito aos problemas. nunca fui a europa. não prendo o nariz pra mergulhar. não falo ‘você’. não gosto de filme de ficção científica. não acho pelé melhor que maradona. não quis ir a disney quando fiz 15 anos. não sou mãe. minha mãe não é a melhor do mundo. nunca atirei em ninguém. não gosto de segurar jornal. não desfilei no sete de setembro. não jogo tênis. não me responsabilizo pelo que digo, nem pelo que dizem de mim. não sei diferenciar chapinha de alisamento. não pinto as unhas. não tenho unhas. nunca ganhei prêmio nenhum. não quero rir do que ninguém ri. não faço teatro. não comparo preços. não ponho preço em ninguém. não gosto que estranhos me cutuquem enquanto falam comigo. não fui cara-pintada. não seqüestrei embaixador. não me lembro da morte do tancredo. não como rúcula nem sob tortura. nunca pedi um autógrafo. não sei pra onde estamos indo. não vou sozinha. não rezo pedindo nada. não esqueço cheiros. não perco amigos. não acumulo milhas. não sei como entrar pro guinness. não tenho tatuagem. não acho cool ser triste. não sinto saudades do que não vivi. não descobri o que o mundo quer de mim. nunca encontrei nicolas behr numa esquina de brasília.

- parodiando "POETA MARGINAL? EU, HEIN? " de Nicolas Behr

terça-feira, 29 de junho de 2010

1ª pessoa

Fui àquela festa. Conheci alguém que fez um comentário inédito para mim: “Você fala pronunciando todas as sílabas.” Fiquei muda, não sabia o que dizer. Nunca tinha levado uma cantada lingüística! O cara continuou falando sobre suas observações a respeito da minha fala: entonação, pronúncia de “s”, do “r”, expressões de linguagem regional... Enfim, veio a eterna pergunta: “De onde você é?” Essa, sem dúvida, a mais difícil de responder. Já aprendi que não devo responder que não sou de nenhuma cidade, ninguém entende. As cidades é que são minhas, quando eu as quero para mim. As pessoas reagem com ciúmes quando digo isso. Elas querem as cidades só para elas. Não sou de onde nasci, que, aliás, nunca vi. Nasci de uma mãe andarilhante, que não era de onde veio, nem de onde estava. Nasci num lugar, fui registrada em outro. Nenhum lugar me viu crescer, cresci no caminho. Não vivi em nenhum lugar, os lugares onde estive é que vivem em mim, nas minhas lembranças. Falo as línguas que me são faladas, pronuncio como me é pronunciado.
O cara fez cara de que entendeu, com todas as letras.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Maudernidades

