*no quintal de casa cada um faz o que quer. porque esse quintal é grande, do tamanho que a gente fizer. uma rede pra se balançar e balançar os pensamentos ele tem. tem um pé de limão, uma goiabeira, uma porção de plantas e flores e uns cachorros pra bagunçar o coreto. criança e adulto querendo ouvir história também sempre aparecem. e a gente conta. histórias de quintal. *
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
p-a-l-a-v-r-a
Fomos condenados à palavra e ela a nós.
A palavra nasce, cresce, mas não morre (apenas se esconde). A palavra vai à escola, senta no banco da indiferença e escolhe quem vai sentar ao seu lado. A palavra não pode ser reprovada e, mesmo não dita, se agiganta para cima de qualquer um que queira ser seu professor.
A palavra morde quem tenta aprisioná-la, arranca-lhe um dedo e lhe transmite a famosa tosse vocabular, aquela que faz com que o cidadão cuspa seguidas palavras que se repelem, como em “quando o grito do prazer açoitar o ar, reveillon”, resultado de uma crise aguda de um tal Djavan. Tem cura, entretanto, a palavra. Não a tosse.
Uma amizade desinteressada com a palavra tem chance de funcionar. Assim então a palavra se deixa flexionar a vontade, se multiplica, forma família, se conjuga que é uma beleza. Mas tudo sem pressa, que a palavra demorou para chegar onde está e teme se perder na boca de qualquer um. Não quer ser um mero morfema.
Drummond queria a palavra "dentro da qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a". Não desconfiava ele que a palavra não quer ser comida em suas entranhas, não aceita parasitas da palavra. Deseja ser saboreada sim, mas por fora, por diferentes línguas em cada uma de suas letras, emudecendo os que não foram convidados para o banquete da palavra.
"Tomai, todos, e comei: Isto é a palavra que será entregue por vós".
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
A TORCIDA DOS BAGACEIROS
A mulher odeia ser chamada de "gostosa" na rua, da incontinência verbal da sinaleira, de ser alvo de olhares atrevidos e maliciosos, certo?
Errado. A mulher não irá se envolver com nenhum desses homens, manterá distância, não aceitará sequer a conclusão do convite, mas qualquer chamado sonoro de um estranho a fará recuperar a estima e se sentir bem mais magra do que um pão árabe.
Há homens que estão trabalhando secretamente para os namorados e maridos. Os bagaceiros renovam o sentido erótico adormecido pela bolsa no ombro e pela pressa ao trabalho. Fazem suar as mais incrédulas, borrifam de sensualidade as mais céticas, frígidas e pessimistas. Interrompem o juízo final, anulam o fim do casamento, resolvem dívidas e tranqüilizam a nudez.
Até supõem que têm alguma chance, mas não estão seduzindo, estão uivando. O jorro escandaloso de suas gargantas não motiva o respeito. Inofensivos, tal leão-de-chácara em festa de criança. Não serão lembrados, mais um pássaro a cantar no meio de uma migração e desaparecer na velocidade embaraçosa dos telhados.
Entretanto, o efeito de seus apelos indecentes reconduzirá a mulher a reavivar o espelho e se reconciliar com a lycra.
"Ô gostosa" tem o mesmo resultado de um ácido glicólico.
"Tesuda" penetra na pele como retinol.
Os desaforos de rua são cremes caros e instantâneos. Recuperam cinco anos em questão de dez segundos. O que são as plásticas perto de um elogio safado?
Beleza não é beleza sem antes receber a condecoração do trânsito.
Quando abordadas, as mulheres aceleram o passo e atrasam os ouvidos. Lançam o corpo para frente e a audição para trás, a capturar o chamado lânguido pelas suas curvas. Permanecem avançando por discrição. Fazem de conta que não ouviram. A situação é esta: não podem parar, querem e não podem, seria corresponder à grosseria. Resta reconstituir a soma das letras seguindo adiante.
Os bagaceiros teriam grandes chances de vencer concursos de soletração.
Que bun-da.
Abrem a boca ao vento com a submissão de um consultório odontológico. Gritam sem esconder o rosto e a identidade.
