Glorinha era uma moça sonhadora que acreditava em contos de fadas, coelhinho da páscoa, papai Noel e no amor. Ela sempre viu nesse sentimento algo infinito e arrebatador, capaz de fazer de nós, seres humanos, pessoas melhores e mais felizes, capazes de perdoar e confiar. Um sentimento puro que traz brilho ao olhar e um largo e verdadeiro sorriso. Sentimento também que nos torna mais bonitos, pois eleva e renova a nossa auto-estima a cada dia.
Ao longo da sua vida, acreditou que pudesse, um dia, encontrar seu príncipe encantado, sua “alma-gêmea”, que estaria vagando por aí à sua procura, feita, para ela, sob medida. Com esse príncipe ela sonhava em se casar, ter dois filhos (Miguel e Luíza) e, como nos clássicos contos de fadas, ser feliz por toda a eternidade.
Infelizmente, Glorinha se enganou. A jovem sonhadora descobriu que tudo isso era fruto de uma educação à base de leituras e filmes fantasiosos, onde, no final, a mocinha encontra no mocinho o seu verdadeiro e grande amor e com ele vive aquele tradicional “e foram felizes para sempre”.
Sua primeira decepção foi ter descoberto que papai Noel não existia. A outra, foi quando viu seu pai colocar o ovo de páscoa embaixo da cama. Mas a maior delas foi quando descobriu que esse amor que tanto buscava não existia. Percebeu que a vida não é um filme, muito menos um livro de contos de fadas. É feita de troca de interesses e amor condicionado, como se amar fosse um favor entre as pessoas.
Se no amor verdadeiro “tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta”; se o amor de verdade jamais acaba, me desculpe, caro leitor, mas esse amor só existe no futebol. Cheguei à conclusão de que amor puro, pleno, incondicional e eterno é o amor ao time. Por ele sofremos e vertemos até a última gota de lágrima. Há quem fique doente. A cada derrota, a cada gol tomado, a cada “frango engolido”, a cada lance perdido, a cada m... feita em campo xingamos os jogadores, o técnico, o juíz e as respectivas mães. A raiva sobe, a revolta e a vontade de cair na porrada com toda a equipe e com os adversários toma conta.
Mas que raio de amor é esse que só desperta sentimento ruim? - deve estar se perguntando o leitor. Pois eu digo, meu caro, que tudo isso faz parte do amor que, como expliquei anteriormente, é sofredor, em tudo crê (o time está na lanterna e a gente acredita que ainda pode chegar ao G4), suporta a derrota, as goleadas, a traição do técnico que nos deixou para dirigir nosso maior adversário, mas que acabou voltando, tornando-nos campeões, ou, pelo menos, tirando-nos da zona de rebaixamento.
É esse amor que nos faz tolerar e perdoar nosso time derrotado, rebaixado ou vice-campeão (que me perdoem os vascaínos). Basta um gol, uma partidinha ganha (por mais insignificante que ela seja) e pronto: toda a raiva vai embora e dos sofrimentos nos esquecemos. É só felicidade. O técnico passa a ser o grande herói, Obina, o melhor do mundo e ainda se transforma em amuleto (o anjo negro da Gávea). A alegria proporcionada por uma vitória qualquer é muito maior que o sofrimento pela perda da Libertadores.
O mesmo Flamengo, Vasco, Palmeiras, Botafogo, os mesmos Atléticos e tricolores, e tantos outros que nos fazem sofrer, também nos trazem alegrias imensas e intensas, nos deixando eufóricos como uma criança que acabou de ganhar um brinquedo novo.
A cada partida, um frio na barriga, as unhas roídas e aquele nervoso, que só quem ama sabe como é. Cada lance, cada gol, cada vitória é um novo brilho que surge no olhar e um novo sorriso. Como diz o chato do Galvão Bueno ( e nesse caso eu vou ter que concordar com ele): “HAJA CORAÇÃO!”
Por nosso time sofremos, choramos, passamos raiva, ficamos doentes. Mas, no final, sempre perdoamos, confiamos e a ele seremos sempre fiéis. Isso sim é amor. O resto é qualquer coisa.
Um comentário:
O amor lá em Floripa é assim: http://www.youtube.com/watch?v=REbCztXgbnA
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