segunda-feira, 12 de março de 2007

A visita da Luxúria

Ontem, não estava em mim. Estava em outro.
Meu sopro de vida estava longe, viajando.
A luxúria foi de manhã sem olhar para trás, sem perceber que da janela estava o observante do caminhante.
Não me senti usada, pois nem ali estava.
Não me senti carne, pois acho que era de plástico ou outro material.
Não estava ali com toda certeza.
Suas perguntas, chamadas de indiscretas, passaram pelos meus ouvidos soando um quê de narcisismo.
Respondi verdadeiramente, o que passou em minha mente, sem maiores constrangimento ou doçura. Fui bem certeira àquelas perguntas que nada acrescentariam.
Meu coração nem sei se batia. Creio que não. Ele não estava compactuando daquela sinfonia desafinada.
Sei que a luxúria percebeu, por isso seu sono foi intranqüilo, bem como o meu. Talvez por isso ela saiu sem olhar para trás, como que percebesse que não foi bom, que não havia ninguém naquele espaço. Ela estava sozinha, suando e gozando. E desta forma, foi sem qualquer vínculo.
No momento do encontro, um Beijo na face.
Ao caminhar na noite estrelada e fria, sem um abraço, sem qualquer carinho.
Na alcova mostrou a sua sede. Bebeu ferozmente. Sua meta era passar a lança na "maçã triângular".
Pensava: "Não estou aqui". Estava traindo meus sentimentos, meu corpo e meu espiríto. Tanto que todos, sentimentos, corpo, espiríto saíram, deixando algo que não era eu.
Só havia meus olhos que não conseguiam olhar para nada, nem para os olhos da luxúria.
Estava com vergonha de mim, do que estava deixando de fazer.

3 comentários:

Mariana R disse...

Forte, impactante, verídico. Gostei!!!

Lidia disse...

não dou conta

Anônimo disse...

Chocolate meio-amargo. Molho agridoce. Exposição de arte contemporânea. Um certo desconforto. Montanha Mágica de Thomas Mann.