São terroristas do corpo. Camicases que explodem junto com as palavras após cumprir a missão do instinto. Arremessam o rojão erótico aos pés das senhoras e senhoritas, putas e virgens, mal prevendo que perderam a chance de conquista com o estardalhaço.
As vítimas dos assobios e insinuações voltam a casa com irreconhecível orgulho. Não contarão nada do que aconteceu aos seus pares, sempre ciumentos, sempre defensivos, sempre educados. Seus amores não entenderiam as contradições do sexo.
Se compreendessem, agradeceriam a torcida dos motoboys, dos ciclistas, dos guris das passarelas, que empurram o time feminino ao ataque.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Noite às 16h30 da tarde!
aumenta a melancolia das ilhas frias
Com a noite chegando cedo,
parece que os mundos ficam mais distantes
domingo, 1 de novembro de 2009
Mundo globalizado
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Enquete sobre a inveja dos gêneros
1. As mulheres são mais simples do que parecem;
2. Mas nem sempre elas se conformam com isso e, às vezes, até se esforçam para soarem ininteligíveis;
3. Os homens não são tão seguros quanto o James Bond nos quer fazer crer;
4. Porém não são estúpidos como as mães os tentaram moldar.
Abaixo vão as transcrições de 22 respostas (11 homens e 11 mulheres, de 21 a 38 anos, gente casada, solteira, divorciada, virgem, homossexual, heterossexual, moradores de Florianópolis, São Paulo e Brasília). Divirtam-se...
eu: enquete - tem algo que tu invejes nos homens?
ela: fazer xixi em pé
eu: me too
ela: hauhauahau
eu: enquete - tem algo que tu invejes nas mulheres?
ele: hummmm... poder engravidar. no resto não
eu: é mesmo? interessante...
ele: sim. deve ser uma parada sinistramente visceral
eu: só... deve ser
eu: me responde - tem algo que tu invejes nos homens?
ela: tem, a simplificação das coisas. não consigo
eu: não consegue?
ela: é que pra eles tudo parece simples, no meu ponto de vista é diferetne
eu: devo ser meio homem mesmo
ela: kkkkkkkkkkkkkk... e vc?
eu: mijar em pé
ela: bom isso tb, mas é que aqui estou numa situação dessa de simplificação e isso me veio na cabeça agora. kkkkk
eu: enquete - tem algo que tu invejes nas mulheres?
ele: Ah, é o seguinte então: a única coisa que uma mulher tem de melhor é não pagar a conta quando vai para um bar... o mané: "Eu é que pago" e se não pagar, não pega novamente.... rs
eu: mas eu não estava necessariamente falando de uma situação "sexual"
ele: em nada, então
eu: enquete - tem algo que tu invejes nos homens?
ela: não. pq?
eu: sério?
ela: sério
eu: tá bom, não tá mais aqui quem perguntou
eu: tem algo que tu invejes nas mulheres?
ele: heim??
eu: é uma pergunta bem simples
ele: invejo uma coisa, o jeito especial de nos fazer de besta...rsrs
eu: kkkkkkkkkk
ele: e tb, vcs são muito mais bonitas! mas pra que essa enquete?
eu: curiosidade científica
ele: tenho até medo. depois me passa o resultado...rsrs
eu: enquete - tem algo que tu invejes nos homens?
ela: sim, a capacidade deles de não misturarem as coisas e levarem para o emocional, eles lidam com mais racionalidade com os fatos. acho as mulheres muito passionais
eu: isso dá pra generalizar assim?
ela: dá, por mais machista que possa parecer. vc acha que não?
eu: eu não me incluiria nessa descrição, mas concordo que boa parte das mulheres que conheço são assim
ela: entao, eu tb nao me incluiria, mas eu acho que a maioria é. pega por ex, uma chefa e um chefe: a chefa geralmente leva os erros de um funcionário como algo pessoal, contra ela. um homem geralmente nao faz isso. e vc, inveja o que nos homens?
eu: fazer xixi em pé, óbvio. não ter que se depilar...
