segunda-feira, 28 de maio de 2007

Há exatos quarenta anos eu entrava no sistema

Educacional brasileiro, se isso existe. Uma amiga me deixou um scrap e me fez lembrar. Grupo Escolar Tiradentes - entra burro, sai presidente! Ìamos de ônibus monobloco, pulando nos bancos para alcançar o teto passando quebra-molas. Na volta, colocávamos as pastas na fila, pra pegar lugar no ônibus e corríamos para a praça em frente. Praça dezenove de novembro, mais popularmente conhecida como a praça do homem nú. Curitiba estava mobilizada protestando contra a colocação do casal de estátuas vencedoras de um concurso, a mulher nua censurada hoje já pode ser visitada. Aos pés do enorme homem de pedra, um terrível cheiro de mijo, nada mais realista...
Fazem quarenta anos, afinal, que entrei pra escola. Nem sei se já não cheguei lendo e escrevendo na escola. O relato do tio que me conduziu pela mão deu conta só da minha tremedeira. Meus joelhos de olívia batiam um no outro. Em pleno 67, ser estudante era inconfessável!! Presenciei enfrentamentos com a polícia em plena rua e, como se não bastasse, esse mesmo tio havia chegado em casa, careca coberto com ovos e tinta e farinha e bêbado feito um gambá...por ter entrado na universidade! Nem imagino o que se passava na minha cabeça, mas entendo meu medo entrar para aquele mundo naquele momento.
Melhores momentos do primeiro ano na escola? As visitas à biblioteca (até hoje sinto que encontro minha alma nas estantes de livros), os passeios amarrados na cordinha, a horta, as normalistas ensinando a fazer manteiga...
Da escola o que mais lembro está do lado de fora!

6 comentários:

Lidia disse...

O meu era
'colégio São José - entre burro e sai mané'!
Ótimo, principalmente se pensarmos que quase todos já entraram manés...

Valéria Barros Nunes disse...

mané é um estado natural?
o cara nasce mané, cresce maná, morre mané?

Lidia disse...

é... algo do qual não se pode fugir.
uma dádiva ou um fardo, dependendo de como se encara. rs rs

Caetana disse...

Lídia, todo mundo da ilha já é manézinho antes mesmo de nascer. rsrsrs.
Os nomes das escolas que estudei não davam boas rimas. Não conseguimos pensar nada novo para Escola Estadual Professor José Carlos de Almeida. Ficou Zezinho mesmo. Estudei 8 anos no Zezinho. Depois estudei na EuTesFreGO, na UFGreve e na UnBesta.

Valéria Barros Nunes disse...

No almeida só estuda quem não peida?
affe...

Jaana disse...

Esse seu comentário - "Da escola o que mais lembro está do lado de fora!" - me fez lembrar um livro muito lindo que li anos atrás. Être malade et apprendre, eu acho. Fala da importância da educação/escola/aprendizado para crianças e adolescentes "impedidos" de frequentar a escola por problemas de saúde (se não me engano o livro fazia regerência principalmente àqueles que estavam com câncer). Foi na época em que fiz um estágio voluntário em um hospital que atendia crianças e adolescentes com câncer. Uma das principais constatações do livro era essa: que
da escola o que fica mais presente na vida das pessoas são os momentos vividos no "recreio", na esquina da escola, etc, etc, etc. Parando para pensar, tem lá seu fundo de verdade.