Ação entre amigas
As blogueiras do quintal de casa (http://quintal-de-casa.blogspot.com/) podem se considerar blogueiras de sucesso. Orientam-se pelo gosto de se expressar sobre tema qualquer e de qualquer maneira. Comentam e estimulam o trabalho umas das outras, trocam elogios, às vezes farpas discretas, outras nem tanto. Inegável que se trata de um blog ativo, "bostado" (como gostam de dizer as amigas) e comentado, na maioria das vezes por elas próprias. A metáfora escatológica, de fertilização do quintal, deve resultar em flores e hortaliças, graças ao bichinho da literatura que vez por outra vem picando (sic) as moças.
Eis, porém, que a solução se desdobra em problema, quando o veneno do tal bichinho passa a intervir na criação e no comentário. No universo literário, para algo ser bom, outros algos precisam ser ruins. Na expressão do mestre Antonio Candido, "é preciso muito estrume para que
nasça uma flor", e assim retornamos à metáfora escatológica do quintal. Mas entre amigos, em certo sentido, tudo "precisa" ser bom, mais por ser "de quem" que por ser o "que é". Daí a crítica velada nos comentários, expressa pelos comparativos (isso me lembra aquilo), pela mudança de assunto ou pelo simples silêncio. Afinal, julgamento dos mais cruéis é não merecer comentários.
Assim se desenrola a ação entre amigas, ora leve e despretensiosa, ora puramente jocosa, ora séria e intimista - o que acaba por ser um bom retrato do humor feminino. Se tiver continuidade e freqüência, o arquivo poderá resultar num rico retrato de uma amizade entre iguais (pois mulheres) diferentes (pois gerações e origens variadas). Fica porém o desafio de não se entregar à facilidade do chiste, nem à sedução das belas letras. Quem sabe, pensar com André Breton que "a
literatura é um dos mais tristes caminhos que levam a tudo".
Por: Marco Antônio Rino Rodrigues
10 comentários:
Ih, caray! Pulei a cerca!
Agora fudeuzis!!! vou comentar sua bostada... rs!!!
Como disse meu namoradim, que trocadilho infame é esse de bichinho picando as moças, hein? Hein?
A indagações profundas remeteu-me o texto do crítico literário Marco Rhino, que nos exige a resistência ao chiste pelo chiste e à sedução das belas letras. Que quer o literato de nós, escrevinhadoras de quintal? Pérolas da literatura? Peças engajadas? Textos que reflitam a pequenez e a grandeza de se saber humano (eita!)? Haute littérature? Não tenho nível para discutir com Rhino.
Rapaz, te pego na saída.
Bando de travadas que frente ao mero arremedo de crítica se põem a temer o espaço em branco da internet. Sábia a minha amada que denuncia esse conluio de infinitos autores refratários ao comentário sincero de parcos leitores. Humpf!
Tá, que eu não escrevo bem vc pode até dizer e eu posso até concordar em parte. Mas aí me chamar de travada... ah, isso eu não tolero!
e... que é que dona piti anda falando hein?
Vou pegar ela na saída também.
Fiz bastante caligrafia no curso técnico. Já me falaram que eu tenho belas letras. Mas gosto mais do bichinho do que das letras e ...ah! sabe que um bichinho borrachudo me picou em Nova Petrópolis? Sacaninha venenoso. Estou com as pernocas manchadas.Se fosse a crítica a uma sonata tentaria um embate... Já passei da hora da saída, então, não ajudo a Ana a pegar o Rino e sua comparsa Piti. Mesmo porque já passou da data em muito.
eu to totalmente passada...
Postar um comentário