ela: ahahaha. eu prefiro fazer sentada mesmo. é, depilaçao é um mal necessário... rs. nao ter que parir - isso tb é ótimo
eu: bueno, mas a gente tb não tem que parir... só se quiser
ela: bom, se quiser ter um filho biológico sim. não posso passar essa tarefa para o companheiro. rs
eu: kkkkkkkkkkk, verdade
eu: tá por aí?
ele: to sim, pode falar
eu: enquete: tem algo que tu inveje nas mulheres?
ele: hummm, o orgasmo
eu: por que? tu achas que o da mulher é melhor?
ele: pelo que eu sei vcs possuem o dobro de terminações nervosas que nós, portanto eh melhor sim. IUAHUIhiuah
eu: enquete - tem algo que tu invejes nos homens?
ela: ah, tudo no geral ou partes do corpo?... enfim se for tudo, acho que a liberdade que eles tem com relação aos pais.. menina é muito presa
eu: pergunta para resposta dissertativa
ela: acho que a forma que são criados, a liberdade que eles tem com relação aos pais e ao mundo.. tipo é permitido a eles fazerem muito mais coisas... a mulher tem que lutar muito mais pelo espaço seja na familia... nos estudos, no trabalho, enfim em tudo (quase)
eu: mais ou menos, né? tem coisas que a gente consegue só com um sorriso. malicioso, mas apenas um sorriso
ela: claro, claro.. nós temos nossos métodos kkkkkkkkkk... o q vc vai fazer com essas informações?
eu: vou dominar o mundo
ela: kkkkkkkkkkk
eu: enquete - tem algo que tu invejes nas mulheres?
ele: tem alterativas? ou eh subjetivo?
eu: subjetivaço...
ele: calmae... facilidade de conseguir as coisas
eu: como assim? explique-se!
ele: tah.. nao precisa explicar. eh fato que as mulheres conseguem as coisas mais facilmente do que os homens
eu: como? the pussy power?
ele: kkkkkkkk... no final das contas eh isso mesmo. tipo.. mulher, se quiser viver as custas de um trouxa, ela vive. o trouxa vai sustentar ela pro resto da vida. agora tenta fazer o contrário... heheheheh
eu: homem tb... tem muita mulher trouxa no mercado
...(continuando)
ele: como anda a enquete? satisfatória?
eu: tô tentando não perder os dados, o arquivo não tá abrindo! cacete! isso, por exemplo, é coisa de mulher
ele: kkkkkkkkkk
eu: será que se eu fechar consigo recuperar depois?? (desespero feminino por conta de incapacidade técnica)
ele: tu já salvou?
eu: não!
ele: kkkkkkkkkkkk, lascou então
eu: tá por aí?
ela: sim
eu: tudo beleza?
ela: =) tudo tranquilo!!! e por ai?
eu: certinho. tenho uma enquete: tem algo que tu invejes nos homens?
ela: pera ai... eles nao precisam fazer depilação! hahahahahahaha (se bem que tem uns que fazem né, rsrsrs)
eu: é, tem uns que fazem... e, em geral, ficam ridículos
eu: enquete - tem algo que tu invejes nas mulheres?
ele: a doçura e a flexibilidade
eu: flexibilidade? sei...
ele: sim! de corpo e de mente
eu: qual prevalece?
ele: não sei, talvez a da mente. as mulheres conseguem fazer muitas coisas ao mesmo tempo, pensar em muitas coisas ao mesmo tempo... a do corpo precisa de treino prá permanecer
eu: gostei disso
eu: tem algo que tu invejes nos homens?
ela: mijar de pé, não menstruar
eu: e andar sem camisa na rua? rs rs
ela: é vero. acho que não se estressar com cabelo também é bom. e ir para o clube e não ter que fazer contorno é uma vantagem e tanto também
eu: enquete: tem algo que invejes nas mulheres?
ele: não, não tem..rss...não dá pra ter inveja de um bicho que sangra sete dias e não morre...rs
eu: kkkkkkkkkkkkk
ele: e vc? tem algo que invejes no homem?
eu: queria andar sem camisa por aí e não ser presa
eu: enquete - tem algo que invejes nos homens?
