terça-feira, 23 de dezembro de 2008

FORÇA DE UM MITO - Marcelo Coelho


Trânsito. Chuvas. Confusão.

O Natal é a festa das crianças.
Para muitos pais, entretanto, é um verdadeiro inferno.

O Volvo de Denise estava parado no Itaim.
Destino: um shopping de altíssimo luxo no Morumbi.
No banco de trás, quatro crianças mostravam péssimo comportamento.

Berros. Manhas. Mordidas.

O belo rosto de Denise tentou inspirar terror.
--Se vocês não pararem, Papai Noel não traz presente.

A advertência foi ignorada pelos pequenos capetas.

Denise ia tomar medidas radicais quando um vulto se aproximou.
Roupa vermelha. Barbas brancas. Um gorro. As crianças ficaram quietas.

--Papai Noel? É você?

Não exatamente. Era o Caçula. Perigoso assaltante em atividade na região.
Na mira do 38, Denise entregou a bolsa, as jóias e a chave do carro.

Denise e os filhos voltaram de ônibus para casa. O maiorzinho já promete.
--Ano que vem a gente se comporta melhor, mamãe. Eu juro.

Mito e realidade, por vezes, são como os adultos. Adotam estranhos disfarces.


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

- Então, falei pra ele que a mágica do primeiro dia acabou. E ele: "E o café também. 'Cê vai lá no mercado?"
- Como fazem alguns animais, se mimetizam.
- Ãã?
- É. Pra que os predadores não os vejam.
- Tá dizendo que ele tem medo de mim?
- Tem. Acho que tanto que não fala. Proteção, de novo.
- Aí então faz piada?
- É. Fuga. E sabe do que mais? Não existem comidas azuis porque os seres humanos instintivamente associam essa cor aos venenos - sabia?
- Aããã?
- Ele deve ter ficado com medo dos teus olhos. Medo de se envenenar, de se perder.
- Tá bom, outra hora a gente conversa. 'Cê tá muito científica hoje.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Bukowski

Um poema de amor

todas as mulheres
todos os beijos delas as
formas variadas como amam e
falam e carecem.

suas orelhas elas todas têm
orelhas e
gargantas e vestidos
e sapatos e
automóveis e ex-
maridos.

principalmente
as mulheres são muito
quentes elas me lembram a
torrada amanteigada com a manteiga
derretida
nela.

há uma aparência
no olho: elas foram
tomadas, foram
enganadas. não sei mesmo o que
fazer por
elas.

sou
um bom cozinheiro, um bom
ouvinte
mas nunca aprendi a
dançar — eu estava ocupado
com coisas maiores.

mas gostei das camas variadas
lá delas
fumar um cigarro
olhando pro teto. não fui nocivo nem
desonesto. só um
aprendiz.

sei que todas têm pés e cruzam
descalças pelo assoalho
enquanto observo suas tímidas bundas na
penumbra. sei que gostam de mim algumas até
me amam
mas eu amo só umas
poucas.

algumas me dão laranjas e pílulas de vitaminas;
outras falam mansamente da
infância e pais e
paisagens; algumas são quase
malucas mas nenhuma delas é
desprovida de sentido; algumas amam
bem, outras nem
tanto; as melhores no sexo nem sempre
são as melhores em
outras coisas; todas têm limites como eu tenho
limites e nos aprendemos
rapidamente.


todas as mulheres todas as
mulheres todos os
quartos de dormir
os tapetes as
fotos as
cortinas, tudo mais ou menos
como uma igreja só
raramente se ouve
uma risada.

essas orelhas esses
braços esses
cotovelos esses olhos
olhando, o afeto e a
carência me
sustentaram, me
sustentaram.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A caixa

Pararam todas em frente à caixa. Ai, eu acho que a gente não deveria abrir – disse a Gabi, enquanto a Piti e a Mariana dicutiam sobre as cores e os desenhos. É, ela é tão linda... por mim nem precisa abrir – suspirou a Silvinha. Até porque não deve ter nada dentro – argumentou a Caetana – vamos abrir isso aí à toa. Mesmo assim, eu queria abrir, porque só o ato de abrir já é um aprendizado – soltou a Carlinha. É, gente, vamos lá – falou a Raquel, batendo palmas – Coragem! Vai que tem um companheiro aí dentro... foi a sugestão da Ana. Ou um pacote de viagem para todas nós irmos pra Fortaleza?! Viajou a Jaana. Eu acho que tem muita paz, luz e amor aí dentro – viajou mais um pouco a Teliana. Pra mim, se tiver um engradado de cerveja já tá bom – disse a Amanda, mais realista, recebendo os aplausos das que concordaram. A lista foi aumentando: uma queria que tivesse uma cadeira de praia, a outra só dinheiro mesmo – de preferência dólar. Umas pensaram que iria ter um bolo ou outra coisa assim, de comer. Três chutaram que apareceria uma pessoa – Morgan Freeman, Tiririca, Fernando Haddad. E várias outras coisas foram lembradas. Uma bóia, o paradeiro do Elvis, a taça Jules Rimet, meu caderno da primeira série, um carneiro afegão geneticamente modificado, o segredo da skol, um plano de carreira assinado pelo Lula, uma fantasia do Clóvis Bornay, uma árvore de natal, um atendente de telemarketing, a verdade sobre o Mestre dos Magos e o Vingador, uma panela de mandioca cozida, as 'obras completas' do Paulo Coelho... Peraí, peraí, vamos organizar isso aqui – sugeri eu. Que tal uma aposta?? Ninguém aceitou. Então sentaram-se umas em cima, outras em volta da caixa, quando a Milena gritou: Vamos tirar uma foto! Vamos tirar uma foto!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Rapidinha

Sofro tremendamente pra escrever.
Falo constantemente sem pensar.
Ah, se fosse o contrário...

E o amor até existe

Glorinha era uma moça sonhadora que acreditava em contos de fadas, coelhinho da páscoa, papai Noel e no amor. Ela sempre viu nesse sentimento algo infinito e arrebatador, capaz de fazer de nós, seres humanos, pessoas melhores e mais felizes, capazes de perdoar e confiar. Um sentimento puro que traz brilho ao olhar e um largo e verdadeiro sorriso. Sentimento também que nos torna mais bonitos, pois eleva e renova a nossa auto-estima a cada dia.

Ao longo da sua vida, acreditou que pudesse, um dia, encontrar seu príncipe encantado, sua “alma-gêmea”, que estaria vagando por aí à sua procura, feita, para ela, sob medida. Com esse príncipe ela sonhava em se casar, ter dois filhos (Miguel e Luíza) e, como nos clássicos contos de fadas, ser feliz por toda a eternidade.

Infelizmente, Glorinha se enganou. A jovem sonhadora descobriu que tudo isso era fruto de uma educação à base de leituras e filmes fantasiosos, onde, no final, a mocinha encontra no mocinho o seu verdadeiro e grande amor e com ele vive aquele tradicional “e foram felizes para sempre”.

Sua primeira decepção foi ter descoberto que papai Noel não existia. A outra, foi quando viu seu pai colocar o ovo de páscoa embaixo da cama. Mas a maior delas foi quando descobriu que esse amor que tanto buscava não existia. Percebeu que a vida não é um filme, muito menos um livro de contos de fadas. É feita de troca de interesses e amor condicionado, como se amar fosse um favor entre as pessoas.

