quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pisando nos próprios calcanhares

Eram os sapatos, tenho certeza. A cor marrom-chocolate, ou o bico meio Mary Poppins. As crianças se sentiam atraídas, se aproximavam, ficavam por perto. Foram os sapatos que me trouxeram as crianças. Do alto dos saltos eu me fazia palhaça, amarrada nos cadarços, me achando no topo do mundo. Depois veio um cara. Por medidas econômicas, se instalou na minha casa. Encheu tudo de verniz. Arrasta as sandálias de prata, arrasta sem parar. E, então, eu me achava feliz. Daí vieram as havaianas. Subi nas tamancas. Saí descalça. Foram-se os sapatos, ficaram os caminhos. Tomei meu rumo. Eu era outra. Outra vez.

3 comentários:

Carpe Diem disse...

Putz, que lindo Val! Speechless!!

Martha Batista de Lima disse...

E vai por ai mundo afora...ainda bem que caminhas não ficas parada na estrada...
percebes que só tem sapatos por que tu tens pés???
legal.
bjus

Ana Silva disse...

Essa é Valiosa, mulher de saltos, de rasteiras, de pés descalços, de rumos e de ausência deles.