Tem aqueles dias em que você não quer se abater, né? O cara tava no dormindo no aeroporto havia uns três dias. Mas, tava de boa. Família, bagagem pelo chão, banho na pia do banheiro, lanchonete sem pão de queijo, senha para fila de embarcar. Nada que tirasse alguém realmente do sério, afinal um vulcão pode entrar mesmo em erupção a qualquer momento, isso é normal, ele dizia! Somos modernos, repetia, temos espaço aéreo! Era absolutamente compreensível que, eventualmente, o espaço aéreo tivesse que ser cedido para uma intempérie, explicava o bonachão. A Natureza não entende dessas coisas de voar de avião e chegar na hora marcada. A Natureza é eterna, não tem sábado, domingo... Daí ele se deu conta: DOMINGO!!! Dia da final do campeonato!!! Decisão do Botafogo!! Caraca!!! Corre pro terminal onde o filho se instalou, aos berros tira o filho do game e acha o link pra ver a transmissão, vibra com essa coisa de tecnologia. Esfrega as mãos e, de repente, se lembra: o chapéu! Filho fica. Atravessa o saguão pulando sobre alemães, espanhóis, ingleses, turcos e chineses em fúria. Pô, já não basta a confusão, ainda vem um maluco esbarrando? -Mulher, cadê o chapéu do fogão? - Que fogão? a gente não trouxe a cozinha! - Não me provoca, meu chapéu da sorte! Hoje tem final! - Cara, acho que despachei os trapos na mala grande, só fiquei com o que a gente ir ter coragem de usar em público! - Não sacaneia, você sabe que o botafogo só ganha quando eu visto o chapéu da sorte! - Muito me admira você, Paulinho! Diz que não acredita em Deus, mas acredita num chapéu! -Paulinho, não! Paulão! Jogão! Finalzão! Fogão! De-ci-são! - Mãe, chapéu tem barba quinem deus? O cara olha pra filhinha rosada e bochechuda, brincando no chão de mármore, pensa que ela é lindinha como o papai, mas tinha que ter puxado a inteligência da mãe? De repente a visão! A estrelinha negra na cabeça do ursinho de pelúcia!! AH, isso é que é vida! Chapéu na cabeça, volta ouvindo os xingamentos em todas as línguas e fica na frente do monitor pra comemorar mais um título! A mulher, entre sem graça e afoita, se dá ao trabalho de explicar meio em inglês, meio em espanhol, com toques de francês- italianado, que aquele cara rebolando, arrebitando a pança, chacoalhando os ombros, levantando e abaixando os braços é um nativo de uma tribo sulamericana que está ensinado um rito para o filho, na esperança de fazer mover os ventos. Horas depois, liberados os vôos, a aeromoça pousa sobre a barriga do senhor com sorriso de criança, o chapeú que lhe caíra das mãos enquanto dormia, extenuado, ao lado da família a caminho de uma terra sem viulcões, sem terremotos, sem tsunamis e com o melhor futebol do mundo! Êta, dancinha poderosa!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Pesadelos


Da série Confissões

Normalmente, não sonho. Dizem que se sonha todos os dias, mas nem sempre restam lembranças. Não sei. Acho que sonho pouco. Dos sonhos bonitos, lembro alguns. Há os emocionantes, também. O que não esqueço são os pesadelos. Por que é que a gente tem de lembrar mais o que é ruim?

Com o trânsito, por exemplo, tenho pesadelos constantes. Vejo-me dirigindo, agarrada ao volante, perseguida por outros carros em alta velocidade. Só sei que tenho de pisar fundo e fugir. Parece aquele jogo de videogame que simula uma pista de corrida. Tenho horror àquilo, não jogo nem sob tortura. Acordo assustada e, de vez em quando, tenho a mesma sensação quando estou na rua de verdade.

Outro pesadelo é acordar no meio da noite achando que estou deitada em água. Desperto apalpando o colchão. Comecei a ter esse sonho desde que me mudei para Natal. Talvez porque nunca tenha visto tanta umidade na minha vida. Sou bicho de cerrado, terra seca. O inverno aqui é de chuva por três ou quatro meses. Então, às vezes tenho esse sonho: estou de novo no porão da Polícia Federal, onde fiquei presa por 24 horas, numa cela com uma cama de alvenaria, contígua à parede e pintada com tinta a óleo.

Sem cobertura, colchonete ou manta, era fria como o diabo. Com o chão inundado, o que esfriava ainda mais o ambiente, passei a noite sobre a tal cama de tijolo, acocorada, com medo de pôr os pés no chão por conta dos insetos que infestavam o local. Pois eu acordo com a impressão de que estou naquela celinha alagada. Tenho de tatear ao redor até perceber que estou na minha cama, seca e limpa.

Mas o pior de todos os sonhos é com insetos. Especificamente baratas. Tenho fobia a esse bicho. Aliás, horror a qualquer bicho, mas essa coisa pré-histórica é de arrepiar, de se jogar pela janela. Por conta desse maldito animal, nem consegui ler direito A Metamorfose, do Kafka. Eu começava a leitura e tinha engulhos, foi uma dificuldade. Nos meus pesadelos, vou à cozinha ou a outro cômodo da casa e encontro uma barata imensa. E ela, parada, começa a crescer até ficar do tamanho de um urso. É de acordar gritando.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Por um dia
queria
que todos acordassem
e estivessem falando
em português,
só um cadinho.
E para abusar
poderiam cantarolar
uma música da terrinha.