Se no amor verdadeiro “tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta”; se o amor de verdade jamais acaba, me desculpe, caro leitor, mas esse amor só existe no futebol. Cheguei à conclusão de que amor puro, pleno, incondicional e eterno é o amor ao time. Por ele sofremos e vertemos até a última gota de lágrima. Há quem fique doente. A cada derrota, a cada gol tomado, a cada “frango engolido”, a cada lance perdido, a cada m... feita em campo xingamos os jogadores, o técnico, o juíz e as respectivas mães. A raiva sobe, a revolta e a vontade de cair na porrada com toda a equipe e com os adversários toma conta.

Mas que raio de amor é esse que só desperta sentimento ruim? - deve estar se perguntando o leitor. Pois eu digo, meu caro, que tudo isso faz parte do amor que, como expliquei anteriormente, é sofredor, em tudo crê (o time está na lanterna e a gente acredita que ainda pode chegar ao G4), suporta a derrota, as goleadas, a traição do técnico que nos deixou para dirigir nosso maior adversário, mas que acabou voltando, tornando-nos campeões, ou, pelo menos, tirando-nos da zona de rebaixamento.

É esse amor que nos faz tolerar e perdoar nosso time derrotado, rebaixado ou vice-campeão (que me perdoem os vascaínos). Basta um gol, uma partidinha ganha (por mais insignificante que ela seja) e pronto: toda a raiva vai embora e dos sofrimentos nos esquecemos. É só felicidade. O técnico passa a ser o grande herói, Obina, o melhor do mundo e ainda se transforma em amuleto (o anjo negro da Gávea). A alegria proporcionada por uma vitória qualquer é muito maior que o sofrimento pela perda da Libertadores.

O mesmo Flamengo, Vasco, Palmeiras, Botafogo, os mesmos Atléticos e tricolores, e tantos outros que nos fazem sofrer, também nos trazem alegrias imensas e intensas, nos deixando eufóricos como uma criança que acabou de ganhar um brinquedo novo.

A cada partida, um frio na barriga, as unhas roídas e aquele nervoso, que só quem ama sabe como é. Cada lance, cada gol, cada vitória é um novo brilho que surge no olhar e um novo sorriso. Como diz o chato do Galvão Bueno ( e nesse caso eu vou ter que concordar com ele): “HAJA CORAÇÃO!”

Por nosso time sofremos, choramos, passamos raiva, ficamos doentes. Mas, no final, sempre perdoamos, confiamos e a ele seremos sempre fiéis. Isso sim é amor. O resto é qualquer coisa.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Músicas de filmes

Vamos por ordem. A primeira é Misirlou, música grega (!) de 1927 (!) que, em uma de suas versões, toca no começo do já clássico Pulp Fiction (EUA, 1994) com Dick Dale. Depois Linha encantada, com a Comadre Fulozinha, do documentário Fábio Fabuloso (Brasil, 2004), primeiro longa-metragem a contar a história de um surfista brasileiro - e pode acreditar: mesmo quem não gosta e/ou não entende nada de surf acaba adorando o filme. A terceira é Teach your children, de Crosby, Stills, Nash & Young, que faz parte do filme Correndo com tesouras (EUA, 2006) - achei que essa coisa do "inferno dos pais" tem tudo a ver com a história do Augusten Burroughs... O longa é baseado em sua autobiografia.
Seguindo: De Ushuaia a La Quiaca é uma música linda que o argentino Gustavo Santaolalla fez para a trilha de Diários de Motocicleta (vários países, 2004) - toca na última cena do filme. Después temos Whole wide world, com Wreckless Eric, do engraçado Mais estranho que a ficção (EUA, 2006), quando enfim Harold Crick desencalha, ou melhor, é desencalhado por uma padeira sonegadora de impostos.
A sexta música dispensa apresentações: Preciso me encontrar, interpretada por Cartola, toca em Cidade de Deus (Brasil/França, 2002) na cena em que Cabeleira é baleado. Continuando ouvimos He mele no Lilo, musiquinha gostosa (que me deixa alegrinha!) da animação Lilo & Stitch (EUA, 2002). A trilha do filme, além das músicas hawaianas, conta com algumas faixas do Rei do Rock - sim, aquele que não morreu.
I say a little prayer é daquelas músicas que podem fazer um filme valer a pena. Acho que já assisti a'O casamento do meu melhor amigo (EUA, 1997) umas quatro vezes só por causa da cena com aquelas gêmeas bizarras fazendo backing vocal para o amigo gay da Julia Roberts.
A nona música é This time tomorrow, da banda britânica The Kinks, que toca no começo do filme Viagem a Darjeeling (EUA, 2007) quando os personagens de Bill Murray e Adrien Brody estão correndo para pegar um trem na Índia. Um deles não é bem sucedido... mas não vou contar quem - vá assistir, que a viagem é surreal, cômica e muito bonita.
Depois as rebolativas
Lil Kim, Christina Aguilera, Pink e Mya vêm cantando Lady Marmalade, do musical Moulin Rouge! (EUA, 2001), filme que deixou Nicole Kidman com uma costela fraturada e um menisco rompido. Ui.
E, para encerrar, Let's hear it for the boy, interpretada por Deniece Williams (?). Rola no filme Footloose (EUA, 1984) na seqüência em que o personagem do Kevin Bacon está ensinando o amigo tosco (irmão de Sean Penn, Chris, que morreu em 2006) a dançar - e dá uma vontade enorme de sair dançando também. Aliás, não é só nessa cena... Quem tem a minha idade e não dançou Footloose que atire a primeira fita cassete.



sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Receita para comer o homem amado


Pegue o homem que te maltrata, estenda-o sobre a tábua de bife e comece a sová-lo pelas costas. Depois pique bem picadinho e jogue na gordura quente. Acrescente os olhos e a cebola. Mexa devagar até tudo ficar dourado. A língua, cortada em minúsculos pedaços, deve ser colocada em seguida, assim como as mãos, os pés e o cheiro verde. Quando o refogado exalar o odor dos que ardem no inferno, jogue água fervente até amolecer o coração. Empane o pinto no ovo e na farinha de rosca e sirva como aperitivo. Devore tudo com talher de prata, limpe a boca com guardanapo de linho e arrote com vontade, pra que isso não se repita nunca mais.

Ivana Arruda Leite

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Nada como uma boa trepada matinal

Deveria estar dormindo, mas o sono não vinha. Ligou o computador, conectou-se à internet e começou a escrever. Era uma maneira de chamar o sono, mas, ao contrário, o sono só se distanciava, e ela pensava só em sacanagem. Entrou em uma dessas comunidades virtuais. Eram comunidades lésbicas com diversos vídeos de meninas transando.
Permitam-me fazer um “à parte”, antes de continuar a história. Ela nunca teve esse tipo de experiência, mas desde adolescente sente tesão ao ver cenas de duas mulheres se pegando. Certa vez ligou a TV. Estava passando um filme em que Angelina Joulie interpretava uma lésbica. A cada cena de sexo, excitava-se, imaginando-se no lugar daquela personagem. Apesar disso, nunca sentira atração por pessoas do mesmo sexo. Mas, ultimamente, embora ainda não sinta atração, sente vontade de ser chupada por uma mulher. Isso se deve à idéia de um velho conhecido, daqueles bem pervertidos e sem limites, que fica enchendo a cabeça dela de idéias deliciosamente “mirabolantes”. Ela sempre resistiu às suas propostas. Mas de uns tempos pra cá, tem sido mais flexível e hoje já pensa na possibilidade de deixar ter uma menina bem gostosinha pagar-lhe um boquete bem gostoso.

