Não sei dizer quando foi que a menina me apareceu. No abacateiro que vejo da minha janela, ela ficava pendurada. As pernas balançando, os olhos pra lá e pra cá, o sorriso aberto. Eu tentava imaginar o que ela imaginava, tentava adivinhar o que fazia seu sorriso se abrir. Tão grande. Mas ela não respondia o que eu não perguntava.Quando ela sumia, alguma coisa ficava na minha janela. Uma foto. Uma flor. Uma faca suja de cobertura de bolo. Eu não me incomodava de limpar, de guardar as coisas. O que me incomodava era não tê-la por perto, não ver os abacates escapando de suas mãos, não registrar o seu riso pra poder levar comigo em mais um dia.
A menina era uma lembrança, uma conquista, uma página virada e um desafio. A menina era a menina e era eu. Não sei dizer quando desapareci.
*no quintal de casa cada um faz o que quer. porque esse quintal é grande, do tamanho que a gente fizer. uma rede pra se balançar e balançar os pensamentos ele tem. tem um pé de limão, uma goiabeira, uma porção de plantas e flores e uns cachorros pra bagunçar o coreto. criança e adulto querendo ouvir história também sempre aparecem. e a gente conta. histórias de quintal. *
quarta-feira, 24 de março de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Tão poético, tão bonito, tão Lidia!! Adorei!! Só que a página virada e a menina do abacateiro ficou escondida nessa imensidão preta do blog.Que coisa é essa! SE é conservadorismo (rsrsr) prefiro o ar verde do quintal ou um colorido ou umas folhas secas do outono do Brasil.
é q o quintal andou meio apagado, economizando luz.
a menina em mim se foi quando deixei de acreditar que as cores vinham de mim...
As meninas não se foram, não desapareceram, nem a da Lídia nem a da Valéria. Encontro-me sempre com elas.
Postar um comentário