Só mesmo as aulas de francês
para relembrar o gênero, o número e o grau.
Eita, banzo!
Um ano e um mês!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Boa e má novas,

Boa: boíssima pra mim, vimos, eu e Piti, Jhonny Winter, acabadinho que só, em Ceilândia. Valéria entende (Ferrock)? Caetana entende? Quem?
Má: maíssima pra mim, morreu Ronnie James Dio. Lídia, Carlinha lá dos confins, entendem? Caetana, mais uma vez?
Aproveito pra provocar: como vão seus ídolos? Anas Claudias fora, quem/quais são seus ídolos?

PS: EU TENHO A SENHAAAAAAAA!
(Rinoceros, ontem)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pisando nos próprios calcanhares

Eram os sapatos, tenho certeza. A cor marrom-chocolate, ou o bico meio Mary Poppins. As crianças se sentiam atraídas, se aproximavam, ficavam por perto. Foram os sapatos que me trouxeram as crianças. Do alto dos saltos eu me fazia palhaça, amarrada nos cadarços, me achando no topo do mundo. Depois veio um cara. Por medidas econômicas, se instalou na minha casa. Encheu tudo de verniz. Arrasta as sandálias de prata, arrasta sem parar. E, então, eu me achava feliz. Daí vieram as havaianas. Subi nas tamancas. Saí descalça. Foram-se os sapatos, ficaram os caminhos. Tomei meu rumo. Eu era outra. Outra vez.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Não sei dizer quando foi que a menina me apareceu. No abacateiro que vejo da minha janela, ela ficava pendurada. As pernas balançando, os olhos pra lá e pra cá, o sorriso aberto. Eu tentava imaginar o que ela imaginava, tentava adivinhar o que fazia seu sorriso se abrir. Tão grande. Mas ela não respondia o que eu não perguntava.
Quando ela sumia, alguma coisa ficava na minha janela. Uma foto. Uma flor. Uma faca suja de cobertura de bolo. Eu não me incomodava de limpar, de guardar as coisas. O que me incomodava era não tê-la por perto, não ver os abacates escapando de suas mãos, não registrar o seu riso pra poder levar comigo em mais um dia.
A menina era uma lembrança, uma conquista, uma página virada e um desafio. A menina era a menina e era eu. Não sei dizer quando desapareci.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Eu vou voltar pra Cantareira

Cidadãs do mundo e cidadãos infiltrados: Glauco hoje morreu, ou melhor, foi matado. Acompanhando hoje as notícias pela internet, notei como a repercussão em BSB foi praticamente nula, enquanto a parte que eu gosto de Sampa chorava sem freios. Engraçado isso, Arruda preso pra paulista é curiosidade, aqui é o destino das nossas vidas, ou algo do tipo.


São fatos distintos, ainda mais que o caso Glauco parece ter desdobramentos místicos. Não conhecia essa faceta dele, de missionário do Daime ou algo similar. Para mim ele tinha a cara do Geraldão, assim como o Laerte e o Angeli eram a cara de seus personagens, muitas vezes anônimos. Conheci, portanto, o artista, não o homem.


Artista? Conversávamos, eu e a Piti, há pouco, “como pode um cara desses fundar uma igreja”? Mesmo o anti-desenho dele parecia querer negar qualquer pretensão à arte. Quando soube que ele tinha sido vítima de uma “tentativa de assalto”, achei irônico, como se ele tivesse sido morto pelo Faquinha, um dos seus últimos personagens.