Continuando a história...
Enquanto ela via as cenas lésbicas baixadas em uma das comunidades que havia entrado, enchia-se de tesão, chegando até a gozar só de olhar. Começou a conversar com uma das meninas da comunidade. Deliciaram-se, falaram absurdas e maravilhosas sacanagens. Não se agüentava de tanto tesão. Tudo o que queria naquele momento era um sexozinho oral feito por aquela menina do MSN. Mas do que isso, ela queria mesmo era um pau bem duro e gostoso entrando na sua buceta. Teve, então a idéia de ligar para o tal conhecido, com quem já havia dado umas trepadas gostosas.
Pegou o celular e enviou-lhe uma mensagem bem sacana. Logo em seguida, ele a telefonou e, pouco tempo depois, bate à sua porta. Ela o recebeu com uma camisolinha branca e os dois se beijaram loucamente ali mesmo, na sala, com a porta aberta. Ele a jogou no chão com uma fome animalesca e arregaçou-lhe a xota. Ela gritava, desesperadamente, de prazer. Gozou uma, duas, três... diversas vezes. Eles Transaram como dois animais selvagens.
Depois de horas de prazer, pegaram no sono e, de manhã, ele a acordou da maneira mais gostosa que uma mulher pode ser acordada: uma bela trepada matinal.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

PROMOÇÃO DE VERÃO!


Venha para a Pousada Ana Cródia* e ganhe um delicioso almoço!

Peixe à Cródia:
Temperadas com limão, sal e alho, deitadas a marinar e regadas com azeite, são as postas de peixe levadas ao forno. Enquanto assam, cozinha-se alcaparra, cenoura e chuchu, somente com sal. Os legumes, cortados em filetes e refogados em manteiga, são jogados sobre o peixe assado. Acompanha arroz branco.

Experimente essa delícia!

Incluídos no pacote: traslado, espetinho de camarão na sacada e a agradabilíssima companhia da dona da pousada.

*Em breve, fotos da pousada e de sua bela proprietária.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Tudo que eu tenho - Diana

Uma pérola do cancioneiro nacional, desencavada sei lá de onde pela equipe que fez a trilha do filme O céu de Suely, pra vocês.
Aí vai só o link (e a letra, claro) porque o youtube tá de mal comigo.

Que bom seria ter
seu amor outra vez
Você me fez sonhar
Trouxe a fé que eu perdi
E nem eu mesma sei porque
Eu só quero amar você

Tudo que eu tenho meu bem é você
Sem seu carinho eu não sei viver
Tudo que eu tenho meu bem é você
Volte logo meu amor

Eu tento esquecer
Que você ja foi meu
Nunca mais eu vou achar um outro amor
E nem vou procurar
Não quero amar a mais ninguém
Como você não ha ninguém

Tudo que eu tenho meu bem é você
Sem seu carinho eu não sei viver
Tudo que eu tenho meu bem é você
Volte logo meu amor

Se você não voltar
vou sozinha ficar
Solidão vai morar comigo
Vou viver infeliz
Pois o que sempre eu quis
Foi viver contente sempre ao lado seu

Tudo que eu tenho meu bem é você
Sem seu carinho eu não sei viver
Tudo que eu tenho meu bem é você
Volte logo meu amor
Volte logo meu amor

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Alfonsina y el mar

(Ariel Ramirez y Félix Luna)

Por la blanda arena que lame el mar
Su pequeña huella no vuelve más
Un sendero solo de pena y silencio llegó
Hasta el agua profunda
Un sendero solo de penas mudas llegó
Hasta la espuma.

Sabe Dios qué angustia te acompañó
Qué dolores viejos calló tu voz
Para recostarte arrullada en el canto
De las caracolas marinas
La canción que canta en el fondo oscuro del mar
La caracola.

Te vas, Alfonsina, con tu soledad
¿Qué poemas nuevos fuíste a buscar?
Una voz antigüa de viento y de sal
Te requiebra el alma y la está llamando
Y te vas hacia allá como en sueños
Dormida, Alfonsina, vestida de mar.

Cinco sirenitas te llevarán
Por caminos de algas y de coral
Y fosforescentes caballos marinos harán
Una ronda a tu lado
Y los habitantes del agua van a jugar
Pronto a tu lado.

Bájame la lámpara un poco más
Déjame que duerma, nodriza, en paz
Y si llama él, no le digas que estoy
Dile que Alfonsina no vuelve
Y si llama él, no le digas nunca que estoy
Di que me he ido.

Te vas, Alfonsina, con tu soledad
¿Qué poemas nuevos fuíste a buscar?
Una voz antigüa de viento y de sal
Te requiebra el alma y la está llamando
Y te vas hacia allá como en sueños
Dormida, Alfonsina, vestida de mar.

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Para Lídia entrenar su español.
Esta é uma das músicas mais tristes que já ouvi. Conheço na voz de Mercedes Sosa. Foi feita em homenagem a Alfonsina Storni, poeta argentina que se suicidou em 1938.
Ei, mas não é para se matarem, não! Emborracharse, tal vez...

sábado, 5 de julho de 2008





Acreditem, minha gente, o coleguinha Neil Gaiman ficou com sua branca bunda sentada nessa cadeira durante inacreditáveis cinco horas - tempo que levou para se desfazer a fila de autógrafos do boa-praça na tarde desse sábado na Flip. Dizem que acabou com a tinta de várias bic's. O pessoal da organização bem que poderia ter providenciado um carimbo pro cara, não?

sábado, 28 de junho de 2008

Publicado em um site financeiro

Uma mulher escreveu pedindo dicas sobre como arrumar marido rico. Só isso já é engraçado, mas o melhor da história é que um cara deu a ela uma resposta bem fundamentada.

Dela:

'Sou uma garota linda (maravilhosamente linda) de 25 anos. Sou bem articulada e tenho classe. Estou querendo me casar com alguém que ganhe no mínimo meio milhão de dólares por ano. Tem algum homem que ganhe 500 mil ou mais neste site? Ou esposas de gente que ganhe isso e possa me dar algumas dicas?
Já namorei homens que ganham por volta de 200 a 250 mil, mas não consigo passar disso, e 250 mil não vão me fazer morar em Central Park West. Conheço uma mulher da minha aula de ioga que casou com um banqueiro e vive em Tribeca, e ela não é tão bonita quanto eu, nem é inteligente. Então, o que ela fez de certo que eu não fiz? Como eu chego ao nível dela?'
Rafaela S...'