ela: não posso falar agora, tenho reunião. invejo o pinto. queria não precisar me preocupar com o corpo. andar sem camisa no verão
eu: mas o homem não se preocupa com o corpo? imagina... e o complexo do pau pequeno?
ela: peraí, volto depois
eu: tenho uma enquete - tem algo que invejes nas mulheres?
ele: se eu invejo algo nas mulheres?
eu: yeah
ele: eu invejo a capacidade de realizar muitas coisas ao mesmo tempo
eu: mas tu não achas que isso deixa as mulheres meio esquizofrênicas? rs rs
ele: é, mas em muitas vezes vocês levam na boa
eu: e quando a gente não leva na boa, a gente nem leva
eu: enquete - tem algo que invejes nos homens?
ela: a cara de pau
eu: kkkkkkkkkkk. algo mais a acrescentar?
ela: não. fora isso, nada mais
eu: certo, simples e direta
ela: então estamos acertadas, beijocas
eu: oie. então, a enquete é - tem algo que invejes nas mulheres?
ele: Sim. Várias coisas. Gostarias de ser mais específica?
eu: não. é uma pergunta subjetiva, de resposta ampla e irrestrita
ele: hummm. Pera aí. Já vou responder
eu: vais procurar no google?
ele: não. Tô pensando em algo curto e objetivo
Acredito que vocês são seres que conseguem realizar várias tarefas ao mesmo tempo. Uma mulher é muito mais antenada que um homem. Vcs são mais espertas. E isso é o que???
eu: pesquisa
ele: Tá virando produtora de programa de família/barraco na band????
eu: kkkkkkkkkkkkkk
eu: tem algo que invejes nos homens?
ela: TEM.. FAZER XIXI EM PÉ
eu: rs rs... mais alguma coisa?
ela: ter filho sem sentir nada (enjoos, dores e nem se ferrar na hora do parto). sair transado pensando apenas.. "mais uma pra minha lista". eles não tem a capacidade de pensar, "caraca será que serei pai?"... "caraca será que peguei algo?"...
eu: uai, e eles não podem pegar algo??
ela: podem.. mas NUNCA pensam nisso... saem enfiando o pinto em qualquer buraco
eu: credo, que éca!
ela: kkkkkkkkkkkkk
eu: podes me responder uma enquete? tem algo que invejes nas mulheres?
ele: tá falando sério? qual o motivo da pergunta?
eu: pesquisa acadêmica... kkkkkkk
ele: sei... ahahah. algo que eu invejo nas mulheres?
eu: sim
ele: ai... se eu disser que não, vai ficar chateada?
eu: que? que não invejas nada? no problem
ele: pois é... acho que inveja não sinto, não... sinto é ciumes, desejos, essas coisas...
eu: certo, muito obrigada pela sua participação.
eu: tem um minuto?
ela: diga
eu: enquete - tem algo que invejes nos homens?
ela: kkkkkkkkkkkkkkkk. que pergunta capciosa
eu: é uma pergunta altamente científica
ela: hahahahaha, deixa eu pensar...
eu: pense...
ela: acho que o que mais sinto inveja deles é o fato deles não precisarem se arrumar (como a gente se arruma) para ficarem bonitos
eu: vai dizer que tu não repara no jeito que o cara se veste? se ele estiver de regata, pochete e sapato caramelo, tu vais achar o que?? rs
ela: depende, se o cara for gato, ele vai continuar bonitinho, mesmo que vestido de um jeito esquisito. kkk... mas o que me referi, era a ter que passar maquiagem, usar saltos altíssimos... a mulher tem que usar muitas coisas pra agradar a macharada
eu: bueno, eu quase não uso essas coisas e nunca passei necessidade
eu: então, a enquete é: tem algo que invejes nas mulheres?
ele: Só para entender melhor: inveja no sentido de querer ter ou inveja no sentido de que vocês tem vida mais fácil por causa disso?
eu: olha, eu perguntei primeiro... e tu já respondeu
ele: eu não respondi, hehehehe.
eu: respondeu sim
ele: Quando, como e por que?
