sexta-feira, 26 de outubro de 2007


Olhos céleres se moviam no escuro. Eram estranhas aquelas ruas, mas ele seguia o caminho indicado pela garçonete sem se desviar. Devagar, ia de viela em viela até encontrar a sua. Ou melhor, a dela. Parou em frente à porta com o número 113 – o 3 caído parecendo um € o fez sorrir. Ouviu uma música na voz de Elis Regina vindo da entrada ao lado; uma música que tocou no primeiro e único encontro deles. Se já não estivesse pensando bobagem, começaria a pensar naquele momento. Cantarolando “quando olhaste bem nos olhos meus...” bateu na porta.

Ela abriu e fez o mesmo gesto que o encantou quando se conheceram – um meneio de pescoço que nunca vira igual. Um sinal para que entrasse. Ele demorou a reagir, lembrando daquele dia, da cordialidade daquela boca que agora, fechada, lhe parecia tão indiferente. Sentou ao lado dela, observando que os lençóis eram os mesmos, embora a cama e o quarto não fossem.

Quando foi perguntado sobre o que estava fazendo ali, tentou agarrá-la pela cintura e ouviu um claro e intenso não. Como não? Ela não podia dizer não. Não podia lhe dizer não. Ele tinha sentido o calor do beijo dela, do corpo dela, sabia que ela havia gostado. Assinale-se aqui que naquele mesmo dia ele foi tocado da porta para fora, mas isso foi depois. Depois do beijo, do sexo, do olhar. Como agora lhe dizia não?

A explicação dela foi rápida, ele não teve argumentos para retrucar e foi embora.
De volta ao bar, a garçonete lhe perguntou:

- Encontrou a Cigana?

- Encontrei sim.

- E aí? Resolveu a questão?

- Ah... ... Me vê um conhaque aí, vai.

- Tem dinheiro? Não faço fiado aqui não.

- Engraçado, já ouvi isso hoje...


sábado, 20 de outubro de 2007

Um presentinho

Em pleno Paraíso, estação de metrô paulistana, deparo-me com uma máquina de presentes. Dessas que chegaram ao Brasil com refrigerantes, passaram para salgadinhos e ganharam até livros na maior cidade da américa latina. Pois é, agora estão carregadass de brincos e colares. Presente express para quem não tem tempo de dar um pulinho na vinte e cinco de março. Por alguns instantes pensei se não era o princípio de extinção dos ambulantes. Para minha tranqüilidade foi apenas um alarme falso. São Paulo continuava a mesma. Lugar onde camelos e camelôs encontram seus espaços, ao menos por enquanto.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Concordam com alguém?

A monogamia é natural?



Não há como questionar se a monogamia é ou não natural. Não é. Ao mesmo tempo, tampouco há razão para concluir que o adultério é algo bom ou inevitável. Animais, muito provavelmente, não podem escolher agir contra 'o que vem naturalmente'. Já os homens podem.

David P. Barash (Professor de Psicologia da Universidade de Washington e co-autor do livro O mito da monogamia).



Os povos, ao saírem da barbárie rumo à civilização e ao progresso, abandonaram a poligamia e estabeleceram a família monogâmica. A instituição do divórcio vai na contramão da história, retrocendendo da civilização à barbárie.

Edição de janeiro de 2001 da revista brasileira Catolicismo.



Apesar da força moral da tradição judaico-cristã e de a Justiça ter procurado purificar o pênis e restringir sua semente à instituição sagrada do matrimônio, ele não é por natureza um órgão monógamo. Desconhece códigos morais, foi projetado pela natureza para o esbanjamento, adora a variedade, e nada, exceto a castração, eliminará seu pendor para a prostituição, a fornicação, o adultério ou a pornografia.

Gay Talese (Jornalista americano e autor do livro A mulher do próximo, clássico sobre a sexualidade americana antes da era AIDS)



Da coluna “Pergunta sem resposta” da edição desse mês da Superinteressante.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

BONECA DE CROCHÊ

Um homem e uma mulher estavam casados por mais de 60 anos. Eles tinham compartilhado tudo um com o outro. Eles tinham conversado sobre tudo. Eles não tinham segredo entre eles afora uma caixa de sapato que a mulher guardava em cima de um armário e tinha avisado ao marido que nunca abrisse aquela caixa e nem perguntasse o que ela havia nela. Assim, por todos aqueles anos ele nunca nem pensou sobre o que estaria naquela caixa de sapato.
Mas um dia a velhinha ficou muito doente e o médico falou que ela não sobreviveria. Visto isso, o velhinho tirou a caixa de cima do armário e a levou pra perto da cama da mulher. Ela concordou que era a hora dele saber o que havia naquela caixa. Quando ele abriu a tal caixa, viu 2 bonecas de crochê e um pacote de dinheiro que totalizava 95 mil dólares. Ele perguntou a ela o que aquilo significava, ela explicou:

- "Quando nós nos casamos minha avó me disse que o segredo de um casamento feliz é nunca brigar por nada. E se alguma vez eu ficasse com raiva de você que eu ficasse quieta e fizesse uma boneca de crochê."

O velhinho ficou tão emocionado que teve que conter as lágrimas enquanto pensava: "Somente 2 bonecas preciosas estavam na caixa. Ela ficou com raiva de mim somente 2 vezes por todos esses anos de vida e amor".

- "Querida, ele falou, você me explicou sobre as bonecas mas e esse dinheiro todo de onde veio"?

- "Ah, ela disse, esse é o dinheiro que eu fiz com a venda das bonecas".

"PRECE PARA AS MULHERES (REZAR SEMPRE ANTES DE DORMIR)"
"Querido Senhor, eu rezo para adquirir sabedoria para entender meu (marido, namorado, amante), amor para perdoá-lo e paciência para agüentar seu mau humor. Sim, Senhor! Porque se eu rezar pra ter forças, eu o mato de tanto bater, porque eu não sei fazer crochê!!!!!"

segunda-feira, 8 de outubro de 2007


criança diz coisas...

É claro que ninguém do ciclo 5 sabia o que era o tal do manjericão fresco, indicado na lista de igredientes para a aula de culinária. Então Michelle, a profa, explicou bem devagarinho, como convém numa turma de 5 a 6 anos:

- Fresco é quando vem em galhos, como se tivesse sido colhido naquela hora.

Beleza, todos foram escrever na lista o item que escolheram para trazer no dia seguinte. Até que alguém se lembrou de abrir a porta para amenizar o calor e entrou uma brisa. Aí Diana disparou:

- Ah, que bom esse vento entrando assim em galhos, né Michelle?

aprendi uma lição

em cadeira de direção
cabeça quente e pavio curto
pode provocar ejeção

anatômicos

Aviso:
encontra-se repousando no buraco do meu ouvido
um sussuro antes pelas ruas e dias perseguido

Atenção:
saiu sózinha
pela esquina do meu olho
uma vista
sedutora