terça-feira, 31 de maio de 2011

apenas uma observação

Se minha vida fosse só um pouco parecida com meus sonhos, já não estaria viva, mas teria muita história para contar no lado de lá...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Meias, para que as quero inteiras....

Durante muito tempo, costumava deitar-me cedo e de meias. Não havia nada que eu pudesse fazer contra os cuidados maternos que recomendavam também um copo de leite morno, já na cama. O gosto do leite substituía o mentolado da pasta de escovar os dentes, contrariando as recomendações odontológicas que só foram surgir muito tempo depois que a tevê tomou nosso jantar. Fora de casa o frio ocupava o espaço que antes era dos corpos de crianças agitadas, recolhidas sempre à mesma hora para o calor dos lares (ou castigava aqueles que não tinham onde se proteger das intempéries – mas esses não eram vistos...). Talvez minha mãe tivesse outro propósito psicológico e pedagogicamente mais adequado para o uso de meias, fato é que até hoje calço meias se quero me sentir segura de que as monstruosidades do mundo não me alcançarão. Enquanto, numa reunião, o chefe se esmera em impropérios para nos fazer crer que somos a corja mais incompetente do mundo, me flagro pensando que, pelo menos, minhas meias são fofinhas e coloridas, e me concentro no desenho delas. Os desenhos e as cores de minhas meias me mantêm longe das calosidades do emprego. Na primeira vez que me permiti ir mais longe do que o sofá na intimidade com um namorado, lá estava eu, de meias, como se isso fosse evitar gravidez, doenças sexualmente transmissíveis ou a simples dor de não ser o que era: prazer. Lembro disso agora, no meio de uma madrugada em que me assola o desejo de fazer um balanço desta vida, já quase cinquentenária. Balanço inútil, uma vez que já não há mais nada a fazer. Ninguém muda o passado. Não tenho mais como pedir sal e limão para temperar os momentos insossos, nem gelo para preencher os vazios que ficaram no meu coração como resultado das noites que passei em vão, estudando e trabalhando para fazer um mundo melhor calçado.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

poema de mi professor

MEMORIAS DEL ALTIPLANO
Alfonso Hernández Torres

Despierto
y me quedo con la luz rosada
reflejada sobre los edificios
y el mes de abril
con su renovación y sus cambios.

Conduzco
sobre la línea del asfalto
en el camino sistemático
de todas las mañanas
avances y frenadas, hasta llegar.

Respiro
el aire del tiempo nuevo
que se confunde con do lejano
exotismo y tradiciones
que se pierden entre la gente.

Duermo
entre las nubes del ocaso fugaz
que pinta colores de sueño
y en algún momento
podré ver de nuevo el mar.


in: El Crucero. Camara Brasileira de jovens escritores, Rio de Janeiro, 2010.
www.elmundodelcaleidoscopio.blogspot.com