Dele:

'Li sua consulta com grande interesse, pensei cuidadosamente no seu caso e fiz uma análise da situação. Primeiramente, não estou gastando o seu tempo, pois ganho mais de 500 mil por ano.
Isto posto, considero os fatos da seguinte forma: o que você oferece, visto da perspectiva de um homem como você procura, é simplesmente um péssimo negócio. Eis o porquê: deixando as firulas de lado, o que você sugere é uma negociação simples. Você entra com sua beleza física e eu entro com o dinheiro.
Proposta clara, sem entrelinhas.
Mas tem um problema. Com toda certeza, a sua beleza vai decair e um dia acabar, e o mais
provável é que o meu dinheiro continue crescendo. Assim, em termos econômicos, você é um ativo sofrendo depreciação, e eu sou um ativo rendendo dividendos. Você não somente sofre depreciação como essa depreciação é progressiva, sempre aumenta ! Explicando, você tem 25 anos hoje e deve continuar linda pelos próximos 5/10 anos, mas sempre um pouco menos a cada ano, e de repente, se você se comparar com uma foto de hoje, verá que já estará um caco. Isto é, você está hoje na 'alta', na época ideal de ser vendida, não de ser comprada.
Usando o linguajar de Wall Street, quem a tem hoje deve tê-la em 'trading position' (posição para comercializar), e não de 'buy and hold' (compre e retenha), que é o para quê você se oferece...
Portanto, ainda em termos comerciais, casamento (que é um 'buy and hold') com você não é um bom negócio a médio/longo prazo, mas alugá-la pode ser, e, em termos sociais, um negócio razoável de que podemos cogitar é namorar. Cogitar...
Já cogitando, e para certificar-me do quão 'articulada, com classe e maravilhosamente linda' você seja, eu, provável futuro locatário dessa 'máquina', quero o que é de praxe: fazer um 'test drive'...
Peço marcar.
Mr John Edwards.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Humor é virtude?

Recortado e costurado do capítulo 17 do Pequeno tratado das grandes virtudes, de André Comte-Sponville.


Que ele seja uma virtude poderá surpreender. Mas é que toda a seriedade é condenável, referindo-se a nós mesmos. O humor nos preserva dela e, além do prazer que sentimos com ele, é estimado por isso.
Se “a seriedade designa a situação intermediária de um homem eqüidistante entre desespero e futilidade”, como diz lindamente Jankélévitch, devemos observar que o humor, ao contrário, opta resolutamente pelos dois extremos.
[...]
Um pouco de humor, um pouco de amor: um pouco de alegria. Mesmo sem razão, mesmo contra a razão. Entre desespero e futilidade, às vezes a virtude fica menos num meio-termo do que na capacidade de abraçar, num mesmo olhar ou num mesmo sorriso, esses dois extremos entre os quais vivemos, entre os quais evoluímos, e que se encontram no humor. O que não é desesperador para um olhar lúcido? E o que não é fútil, para um olhar desesperado? Isso não nos impede de rir do que vemos, e é sem dúvida o que de melhor podemos fazer.
[...]
Quando é fiel a si, o humor conduz antes à humildade. Não há orgulho sem espírito de seriedade, nem espírito de seriedade, no fundo, sem orgulho. O humor atinge este quebrando aquele. É nisso que é essencial ao humor ser reflexivo ou, pelo menos, englobar-se no riso que ele acarreta ou no sorriso, mesmo amargo, que ele suscita. É menos uma questão de conteúdo do que de estado de espírito.
[...]
Mas o humor não está apenas a serviço da humildade. Também vale por si mesmo: ele transmuta a tristeza em alegria (logo o ódio em amor ou em misericórdia, diria Spinoza), a desilusão em comicidade, o desespero em alegria… Ele desarma a seriedade, mas também, por isso mesmo, o ódio, a cólera, o ressentimento, o fanatismo, o espírito sistemático, a mortificação, até mesmo a ironia. Rir de si primeiro, mas sem ódio. Ou de tudo, mas apenas enquanto se faz parte desse tudo e se o aceita.
[...]

O espírito zomba de tudo. Quando zomba do que detesta ou despreza, é ironia. Quando zomba do que ama ou estima, é humor. O que mais amo, o que estimo mais facilmente? “Eu mesmo”, como dizia Pierre Desproges. Isso diz o suficiente sobre a grandeza do humor, e sobre sua raridade. Como não seria uma virtude?


sexta-feira, 6 de junho de 2008

para um amigo ausente

Reproduzindo o texto do meu amigo Jean Mafra.



soube agora a pouco, meu querido, que, logo você, com quem eu tomava longos e divertidos cafés, acabou com a própria vida.

éramos um grupo animado, lembra? eu não esqueço. dos nossos amigos, um está na frança fazendo doutorado e os outros estão por aqui. aquele que era da sua turma e que tinha uma risada engraçada, escreve inúmeros artigos sobre artes plásticas e tem um livro publicado. outros dois, os que tinham uma banda com um nome escatológico, estão fazendo coisas, um alimenta um blog e o segundo está em tubarão trabalhando na área de cultura. outro já não vejo, mas esse eu sei que continua dando aula e escrevendo - sim, nosso querido amigo professor de literatura brasileira acabou de publicar mais um livro com poemas (eu li no jornal dia desses). tem uma que foi pra brasília - e está ganhando bem - e os outros estão por aí, e vão sentir sua falta.

nos encontrávamos diariamente e contávamos os centavos pro café... quando não havia grana saíamos do r.u. pra algum laboratório de lingüística ou de literatura em que algum bolsista amigo nos deixava filar um pouco do nosso néctar. nós gostávamos de café e, se não me engano, além de adorar tirar sarro dos nossos colegas, acho que fazíamos aniversário no mesmo dia... e fazíamos mais coisas, comentávamos as aulas de raúl antelo com entusiamo e íamos aos cafés literários do sesc pra comer e discutir questões que achávamos importantes e assistíamos filmes e peças e shows que rendiam longos papos cheios de citações e escárnio. líamos de tudo, e éramos críticos ferozes... lembra do rico esculachando o mirisola e dizendo que deveríamos largar tudo e ir atrás de onetti?!?

foi naquele período que me vi uma fraude, eu não tinha saco pra academia, não tinha vontade de ler foucault ou said com lápis na mão (aliás, até hoje não terminei o primeiro capitulo dos fragmentos do discurso amoros, sabia?!?). mas tem uma coisa que eu não te contei, foram vocês que me ajudaram a perceber isso - que eu não era intelectual. admirava e inveja seu senso de humor ácido e quase infantil, esbanjando uma inteligência rara (porra, você aprendeu romeno sozinho - e só pra tirar um onda!).

ah, meu querido, nem sei ao certo o que dizer, mas estou chocado em saber que não mais nos cruzaremos por aí. aliás, percebi agora que faz um ano que não nos vemos... triste.

um grande abraço pra você. e nos amigos lídia, cristiano, tiago, juniores, marco, lara, priscila, victor, alckmar, ieda, ana carina, januário, fábio, tânia, emílio, carol, juliane, rachel, zilma, zé ernesto, sérgio, rico, veronica e outros alunos das letras que certamente sentirão, assim como eu, sua falta.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Encontro inesperado ...


