*no quintal de casa cada um faz o que quer. porque esse quintal é grande, do tamanho que a gente fizer. uma rede pra se balançar e balançar os pensamentos ele tem. tem um pé de limão, uma goiabeira, uma porção de plantas e flores e uns cachorros pra bagunçar o coreto. criança e adulto querendo ouvir história também sempre aparecem. e a gente conta. histórias de quintal. *
quarta-feira, 14 de março de 2007
Viajando com Adorno
Não há possibilidade de o sujeito se constituir autonomamente no mundo moderno, diz o coleguinha Theodor Adorno no texto Mensagem numa garrafa, porque só se é algo em relação ao Outro, em relação às instituições, como se o próprio sujeito não tivesse valor de uso, e sim de troca somente. Tal valor resultaria na falta de liberdade, já que, de acordo com o amigo, não pode haver liberdade enquanto tudo tem um preço.
As pessoas submetem suas vidas às condições impostas pela lógica do mercado de trabalho e, em última instância, perdem possibilidades de movimentação: só podem estar dentro da engrenagem; estar de fora é ser marginalizado. Não podendo – ou não querendo – se movimentar, o sujeito espera sempre pelo seu 'semelhante' e, por isso, “o medo de amar o outro é, sem dúvida, maior que o de perder o amor desse outro” (p.43). Bonito isso que o colega disse, não? E ele vai além...
Constituindo-se através da sociedade de consumo, o sujeito, segundo Adorno, só pode mesmo se reificar, se 'coisificar' e se fragmentar. Reificado, cada vez se separa mais, tanto daqueles sujeitos de mesma classe social, quanto dos de classes distintas – e aí está o problema para o coleguinha: “A humanidade só sobreviverá se os extremos se unirem” (p.50).
Paradoxal, não? Mas compreensível.
ADORNO, T. W. (1996[1962]). Mensagem numa garrafa. In: ZIZEK, S. (org). O mapa da ideologia. Rio de Janeiro: Contraponto. p. 39-50.
p.s. Isso é a 'adaptação' de uma resenha escrita em 2003.
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11 comentários:
não entendi: o medo de amar o outro é, sem dúvida, maior que o de perder o amor desse outro. Explica?
Querida Lídia,
será que a senhora está na profissão certa???? rsrs
Acho que a senhora escreve muito bem e deveria ser jornalista ou escritora... Parabéns pelo texto.
Mari, o sujeito, perdendo o amor do outro, não teria perdido o seu movimento, não teria se 'desperdiçado' e ao seu 'trabalho'.
Sabrina, senhora é tua vó! Sem querer ofender... rs rs
Nossa, a minha dúvida é exatamente igual à da Mari! (Adorei o texto)
Penso que é o medo do risco, proteção, para não cruzar a estrada perigosa simplesmente deixo de viajar. Sem riscos, então, não há perdas... ou é só isso que há!
DESCULPE-ME!!!!!
SENHORITA!!!! rsrsrs
hum... interessante...
amar o outro é despreender um pouco de você, é sair de seu umbigocentrismo, é se revelar.enquanto perder esse amor, dentro de uma concepção dependente, significa uma perda não total de você. Pois durante a relação houve acréscimos em ambos os lados. Por ventura, quando se perde esse amor, os dois serão seres diferentes e transformados. Princípio da dialética: "Ao sair do rio, não seremos os mesmos, nem o próprio rio também o será".Lembrando que aqui se fala de uma relação Sadia não de uma relação Perdigão!!
Ah, Meu Deus! Eu não queria discutir o amor!!
o texto, a leitura criou asas, nossa jardineira....
como diria um amigo meu: "se fudesse!"
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