Faquinha era um moleque de rua, cheirador de cola e outros trecos, vendia orégano pra plaiyboizada, assaltava de trabucão em mãos, essas coisas. Era como se o Glauco tivesse encontrado o Faquinha cara a cara e, “mano, sem perdão”, tá ligado?! Mas parece que a coisa é mais complexa, a vítima conhecia o carrasco – sem contar que o filho de Glauco, anônimo frente à pouca expressividade do pai, também dançou.


Sem conclusões, sem moralismos, cada qual com seu Daime, afinal. Mas o que eu queria dizer é que a morte do quase anônimo cartunista (pelo menos para os brasilienses, às voltas com questões mais graves), me tocou. “Tocou”, só? Acho que sim, tenho especulado, achado que a morte das pessoas, as mais próximas, nos choca principalmente porque fala da nossa própria morte.


E vocês, conheceram o Glauco?

(Assinado: Rinoceronte pulando a cerca.)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Mostra de filme japonês "Cool Japan" no CCBB

(Always – Sanchome no yuhi, Japão, 2005)
Centro Cultural Banco do Brasil

13 anos após o fim da 2ª Guerra Mundial, um grupo de moradores de uma pequena vila no centro de Tóquio leva suas vidas de maneira simples, tendo a construção da Tokyo Tower e a modernização da capital do Japão como pano de fundo para tragédias pessoais que formam o enredo desse belo filme. A chegada de itens de consumo como a Coca Cola, a Televisão e outros eletrodomésticos são abordados de forma poética, como na cena em que todos os vizinhos da rua se reúnem na oficina do Sr. Suzuki para assistir, pela primeira vez, a uma transmissão de tv, por acaso, um torneio de luta-livre. Quem viveu os anos 60, como eu, em vilas no interior do Brasil, vai, certamente, relembrar momentos idênticos.
O filme começa com a chegada da jovem Mutsuko à cidade, atraída por um anúncio de emprego feito pela “Empresa de Automóveis Sukuki”. Mas a jovem tem suas expectativas frustradas ao perceber que a tal empresa era, na verdade, a oficina de carros do Sr. Norifumi Suzuki, nem por isso deixa de representar a esperança de prosperidade dos novos tempos. Em frente à oficina, há uma pequena papelaria de propriedade do escritor e professor de Literatura Chagasawa Ryunosuke, que passa os dias escrevendo revistas em quadrinhos e participando, sem sucesso, de diversos concursos de literatura. Todas as noites, os homens da pequena vila reúnem-se na bodega da bela Hiromi Ishizaki, uma ex-dançarina que atende a todos com atenção, alegria e um toque de flerte, por quem o escritor Ryunosuke é apaixonado. Hiromi é uma bela mulher que, é surpreendida por uma criança abandonada por uma ex colega de profissão . É o pequeno Junosuke , um menino de 7 anos, tímido e franzino. Hiromi não tem condições de cuidar de Jun, então pede que Chagasawa o leve para viver em sua pequena e desorganizada papelaria. O escritor reluta, mas aceita a missão para impressionar Hiromi. Aos poucos, uma relação de carinho e aprendizado mútuos faz com que o escritor crie um amor paternal pelo pequeno Jun. Um dos pontos altos da trama acontece quando, a pedido de Chegasawa, o Dr. Takuma – um médico que é chamado por “Dr. Diabo” pelas crianças da vila – veste-se de Papai Noel para entregar um presente ao menino. Após uma bebedeira, Takuma volta para sua casa e é recebido carinhosamente por sua esposa e sua pequena filha. Infelizmente, tudo não passa de um sonho, interrompido por um policial que encontra Dr. Takuma caído na rua. Na verdade, o médico havia perdido esposa e filha na guerra.
O filme termina com a ida de Mutsuko de férias à sua terra, e com a Torre de Tóquio já totalmente erguida, anunciando novos tempos num Japão que respirava ares de prosperidade.
Merecedor de muitos prêmios pela fotografia, pela música, pelo roteiro e argumento, o filme encanta por retratar com sensibilidade e humor a realidade dramática do cotidiano pós guerra.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sonho