... em frente ao Musée D'Orsay (que aprendi hoje que se pronuncia dorsê ou algo parecido) em

Paris.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O tesouro

Certa manhã, acordou esquisita. Isso deve ser da idade, pensou, já não sou menina. A sensação perdurou durante todo o restante do dia, no trabalho, no ônibus, na rua. Em casa, ao jantar, com um prato de sopa diante de si, tomou a decisão. Começaria a economizar, guardar bens, valores, qualquer coisa.

No dia seguinte, saiu de casa mais cedo e passou por um pequeno comércio de quinquilharias. À noite, abriu a sacola que trouxera da lojinha e dali retirou uma caixa de madeira, de trinta centímetros quadrados. Recortou pedaços de feltro, que colou nas paredes internas, e finalizou o trabalho fechando a peça com uma chavezinha de metal. Se não de ouro, ao menos dourada, contentou-se.

Desde essa noite, não pensava em nada que não fosse conseguir objetos para guardar na caixa. Obviamente, não dinheiro, mais bem-guardado no banco. Queria coisas reluzentes, algo que as reviravoltas da economia não ameaçassem de desvalorização.

Tudo o que lhe parecesse de valor ia para dentro do abrigo. Quando meus herdeiros puserem os olhos sobre este tesouro, saberão que lhes doei coisas que me são caras, pensava. Uma pessoa não pode passar a vida em vão, sem deixar nada a ninguém, sem um legado, a não ser o da miséria da espécie, que a esse todos têm acesso.

Chegava a se sentir feliz imaginando o dia de sua morte, com a família a usufruir as riquezas. E o tal não demorou. Um acidente com o ônibus em que ia ao trabalho foi suficiente para lhe pôr fim à existência e à de uns quantos usuários do transporte.

Depois do enterro, já em casa, os irmãos arrumavam as poucas e puídas peças de roupa, guardavam sapatos, produtos de maquilagem, quando um deles encontrou no guarda-roupa a caixa do tesouro. Na parte de cima, a caneta: “Aos meus”. Chamou os outros, juntaram-se para ver a novidade.

Aberta a caixa, que desprendia um cheiro de tabaco envelhecido, os irmãos encontraram, entre vários cigarros soltos pela peça, já com o papel amarelecido e o filtro murcho, pedras coloridas, pedaços de vidro e acrílico, rolhas de cortiça e um papelinho com as bordas carcomidas onde se lia: "...eu ainda a sofrer dos efeitos da queda de um cavalo que nunca montei*".

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*José Saramago, in As Pequenas Memórias

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Me respondam

Existe coisa mais chata que Fórmula 1?

Na minha opinião, somente um grupinho de marmanjos papeando sobre Fórmula 1 - Ui!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Homem tem que ser tratado igual cabelo!

Homem tem que ser tratado igual cabelo!

Num dia a gente prende, no outro solta, num dia a gente alisa, no outro enrola.

Dá uma cortada quando precisa!

Numa semana a gente amacia, na outra é só dar uma batidinha que ele fica ótimo!

Fala a verdade, cabelo dá trabalho....

Mas você consegue viver careca?

sábado, 17 de maio de 2008

Entre Madri e Barcelona

O teclado só tem til em cima do n. Há ponto de ¿? . Na falta do til, fico sem boa parte do vocabulário.
Chegamos em Madri dia 09, sexta-feira e à tarde. Logo a noite descobrimos que quase todos os garotos que entregavam folhetos nas esquinas eram brasileiros. A maioria estava em Madri a menos de um ano. Garotos de todos os cantos do Brasil (até de Macapá!). A noite de Madri começa depois das 10h. E nessa época do ano anoitece depois das 09h30. É linda! Lindo o museu do Prado, as praças, as ruas, os monumentos. Na ultima noite esparemos na praça o metro que começaria a passar às 06h. Já era quase isso.
Barcelona é muito diferente. Andamos muito e pagamos todos os micos de turistas: fotos imitando estátuas, segurando o rabo dos leoes etc etc etc. Barcelona é uma Babel. Ouve-se todas as línguas. Há gente de toda parte do mundo. Todos passeiam por La Rambla. Para mim, é a cidade dos arquitetos. Se tens um projeto maluco para um edifício, o lugar de construí-lo é Barcelona.

domingo, 11 de maio de 2008

Desaparecida

Foi vista pela última vez, no início de maio de 2008, nos arredores do Terminal Rodoviário do Cruzeiro. Na ocasião, trajava-se como consta da foto. Qualquer notícia, entrar em contato com a Casa Branca (c/ Lídia e Luís). A família agradece.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Da série "Indagações"

Tenho dois relógios.
Um me aperta o pulso.
O outro fica frouxo.
Sou eu que não caibo no mundo ou é o mundo que não cabe em mim?

sexta-feira, 25 de abril de 2008

*Sabe a diferença entre o 'Tu' e o 'Você'?

Segue-se um pequeno exemplo, que ilustra bem essa diferença.

O Diretor Geral de um Banco, estava preocupado com um jovem e brilhante Diretor, que depois de ter trabalhado durante algum tempo junto dele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao meio-dia. Então o Diretor Geral do Banco, chamou um detetive privado do banco e disse-lhe:
- 'Siga o Diretor Lopes durante uma semana, espero que ele não ande fazendo algo sujo'.
O detetive, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou einformou:
- 'O Diretor Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega seu carro,vai a sua casa almoçar, faz amor com sua mulher, fuma um dos seus excelentes cubanos e regressa ao trabalho'.
Responde o Diretor Geral:
- 'Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso'.
Logo em seguida, o detetive, querendo fazer-se entender melhor, pergunta:
- 'Desculpe. Posso tratá-lo por tu'?
- 'Sim, claro' - respondeu o Diretor surpreso.
- 'Bom, então vou repetir' - disse o detetive.
-'O Diretor Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega teu carro, vai a tua casa almoçar, faz amor com tua mulher, fuma um dos teus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Entrenando mi español

