quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Isaura Belloni: uma vida dedicada à educação

Professora aposentada da UnB, pioneira na avaliação institucional no país e na defesa da escola pública, morreu nesta segunda-feira, 25
João Campos - Da Secretaria de Comunicação da UnB


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A educação brasileira está de luto pela morte da professora aposentada da Universidade de Brasília Isaura Belloni, na noite da última segunda-feira, 25 de outubro. Pioneira na implantação do sistema de avaliação institucional no país, a educadora conhecida pela competência e o senso crítico apurado também teve intensa atuação política na defesa da escola pública, gratuita, laica e de qualidade. “Perdemos uma grande mulher, inteligente, batalhadora, mas acima de tudo preocupada com a formação dos brasileiros”, afirma o amigo e professor Heitor de Magalhães.

Há sete anos Isaura lutava contra um câncer no intestino. A doença que se espalhou pelo corpo foi enfrentada com quimioterapia e principalmente pela sua vontade de viver. “Ela foi muito forte e corajosa”, conta o irmão e também professor da UnB, José Ângelo Belloni. Há cerca de 10 dias, no entanto, a ex-professora da Faculdade de Educação (FE) confessou a um amigo que estava cansada da batalha. “Ela já dependia dos outros para fazer quase tudo. Sempre foi autônoma, não gostava de dar trabalho”, conta Heitor.

Gaúcha de Santo Antônio da Patrulha, Belloni foi a mais velha de quatro irmãos e a primeira a sair da casa para estudar em Porto Alegre. Graduou-se, fez mestrado e doutorado em Educação. Chegou em Brasília em 1984, quando iniciou sua carreira na FE da UnB. A personalidade forte era admirada pelos poucos colegas mais próximos. “Quem a conhecia de perto, a admirava”, diz Heitor, que foi seu orientando no mestrado na Faculdade. “Ela era muito dinâmica e rigorosa com seus alunos. Uma profissional exemplar”, completa a amiga e docente Vera Waisrof.

A primeira experiência de avaliação institucional na UnB, iniciativa pioneira entre as universidades federais, é obra de Isaura. Ela também defendeu a educação pública junto ao Núcleo de Educação, Cultura e Esporte do PT no Congresso Nacional. “Na Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa ela acompanhou ativamente o processo de elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, durante os 9 anos de sua tramitação”, conta Vera. Aposentada pela UnB em meados da década de 90, Belloni ainda atuou como consultora da Câmara dos Deputado até 2006.

DESPEDIDA – Isaura completaria 67 anos no próximo 27 de novembro. Deixou duas filhas e uma neta de um ano, Catarina. O velório foi quarta-feira, O corpo foi cremado, a pedido da própria professora. “É um momento difícil para a família e os amigos, mas a imagem que guardaremos é a de uma guerreira, de uma educadora apaixonada e dedicada ao seu país”, afirma Heitor, amigo da educadora há 20 anos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

lista de cem

Mesa de mulheres que se encontram regularmente para atualizar os papos sérios.
- Putz, a gente tava falando de amendoim, chega um cara vendendo; a gente falou de livros, chegou um cara oferecendo... louco, né?
- Então, vamos falar de sexo!
- Mas a gente já falou tudo de sexo!!
- Lá vem a velhinha! È um assunto que não se esgota!
- Tudo, não! Ainda falta a gente escolher os cem melhores caras com quem a gente transou...
- Cem!?
- Caraka! Acho que nem passei na dezena!
- Ah, tah, conta outra! Eu lembro de uns vinte caras que você namorou.
- Namorei, mas não transei!
- No sentido stricto ou no sentido lato?
- Ela falou os MELHORES...
- Tem gente que sempre se faz sempre se faz de semi-virgem!
- Gente, semivirgem tem hífen?
- Não existe semivirgem por que não existe semihímen!
- Ainda está lá na centúria passada, achando que isso vale alguma coisa!
- O hífen?
- O hímen!
- Na centúria passada é que não valia nada ser virgem!
- Valia, sim! Tanto que a gente se fazia de virgem.
- Que nada! A gente tirava onda de que transava pra caramba, mas não deixava nem passarem a mão...
- Eu transava pra caramba!
- Mentira!!! Fazia o maior doce! No fundo é caretona até hoje!
- Eu acho que andei perdendo tempo, devia ter transado mais aos 15, porque aos 50 eu não to dando nada!
- Por que não quer?
- Por que não tem com quem?
- Preguiça, gente!
- Preguiça de dar?
- De contar quantos...
- Ah, vai, já chegou nos 47?
- Anos?
- Caras!
- Gente, quem é aquele cara encarando a gente?
- Não sei mas me lembra alguém conhecido.
- Acho que 49...
- Não é o Zé?
- Zé?!
- Aquele mineiro... primo da Estelinha, tá sorrindo prá gente.
- Ta vindo pra cá!
- Nossa, faz tanto tempo... Vocês ainda juntas?
- Sempre!
- Bom ver vocês...
- Era lindinho...
- Era!
- 50! Com o Zé! Tinha me esquecido dele!
- Ah, não! com ele você não transou!
- Transei, acho.
- Acha?
- Não lembro...
- Transou não. Você me contou. O fusca era muito apertado... e tinha baratas!
- Nossa! Isso é que é amiga! Lembra melhor do que você mesma!
- Não curtiu o barato por que tinha barata!
- Gente, não vou fazer a lista, não. Tenho medo de esquecer alguém importante.
- Há, há, tá é com medo de ter que perguntar: transei com você?
- Pior do que não ter, é não lembrar se teve!
- Velhinhaaaaaaaaaaaaa.....

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Liberdade é uma calça azul e desbotada....

A importância dos eventos era medida pelo tipo de roupa que eu era obrigada a vestir quando criança. Quando minha mãe comprava algum vestido era sinal de que eu devia me comportar com todo o rigor. Naquele tempo os pais tinham os poderes de mestres de mais alto treinamento do TAO IN, conseguiam, por exemplo, nos congelar apenas com um olhar. De vestido comprado, eu congelava a toda hora. O vestido branco da primeira comunhão foi comprado numa boutique. O vestido azul de crochê da ceia de natal na casa de amigos dos pais, numa casa de moda. Já quando o vestido era feito em casa, eu podia me sentir mais criança. A jardineira laranja com boné da mesma estampa para os aniversários de amigos, me permitia até subir em árvores. Na escala intermediária estavam as roupas mandadas fazer na costureira, mas essas só ganhei depois de mocinha. Vestidos longos e floridos para casamentos e festas de quinze anos; longos, de alcinha, sem estampas para os bailes da primavera, das rosas, dos namorados e de formaturas. Só podia repetir vestido se o público não fosse repetido.O máximo que eu conseguia de ingerência sobre as escolhas era sobre os tecidos, eu não usava tafetá ou tecidos muito barulhentos - que me deixavam mais surda. Esse direito conquistei fazendo birra e cara emburrada. De que adiantava estar lindamente vestida e de cara feia? Meus pais cediam. Os modelos e cores, no entanto, ficavam por conta do gosto modista da mãe. A sensibilidade dela para a moda me fez embarcar para a Europa com um terninho de veludo marrom e uma blusa cacharrel vermelha. Dentro da moda eu também estava quando fui ao auditório da Tupi assistir à primeira transmissão de um filme em cores pela tevê, com uma calça boca de sino roxa e bolsos traseiros na cor amarela. No ano seguinte me estreei dentro de um blue jeans. À partir daí fui gradualmente conquistando minha liberdade de escolha das cores e estilos que vestiram minha vida.