continuando minha saga escolar, para leitoras mais incautas: em 1977, entrei no segundo grau. Não, não repeti nenhum ano, interrompi os estudo por um ano para perambular pela europa, pois achava que eles explodiriam tudo em cinco segundos e eu queria ver umas coisas antes disso acontecer. Aliás, queria ver tudo explodir.
Aqui a paisagem era verde oliva. Os grêmios estudantis desativados, a universidade invadida, a repressão exibia seus soturnos coturnos sem laços cor de rosa. A escola era um tééééééééédio. Não podíamos nada, nem pensar! mas, nossa inteligência e o talento especial da época para bobagens se manifestavam mesmo assim!
Minha estréia em passeatas foi justamente uma bravata. Saímos da escola com cartazes contra a queda do skylab, o satélite americano que ia cair em algum lugar no mundo, não se sabia onde. Um dos cartazes dizia: "se cair no pé do Zico é gol!" Um monte de gente foi aderindo no caminho para o Conjunto Nacional, achando graça da forma encontrada para enfrentar a ordem de dispersar, ou aproveitando para bradar: abaixo o imperialismo americano! Fomos reprimidos por um batalhão de choque com cavalos e cães na altura do CONIC. Os dois que foram presos passaram um apuro para conter o riso diante do delegado, desconcertado com o motivo da baderna. Se fossem "de maior" teriam ficado "fichados".
Na verdade, qualquer um que se arriscasse a mexer os braços e pernas ao mesmo tempo já ficava carimbado como agitador!
Naquele tempo para subverter a ordem bastava estampar um sorriso na cara!
5 comentários:
"Quando tudo explodir
Mas não vai explodir nada
Vão ficar os homens se olhando
Dizendo: "O momento está chegando"
2000, é ano 2000
E não vai mudar nada
E não vai mudar nada"
do coleguinha Cazuza
Ai que diliça! conta mais! conta mais, conta?!
a gente vivia mesmo esta paranóia de que um cara poderia apertar um botão e PUM!
Eram os "vermelhinhos", minha filha! Eles tinham aquele botão que podia explodir o mundo. E ainda comiam criancinhas. E eu só tinha 6 aninhos. Bom, nenhum me comeu antes da maioridade e uma década e meia depois andei dando umas provadinhas em uns "camaradas" que já tinham migrado do PCdoB para o da estrelinha : )
Eu tenho uma curiosidade imensa sobre essas histórias dos tempos de chumbo... vivia perguntando coisas às pessoas da minha família, mas parece q eles acompanharam tudo mto de longe... uma vez, em uma reunião de família, perguntei mais sobre esse tempo e, depois de escutar os breves comentários que eles fizeram, perguntei se eles estavam todos em outro país ou, quem sabe, planeta. Nã! Às vezes eu canso de saber só dos livros, gosto de gente que eu conheço me contando das suas próprias experiências...
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