Él ha pasado toda su vida dudando.
Dudó de su padre cuándo él le contó cómo se hacían los bebés.
Dudó de su madre cuándo ella le dijo que sus poesías eran muy lindas.
Dudó de su profesora cuándo ella le contestó que la capital de Brasil era la ciudad de Rio de Janeiro.
Dudó de la primera chica que se quedó enamorada de él.
Dudó del lanzamiento del disco Chinese Democracy, del Guns N’Roses.
Dudó que Homero existiera, dudó de Platón, del Holocausto y de Bush.
Dudó del hombre que le dijo en la escuela que todos tienen alguna vocación profesional.
Dudó que Ronaldo tuviera una convulsión antes del último partido del Mundial de Fútbol del 98.
Dudó que su sueldo seria mediocre después de pasar por más de quince años estudiando.
Dudó que el hijo era suyo, dudó que ella no volvería.
Dudó que tenía cáncer.
Dudó que pudiera morir.
Dudó de Dios, de sí mismo y de su padre a reírse.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Anos de namoro. Um dia terminaram. Quase nada para dividir, não moravam juntos. Apenas fotos e dois ou três cd’s – sem problemas. Ela sai da casa dele com suas coisas debaixo do braço, sobe na bicicleta e pedala. Pedala, pedala, até que encontra uma amiga que a cumprimenta pondo a língua pra fora. Ela tenta falar com a amiga, mas a menina tem pressa e pede que ela ligue mais tarde.
Eu não tenho o telefone dela, ele tem. Não, não vou ligar pra ele.
Mas liga.
Podes me passar o telefone da Fulana? Tu não tens? Não. Achei que tinhas. Pois é, não tenho. Esperaí, vou procurar. Tá. Não achei. Que? Sei lá, acho que não tenho. Não tá querendo me dar o telefone, é isso? Não, não é isso. É sim, tá achando que vou ficar com os nossos amigos todos pra mim! Não, não é isso. Então por que não me dá o telefone dela? Porque eu não achei, já disse. Não tô acreditando! Problema teu se não quiser acreditar. Olha, eu vou aí na tua casa e vou vasculhar tudo atrás desse número! Ah, é? É, e eu vou agora!
Desliga o telefone na cara dele, pega a bicicleta e se manda em direção à casa do recém-ex. Tem certeza de que ele tem o telefone da amiga e está de sacanagem por não querer passar.
Aquela criatura tá com medinho de perder os amigos pra mim...
Chega e entra sem bater. Vai direto ao quarto dele, que lê uma revista na sala e nem sequer se levanta. Procura nas gavetas do criado-mudo, em uma, duas, três agendas, de trás pra frente, de frente pra trás. E nada.
Cadêêêêêê?! Te falei que não achei... Eu vou achar, eu vou achar! Tá perdendo teu tempo. Tu rasgou e comeu o papel por acaso??
Ele se levanta e vai até a porta do quarto.
Quem sabe mais tarde eu possa devolver?

Urrando, ela pula em cima dele. Os dois caem na cama e por ali ficam.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Lema para um quintal quase abandonado


OCUPAR, NÃO RESISTIR E PRODUZIR.

A primeira vez

(Contribuição "didática" da amiga Mi Fabri)


Antes que perguntem, não vou falar sobre “aquela” primeira vez, pois foi péssima! A segunda foi muito melhor... Explico: estarei relatando aos queridos leitores do quintal minha primeira vez numa casa de swing em São Paulo.
Bom, basicamente o swing é uma troca de casais (ou em conjunto também) para brincadeirinhas saudáveis... Em São Paulo há muitas casas para praticantes de swing, mas há duas mais conhecidas. Como não estou aqui para fazer propaganda, digo apenas que fui a que fica situada no Brooklin. A casa é bacana, bem aconchegante, conta com uma infra-estrutura boa e um público variado: gente jovem, mais velha também, gente bonita e feia, gordos e magros, enfim, de todos os tipos. Mas não pensem que é uma "baladinha" barata. No dia em que fui o casal pagava R$90,00 só a entrada, mulher solteira, R$40,00 e homem solteiro, R$100,00. Homens solteiros entram em dias específicos e não têm acesso a todos os ambientes.
Vamos dar continuidade ao relato. Foi numa quinta-feira. Exatamente à uma hora da madrugada chegamos eu e o "A" (como chamarei ao meu amigo, por questões de privacidade) à boate, nos identificamos, fomos revistados e adentramos o recinto. Estava bem cheia a casa. Assim que entramos nos deparamos primeiramente com uma pista de dança e um palco ao fundo. Fomos até o bar, bebemos cerveja e começamos a "vislumbrar a paisagem" - percebiam-se muitos casais "falsos", não-casados como nós (que não temos nenhum relacionamento amoroso duradouro) e que usam dessa mentira para não pagar mais caro por estarem desacompanhados. Muitos homens levam prostitutas, o que teoricamente a casa não aceita, mas é difícil saber quem é ou não. Vimos poucos casais "verdadeiros" e vários homens solteiros, pois na quinta-feira a entrada é liberada para eles.
Assistimos a um show de stripers femininos e masculinos. Um dos stripers masculino me chamou atenção, um pouco tímido, com não tantos músculos quanto seus outros dois colegas de palco. Cheguei mais perto para admirá-lo, é lógico! Não sou boba! Mas não só eu como muitas tiveram a mesma idéia... Toquei-o de tudo quando é jeito, mesmo tendo que disputá-lo com as outras. Pelo toque mais embaixo tinha um membro delicioso, pena que não pode brincar em expediente. Tá bom, deixa pra lá!
Depois fomos um pouco mais para longe do palco, onde havia uma porta giratória com dois seguranças. Um deles era um negão delicioso, mas, assim como os stripers, não podem brincar em horário de trabalho, infelizmente. Da porta em diante o ambiente muda, não é mais aquele que lembra uma boate, com pista de dança, bar, palco. Já é bem mais fraca a luminosidade, o ar-condicionado ligado no último e alguns corredores e cabines. Ah, esqueci de falar, o meu amiguinho, o "A", me disse que existem alguns códigos, que são os seguintes: mulher de calça jeans, não rola nada; mulher de saia abaixo do joelho, significa que pode até rolar e mulher de mini-saia é tudo liberado! Eu, como sou uma moça comportada, fui com uma saia abaixo do joelho.
Continuamos andando e fomos até um sofá bem grande, estilo pufe, onde alguns casais se abraçavam e se beijavam, algo normal. O "A" sentou, sentei em seu colo ficando de costas para os outros casais. Não muito tempo depois veio um rapaz, bem novo, um moleque, e começou a me alisar, depois a se esfregar... já senti pela respiração – e conferindo um pouco mais embaixo – que ele já estava de pau duro. Meu amigo aconselhou que eu pedisse pra que o rapaz se afastasse, pois senão ia ter mais gente em cima.
Fomos para outro lugar, que era uma cabine com uma cama redonda e somente uma cortina. Lá um casal transava, enquanto muitos homens de fora olhavam, “batendo uma", pois só podiam entrar se fossem convidados. Olhamos um pouco a "performance" deles. Excita bastante, mas havia muitas coisas ainda a se conferir!
Saímos para as cabines privativas e ficamos esperando no corredor alguma desocupar. Naquela espera parece que você está numa produção de filme pornô - se ouvem muitos gemidos, sussurros, gritos e até palavrões, mas tudo bem. Uma cabine vagou e o "A" e eu entramos para brincarmos um pouco só nós, quando de repente senti uma mão curiosa me alisando por trás, deu um tesão louco na hora. Então percebi que na cabine existiam vários buracos bem distanciados, e por ser escuro não se via bem o que era ou quem era, tudo passou a ser uma questão de toque. Apareceram mãos, peitos, paus, e aí fui me divertindo e usando a imaginação. Me deleitei usando mãos e boca. O "A" ficou louco ao ver tudo aquilo e se juntou à brincadeira.
Terminada essa parte, o "A" sugeriu que saíssemos e continuássemos em mais diversões. Claro que nesse passeio pelos corredores rola muita mão boba, muitos elogios, muito pedidos para brincadeiras... acho que nunca fui tão chamada de gostosa e delícia em toda a minha vida – e numa noite só! Mas neste dia a casa era liberada para homens solteiros e teve uma hora que encheu o saco aquele monte de homem perturbando. Me senti a poderosa rejeitando e escolhendo os homens que queria.
No final encontramos um casal, de mentira como nós, que foi se aproximando, começando com toques, e várias mãos bobas e beijos, mas não durou muito, porque logo viram que estávamos nos divertindo e apareceu um monte de macho para atrapalhar... aí nos distanciamos, cada um se ajeitando, e saímos em direção ao bar. Perdemos o "casal" de vista, mas tudo bem.
Nessa brincadeira já eram 5 horas da manhã! O "A" tinha de ir trabalhar às 8 horas, então pegamos um táxi, brincamos um pouquinho no hotel em que eu estava e fui dormir já eram quase 7 horas. Tadinho do "A", devia estar pregado, mas bem contente, ele adora uma putaria... ah, e eu também, né?
A noite foi muito divertida, muuuuuuuuuuuuuuuuito prazerosa, a companhia excelente. Agora quero conhecer as outras casas de swing de São Paulo!

sábado, 8 de março de 2008

Hola, chic@s!











