segunda-feira, 18 de junho de 2007

Representação

Só a arte, e mais particularmente a literatura, pode dar conta da vida. Tenho a nítida sensação – e não vou dizer certeza por medo da presunção e apenas por isso – de que a representação da vida é maior que a própria vida. Sei que não sou original. Guimarães Rosa e Caetano Veloso, por exemplo, cada qual à sua maneira, já disseram isso. G.R., em “A Viagem do Grivo”; Caetano, em “Jenipapo Absoluto”. Essa afirmação oprime. Somente a coisa contada, cantada, falada, registrada, existe? Somente a palavra cria os seres, o mundo? Especulações metafísicas incoerentes na boca de uma materialista. Fazer o quê?

9 comentários:

Anônimo disse...

Sempre fico com a pulga atrás da orelha. Também adoro arte e literatura principalmente. Mas fico pensando se outras "artes" por aí,(o mundo da física, da lógica, da matemática) podem ser tão interessantes quanto uma boa literatura.:)

Valéria Barros Nunes disse...

Qual a contradição? Por ser materialista não se pode pensar em algo maior que a vida?
As representações são múltiplas e diversas e se materializam num tempo além de nós.
Ando pensando em reler uns trechos do oscar wilde sobre a arte, mas to sentindo um trem que rima com linguiça, sem trema.

Lidia disse...

Vi um filminho espanhol no fim de semana no qual uma personagem dizia que as coisas só existem quando/porque pensamos nelas. Escrever seria então uma forma de registrá-las em cartório... rs rs

Mariana R disse...

Pensar não é já escrever, creio que as coisas sim, só tem existência na representação, mas a arte, ela toca naquilo que escapa á representação, é o oco do mundo, é, sei lá, semi-representável. Por isso tão interressante. Mas, tumém num sei.
Mas gostei dessa, o oco do bundo, ou como diria o seu caetanim, o cu do mundo...

Anônimo disse...

Pera lá que eu vou chamar a turma do PC do B pra enquadrar a pequeno-burguesa...

Mariana R disse...

Ai ai... esse Aldo Rebelo...

Jaana disse...

ana claudia a la lispector...

Valéria Barros Nunes disse...

Gosto dessa q o Sandro me largou:
É assim que Dewey é levado a declarar: ‘Sob o ritmo de cada arte e de cada obra reside [...] o motivo básico das relações que a criatura viva tem com seu meio’, de maneira que o ‘naturalismo, no sentido mais amplo e profundo da natureza, é uma necessidade para toda a grande arte’ (AE, 155-156). Pois o papel da arte não é o de negar as raízes e as necessidades naturais ou orgânicas do homem, a fim de alcançar alguma experiência etérea, mas sim o de oferecer uma expressão satisfatoriamente integrada a nossas dimensões corporais e intelectuais, as quais, segundo Dewey, nós cometemos o doloroso erro de separar. O objetivo da arte é ‘servir a criatura toda em sua vitalidade unificada’ (AE, 122).” (SUSTERMAN, 1998, p. 234).

Ana Silva disse...

Carai!