Finalmente o cara lembrava claramente de um sonho. Quase um ano depois de iniciada a psicanálise, trezentas e trinta sessões depois daquela em que a analista recomendou-lhe escrever o que sonhava, ele se lembrava claramente de um sonho! Já estava começando a ficar deprimido com a incompetência da própria memória. De primeiro achou que era incapaz de sonhar, depois reparou que sonhava, sim, pois os sonhos foram ficando intensos, mas sempre confusos. No entanto, nunca se lembrava deles quando acordava e a analista na pressão. Chegou a brigar com ela, pô! Estava na análise por pressão da mulher, que impôs essa condição para voltar com ele, depois de uma separação em que ele tentou comer todo mundo mas, sabeláoque deu nessa mulherada de hoje, só conseguiu ouvir coisas do tipo" você até é bonitinho mas, uma mulher bêbada, como eu, vale por dez, já um homem bêbado, do jeito que você está, não vale nada!" Maldito feminismo! Acabou voltando com a ex sem ter comido ninguém nos seis meses de "soltura". Vá lá, acabou fazendo análise com aquela gostosa que fazia questão de usar só saias e se limitava a perguntar: " e o que você pensa disso?" não fosse efetivamente ter parado de beber já teria largado a terapia... e, agora, comemorava, louco para contar e perguntar o que ela achava disso. Afinal, lembrava-se claramente de ter sonhado com um outdoor verde, com letras garrafais, onde se lia: " A PELE PEIDA".

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

poeminha besta procurando nome


gargalho


e o meu riso
então
é cheio do teu corpo

e nele fica.


e a cada momento em que teu corpo te chamar
lá vai estar, lá sentirás
a minha mão
pelas tuas costas deslizando
como uma lembrança líquida
deslizando.

uma memória nova,
viva e desprendida

uma memória
que cria pernas e sai por aí
quando, a distância,
o riso lhe sopra mais uma vez.


chove sempre sobre mim

diálogos (im)possíveis II - Jaana e o deverzinho

eu: oie, xuxu
tudo bem?
jaanafernandes: oooiiii
tudoooo
fazendo tarefa de casa, acredita :(
eu: acredito
rs rs rs
jaanafernandes: 3:48 da madruga :P
eu: caralho
jaanafernandes: quer me ajudar?
eu: 'bora
diga aí o que é
rs rs
quando é que tu vais arranjar um tempo
pra atualizar aquela porcaria de blog??
jaanafernandes: afff
vou terceirizar o serviço!
faz isso pra mim
eu: kkkkkkkkkkkkkkk
jaanafernandes: eu te conto tudo mesmo... tu pode só escrever e colocar lá
haha
eu: tá... então vai contando aí
jaanafernandes: por telefoneeeeee
agora tenho que terminar meu deverzinho..
tenho que postar no blog do curso ontem
mas como eu não dormi ainda, ontem é hoje
eu: e o quintal? nunca mais entrou?
jaanafernandes: vou postar esse dever que tô fazendo agora no meu blog tb, hahaha, e no quintal
eu: nem viu o boneco de neve da carlinha?
jaanafernandes: hahahaha
vou ver, hahah
eu: rs sr sr ss
jaanafernandes: xuxu!!!
eu: quanto? quanto?
rs rs
jaanafernandes: quanto o que, mulher?
eu: não viu a mensagem que coloquei?
do lado do meu nome
jaanafernandes: que mensagem?
eu: rs
jaanafernandes: é que tô usando o chat fora do meu email...
eu: peraí que vou copiar
"Jaana quer terceirizar serviço... vou ganhar quanto pra escrever no blog da doutora??"
jaanafernandes: hahahahahhahahahahahahhahahahha
vai ganhar trabalho!
eu: e dor de cabeça
kkkkkkkkkkkkk
jaanafernandes: nada de pagamento em dolar, hehe
eu: pode ser em real mesmo
tem problema não
jaanafernandes: qual é o oposto de virtude???
vício???
eu: pode ser
mas não necessariamente
jaanafernandes: afff
vou otar qquer coisa aqui
eu: otar?
desaprendeu português já?
Enviado às 10:10 de terça-feira
jaanafernandes: hahahah
ei, vou dormir
BEIJÃO!!!!
eu: kkkkkkkkkkkkk
boa noite!
beijoca
jaanafernandes: bom dia, haha