Depois de 4 dias volto a encontrar um computador. E desde que chegamos na Costa Rica, no domingo passado, assisti tv apenas umas duas vezes - na primeira delas, em San Jose, estava passando uma novela chamada ¨Hasta que la plata nos separe¨ no lugar onde jantamos uma massa muito da vagabunda... Aliás, por falar em comida, em poucos dias aqui tivemos altos e baixos significativos na nossa alimentaçao, mas isso fica pra outra hora porque estou muito cansada pra ficar contando histórias agora... rs


Aí vao umas fotos. Besos a todos!

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Quando se encontra o amor

Nada mais me importa. Ergue-te, traz-me vinho. Brindemos.
Hoje, meu grande amor entrou na minha vida definitivamente.
Tudo o que eu queria, aquilo de que necessitava, meus anseios e sonhos realizados.
Não poderia estar mais feliz, leve estou, de tanta felicidade.
Não pensava que a pudesse alcançar nessa plenitude.
Meu amor, meu amor, ela é linda!
Não sei como pude viver sem ela todo esse tempo, mas sei que foi um período perdido, estéril.
Agora, sei que precisava dela para viver. Ela preenche minha vida, não sei o que faria sem sua presença.
E, agora, definitamente, em minha casa, de onde nunca mais sairá.
Sei que os amores acabam, mas quero que o nosso seja eterno, lutarei por isso.
Neste momento, enquanto escrevo estas linhas, ouço seu leve arfar na sacada do apartamento e me tranqüilizo, pois sei que ela está aqui, comigo.
Nunca pensei que esse amor, tido como diferente, talvez "amor que não ousa dizer seu nome", pudesse me fazer tão plena, realizada.
Minha branquinha, chegou hoje, vai ficar para sempre em minha vida.
Digo-lhe com todo meu coração: amo você, minha máquina de lavar roupas!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Os manés (também) choram

Guga entrou em quadra ontem à noite no Brasil Open, na Costa do Sauípe, para o início da sua despedida do circuito de tênis ao som de Roberto Carlos - "Se chorei ou se sorri / o importante é que emoções eu vivi" - e já entrou emocionado. Admito que chorei hoje cedo vendo isso. Lamento que o mané esteja deixando as quadras profissionalmente e ele, com certeza, lamenta mais que qualquer um: "Não é que eu não queira jogar mais... eu peço desculpas, mas é que realmente não consigo mais", disse ele ontem, com a simplicidade que lhe é peculiar, após enfrentar o argentino Carlos Berlocq. Pensei em como é triste se despedir de alguém ou de alguma coisa da qual se gosta muito, há muito tempo. Pior ainda se a despedida, como no caso dele, não é resultado da própria vontade. "Ainda antes de entrar na quadra, falei brincando para o fisioterapeuta, se não dava para ele colocar um quadril novo. Mas isso é uma fantasia. Tenho que pensar em tudo de bom que eu vivi". É isso aí, e, como diz a música do Bob Marley que tocou ao fim do jogo, "Don't worry about a thing, 'Cause every little thing is gonna be all right".
Saudações Avaianas!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

música de hoy

Transporte

Desde ahora mismo y aquí
hacia donde quiera que estés,
parte de mi alma
parte a tu encuentro.
Sabes que te llevo dentro mío
igual que yo sé que tu me llevas dentro.


Se trata de un leve pulsar
que se abre camino hacia tí
cruzando las estaciones, constelaciones,
los momentos.
Digo que esta vida es llevadera
sólo porque sientes tú
lo que yo siento.

Donde tu estás
yo tengo el Norte,
y no hay nada como tu amor
como medio de transporte.

En este instante,
precisamente,
más canto y más te tengo yo
presente,
más te tengo yo presente.


Jorge Drexler

domingo, 27 de janeiro de 2008

Beco da Lama

Estou no Beco da Lama, em Natal. Venho sempre aqui, encontro os amigos, bebo, converso, fico alegre. Bares, barracas, churrasquinho, cerveja, cachaça, papo animado. Música. Gente boa.

Aos poucos, fica-se mais feliz, fala-se mais, a conversa quase aos gritos, rio-me. A noite está boa, promete. Tenho 45 anos, uso um macaquinho de brim, camiseta, sandália rasteira, o cabelo solto, apesar do vento. Gosto de soltá-los, são crespos e longos, chegam até o meio das costas. Estou bonita.

Os homens começam uma conversa engraçada sobre a mulher que foi assassinada na Redinha. Traía o marido. Ele a esfaqueou, foi notícia nos jornais. Eles se riem, dizem que o corno não era manso. Rio-me também.

Estamos bem no meio do beco, na calçada do bar mais freqüentado. Na outra esquina, vejo o menino. Ele se aproxima. Parece uma criança, mas já tem quase 30 anos. Negro, o cabelo quase raspado, magro, bermudas e chinelo. Ele vem para a mesa, já sei. Conhece todo mundo. Não me importo. Estamos em festa. Estou no bar.

Na mesa, todos alegres. O menino também. Está tudo bem, é uma noite gostosa. Ele já chegou bêbado. Eu não estou menos, aqui já há tanto tempo. Ele me afronta. Não sei para que, não me incomodo.

O menino insiste na provocação. Ele me irrita. E me ofende. Vou para cima dele, não levo desaforo. Quem tu tá achando que é, infeliz? Pensa que tá falando com quem? Ele responde com risadas, parece aéreo. Ri-se. E me chama de noiada.

Furiosa, afronto-o, quem tu tá chamando de noiada, seu. bosta? Ele continua achando graça, isso me enfurece mais. Saio de onde estou, rodeio a mesa e chego até ele. Que é que tu tá falando? Meto-lhe a mão na cara, ele se esquiva, rindo-se.

Os outros da mesa se levantam, tentam me acalmar, põem-se entre mim e o menino. Não quero saber, desvio-me deles, quero alcançá-lo. Avanço sobre ele. Sem parar de rir, levanta-se, foge, mas não deixa o bar, rodeia a mesa, eu o sigo. Um neguinho desses me chamar de noiada? “Ué, se fosse branquinho, podia?” A frase vem de uma mulher gorda, com cara de turista, na mesa ao lado. Olho-a, por alguns segundos, fixa e duramente. Fuzilo-a. Ela se retrai, desvia o olhar, abaixa a cabeça. Volto-me ao menino.

