Só a arte, e mais particularmente a literatura, pode dar conta da vida. Tenho a nítida sensação – e não vou dizer certeza por medo da presunção e apenas por isso – de que a representação da vida é maior que a própria vida. Sei que não sou original. Guimarães Rosa e Caetano Veloso, por exemplo, cada qual à sua maneira, já disseram isso. G.R., em “A Viagem do Grivo”; Caetano, em “Jenipapo Absoluto”. Essa afirmação oprime. Somente a coisa contada, cantada, falada, registrada, existe? Somente a palavra cria os seres, o mundo? Especulações metafísicas incoerentes na boca de uma materialista. Fazer o quê?
9 comentários:
Sempre fico com a pulga atrás da orelha. Também adoro arte e literatura principalmente. Mas fico pensando se outras "artes" por aí,(o mundo da física, da lógica, da matemática) podem ser tão interessantes quanto uma boa literatura.:)
Qual a contradição? Por ser materialista não se pode pensar em algo maior que a vida?
As representações são múltiplas e diversas e se materializam num tempo além de nós.
Ando pensando em reler uns trechos do oscar wilde sobre a arte, mas to sentindo um trem que rima com linguiça, sem trema.
Vi um filminho espanhol no fim de semana no qual uma personagem dizia que as coisas só existem quando/porque pensamos nelas. Escrever seria então uma forma de registrá-las em cartório... rs rs
Pensar não é já escrever, creio que as coisas sim, só tem existência na representação, mas a arte, ela toca naquilo que escapa á representação, é o oco do mundo, é, sei lá, semi-representável. Por isso tão interressante. Mas, tumém num sei.
Mas gostei dessa, o oco do bundo, ou como diria o seu caetanim, o cu do mundo...
Pera lá que eu vou chamar a turma do PC do B pra enquadrar a pequeno-burguesa...
Ai ai... esse Aldo Rebelo...
ana claudia a la lispector...
Gosto dessa q o Sandro me largou:
É assim que Dewey é levado a declarar: ‘Sob o ritmo de cada arte e de cada obra reside [...] o motivo básico das relações que a criatura viva tem com seu meio’, de maneira que o ‘naturalismo, no sentido mais amplo e profundo da natureza, é uma necessidade para toda a grande arte’ (AE, 155-156). Pois o papel da arte não é o de negar as raízes e as necessidades naturais ou orgânicas do homem, a fim de alcançar alguma experiência etérea, mas sim o de oferecer uma expressão satisfatoriamente integrada a nossas dimensões corporais e intelectuais, as quais, segundo Dewey, nós cometemos o doloroso erro de separar. O objetivo da arte é ‘servir a criatura toda em sua vitalidade unificada’ (AE, 122).” (SUSTERMAN, 1998, p. 234).
Carai!
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