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

diálogos (im)possíveis

eu: e aí, pessoa?!
feliz ano novo, né?
Valeria: feliz, né?
eu: tudo tranquilo?
Valeria: normal. fez boa viagem?
lembra da cylene?
eu: caetana me contou
ainda tá na uti?
Valeria: semi-intensiva agora
a irmã médica acompanhando
já se alimentando
eu: cara, ela ficou mesmo 4 dias em casa?
apagada?
Valeria: foi
eu: caraca
Valeria: não sei quem encontrou
eu: baiana arretada
se fosse eu
tinha morrido no primeiro dia
rs
Valeria: kkkkkkkkkkkkkk
é a segunda q tenho notícias assim neste meês
a outra foi uma colega da faculdade
a família viajou
a faxineira achou três dias depois
não podemos esquecer de manter faxineiras
eu: kkkkkkkkkkk
Valeria: sério
meu pai teve um troço desses numa noite
ficou ao relento até o jardineiro chegar no outro dia
eu: se o jardineiro não chegasse
logo o jardim estaria bem adubado
kkkkkkkkkkk
Valeria: kkkkkkkkkkk
eu: kkkkkkkk
Valeria: a gente se vê sábado na bianca?
eu: acho que sim
o troca-troca da bianca
podia não ser de roupa, né?
rs rs rs r
Valeria: kkkkkkkkkkkkkkk
podemos trocar de ar, né?
te dou minha cota de gás carbônico
só não quero enxofre de volta
kkkkkkkkkkkk
eu: kkkkkkkkkkkkkkk
podia ser de homem
ou algo parecido
Valeria: ai eu fico em desvantagem, né?
o que eu poderia oferecer? só conheço banana
eu: kkkkkkkkkkkkkkk
ofereça o miguel
pro futuro
Valeria: 1/6 de homem
eu: "quem poupa, tem"
Valeria: eu não poupei nenhum
esfolei todos
eu: kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
kkkkkkkkkkkkkkkkk
eu esfolo tb
mas depois faço carinho
Enviado às 17:02 de quinta-feira
eu: "Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex-ministro."
nelson rodrigues
...vou mandar essa pro haddad no final do ano
rs rs rr ss
Valeria: kkkkkkkkkkkkkkkkkk
vou nessa
tem fila no laboratório
eu: beleza
Valeria: a gente se vê
eu: acho que vou colar essa conversa no quintal
rs srr s
o que achas?
Valeria: rs
pagando o depósito de direito autoral...
kkkkkkkkkkkk
eu: afffffffffee
declinarei
rsrsrs rs rs

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

My first Snowman - o filme (kkkk)

Lembrei sabe de quem?


My first Snowman


Estava eu cá na(s) Inglaterra(s), estudando o idioma da terrinha e vez e outra olhava para o quintal de casa transformado pela paisagem branca.

A alvura da neve dava um sentimento de vazio no meu quintal.

Daí tive uma ideia, ou melhor, agi!! Coloquei botas, casaco, boina e cachecol e lá fui eu, sem me importar com o zero grau Celsius, construir o meu primeiro boneco de neve.

Mesmo sob uma snowfall eu estava a me empenhar com uma pá pequena de plástico na modelagem do gelo. Com o trabalho nem senti frio.

Bem, graças as correntes frias vindas da Escandinava e da Rússia criei meu bonequinho bunitinho, com direito a chapéu de vaso, nariz de cenoura e braços de galhos.

Voilá! Pari meu snowman! Criei meu Frank!