Vem cá, merda. Quero ver, agora. Corro atrás dele, os homens tentam me segurar. Ele entra no bar. Vou atrás. Na porta, há engradados cheios de garrafas vazias. Pego uma. Quero quebrá-la em sua cabeça. Mil braços envolvem meu corpo. Seguram-me de todas as maneiras, querem impedir-me. Deixa eu acabar com esse neguinho, quem é noiada, safado?

Com a garrafa na mão, o braço no ar, seguro por outras mãos, o menino lá dentro, sou puxada, empurrada, uma nuvem de gente em torno de mim, não o alcanço. Levam-me pra fora, aos gritos.

Tiram-no do bar, pedem-lhe que se vá. Ele não atende, continua pela calçada, rodeia as mesas, ri-se. Eu grito, ainda me seguram. Tu te lembra quando chegou aqui? Um neguinho, com fome, sem cueca, a bunda suja de bosta.

Com os movimentos que faço para me livrar dos braços que me prendem, meus cabelos, revoltos, entram pelo meu rosto, pela minha boca. Tiram a garrafa de minhas mãos, estou cansada, mas ainda quero alcançá-lo. Não me soltam. Grito. Tu é um fudido, dormia na rua, o cara comia teu cu, aqui na calçada. Eu que te levei pra casa, te dei banho, te dei comida. Tu vem me chamar de noiada? Vem cá pra ver se tu é homem.

Alguns homens vão até ele. Pegam-no pelo braço, levam-no, dobram a esquina do beco, desaparecem. Soltam-me, ajeito os cabelos, volto à mesa. A garçonete traz mais uma cerveja. Sento-me, olho em volta. Ninguém se abala, tudo como dantes. Em suas mesas, freqüentadores bebem, conversam, a música toca. Rio-me. A turista foi embora.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O verão termina após o carnaval?

Janeiro em Soterópolis. Do ônibus que atravessa a Orla da cidade, avisto duas dezenas de outdoors anunciando o verão: “Ensaio da Banda AEIOU”, “Camarote da Grande Estrela do Carnaval”, “Feijoada VIP da Baiana-Cheia-de-Graça”. Um deles desafia: “O seu verão acaba com o carnaval?”. Próxima parada. Sob o sol escaldante de 8:00 da manhã, algumas pessoas tentam se proteger na sombra de um poste, formando um ângulo de 45º. Esperam o famoso “buzú” ou “humilhante” para mais um dia de trabalho. Lembro da reportagem da TV: o baiano é um povo muito alegre. Ah! Este sol, este mar! Com uma vista dessa, não tem como ficar mal-humorado...
Uma mulata vistosa, de 1,60 de altura, cintura fina, quadris largos, bunda grande e pouca roupa, adentra o coletivo. Ao meu lado, dois homens, um jovem negro e o outro branco de meia idade, curvam o pescoço examinando todos os detalhes. Ouço a conversa: - “Posso te arrumar uma deste jeito aí”. Diz o jovem ao homem, que, de boca aberta e olhos arregalados, apenas balança a cabeça. Os dólares dos gringos movimentam a economia da cidade no verão. Eles vêm em busca do Sol, da Alegria, e também de Mulheres, Mulherinhas que mal saíram da infância. Alguma novidade? Acontece todos os anos. Quase não dá nos jornais. A grande notícia do dia é a polêmica sobre a escolha do Rei Momo. Muito magro! É marmelada!
Enfim chego ao meu destino, desço do coletivo e sigo em direção ao Porto da Barra. Encontro amigos. Praia lotada. Banho de mar delicioso. Na areia, disputamos espaço com cadeiras de praia, vendedores ambulantes, jogadores de frescobol, celebridades e catadores de latinha. Peço cerveja a um rapaz que recolhe cadeiras para alugar. Ele solta um riso nervoso e responde: - “Não vendo cerveja, moça. Sou burro de carga. Onde tem trabalho pesado, eu estou”. Penso no mito da preguiça baiana. Lanço a mim mesma o desafio do outdoor: o verão deste rapaz termina com o carnaval? Não sei responder. Neste ano, ninguém quis ser cordeiro*.





* São chamados de “cordeiros” os homens e mulheres que recebem R$ 20 por dia para empurrar as grandes cordas que separam os foliões de Blocos dos outros foliões (“pipoca”), no carnaval de Salvador.

sábado, 12 de janeiro de 2008

De novo

Acabou, está acabando.
Família, amigos, Campão. A cidade está linda, talvez não saia nunca mais daqui. Morrerei velhinha, andando pelas calçadas sujas do centro e reclamando do trânsito. Mas as calçadas são limpas, e o trânsito, muito melhor que o de vários lugares por onde andei. Dirijo pelas ruas e vejo que são pequenas, pequena é a cidade, pequenina Campo Grande. Era enorme, antes.
As cidades são como os sonhos, e sonhos, sonhos são. Por mais intrincados que sejam seus caminhos, quem sonha sabe aonde vão dar. Mas isso é plágio de Calvino, misturado com letra de Chico. Música de Tom é casa de Oscar; poema de Chico é casa minha.
Amanhã, os amigos fazem festa. Despedida pra mim. De novo. Despedida de Brasília, despedida de Campo Grande. Outra festa pra eu rir, outra festa pra eu chorar, outra festa pra eu me embriagar. Embebedar-me de amigos, para vê-los partindo, um a um, da casa, do bar, sem saber quando e se vou encontrá-los de novo. Sentir os mesmos cheiros, ouvir as mesmas vozes, rir das mesmas piadas batidas, discutir as mesmas divergências insolúveis, fazer as mesmas chacotas, chamar pelos apelidos, abraçar emocionadamente, fingindo que não é nada, não é nada, não é nada, não sou piegas, não vou chorar. E para que me vejam partir. Hora de ir embora, quando o corpo quer ficar. Chico de novo, nada original. Eu, não ele.
E lá, do outro lado do mundo, do lado de lá da montanha, que a gente não conhece, por isso deseja, a cidade nova que me espera. Eu a espero. Um amor novo, que não deu certo. Amores dão certo? Um outro e novo amor, que desejo dê certo. Amores dão certo? Ele escreveu, ele escreveu. Escreverá amanhã? Ele telefonou, telefonará depois? Não sei, é outro, é novo, muito novo, talvez dê certo. Amores dão certo? Será diferente do anterior, tão recente, tão infeliz? Será. Amores dão certo.
Tenho de escrever. O conto do aeroporto. A crônica do beco de Natal. Um artigo científico. A edição de um livro cujo prazo expira breve. Um medo, de novo, medo velho, de modo novo. Já não sei o que penso, não sei o que escrevo, não sou de escrever assim. Amanhã, apago esta porcaria.
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Direto de Campo Grande para o Quintal. Também está no meu blogfúndio, claro.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

uma questão que me persegue


Passados mais de dois anos que estou em Brasília, toda vez que volto de Florianópolis ainda me ocorre o seguinte questionamento:
Não havia, décadas atrás, nenhum lugarzinho perto do mar dando mole para se construir uma capital?