eu: que mulheres tem uma vida mais fácil pq os homens "as querem". seja lá o que isso for... rs rs
ele: Você tá tirando muita coisa de uma pergunta.
eu: acho que toda mulher tem um quê de psicólogo
ele: A minha pergunta, melhorando (doutora), era: você está me perguntando se eu acho que, por alguma razão, as mulheres tem vida mais fácil que os homens? Se for, a resposta é não. huahuahaua
eu: não, a pergunta não é essa. tens inveja de qualquer coisa que a mulher tenha (ou não) e o homem não?
ele: Mais facilidade para enriquecer sem trabalhar. Brincadeira (não me bate, hehehehe)
eu: não tenha medo
ele: Falando sério agora. Pelo menos pensando no assunto agora, não me vem nada na cabeça.
eu: certo... isso é melhor para a sua saúde. rs rs
Como ser um grande escritor, segundo Bukowski
como ser um grande escritor
tens que foder muitas mulheres
mulheres bonitas
e escrever alguns bons poemas de amor.
e não tens que te preocupar com a idade
e/ou novos talentos.
apenas bebe mais cerveja
mais e mais cerveja
e vai às corridas pelo menos uma vez
por semana
e vence
se possível.
aprender a vencer é difícil –
qualquer imbecil pode ser um bom perdedor.
e não te esqueças de Brahms
nem de Bach nem
da cerveja.
não faças exercício a mais.
dorme até ao meio-dia.
evita cartões de crédito
ou pagar seja o que for a
tempo e horas.
lembra-te que não há nenhum cu
no mundo que valha mais de $50
(em 1977).
e se tens a capacidade de amar
ama-te primeiro
mas nunca te esqueças da possibilidade de
derrota total
mesmo que a razão para a derrota
seja justa ou injusta –
sentir cedo o bafo da morte não é
assim tão mau.
afasta-te das igrejas e bares e museus,
e como a aranha sê
paciente –
o tempo é a nossa cruz,
mais o exílio
a derrota
a traição
tudo isso.
sê fiel à cerveja.
uma amante constante.
arranja uma grande máquina-de-escrever
e enquanto ouves os passos para cima e para baixo
lá fora
martela a coisa
martela com força
transforma-a num combate de pesos-pesados
transforma-a no touro na sua primeira investida
e lembra os velhos sacanas
que tão bem lutaram:
Hemingway, Céline, Dostoievsky, Hamsun.
se pensas que eles não enlouqueceram
em pequenos quartos
tal como tu agora
sem mulheres
sem comida
sem esperança
então não estás preparado.
bebe mais cerveja.
há tempo.
e se não houver
está tudo bem
na mesma.
sábado, 10 de outubro de 2009
Saudosismo, pero no mucho
O Luis limpava a máquina, afinal, ele era o dono... E o Luis fazia muitas outras coisas: fazia omelete, trocava as lâmpadas, me ensinava a arrumar meus colares, fazia um espetacular miojosoba, etc.
Mas o Luis não matava baratas e, definitivamente, o Luis não me comia.
Eis que aqui estou com o Alex, feliz da vida, limpando a máquina de lavar.
domingo, 4 de outubro de 2009
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Comentários sobre o cancelamento da prova do ENEM
jane | 01/10/2009 08h42
Corrupção aqui tá no DNA! Se por acaso a proposta de redação da prova cancelada tinha algo a ver com orgulho de ser brasileiro, relacionando com olimpíadas e tal... esquece pra próxima prova!
O bom é que teremos mais tempo.
É incrível a capacidade que as pessoas têm de serem desonestas, de prejudicar os outros.
Fico feliz que a prova tenha sido cancelada, antes que os estudantes tenham feito, e espero um dia que essas coisas deixem de acontecer.
kkkkkkkkkkkk
La Vai Esta Leandro Quados Iveline etc..
e O ENEM foi cancelado Não entendir Porque agora Ficar em Casa Fazer O Que Acabou a Vaga Dos Onibus...Beijos Que Deus Eteja Com Todoss
Uma senhora de manhã cedo foi varrer a calçada de sua casa,e passou um ladrão e tomou e roubou das mãos da senhora a vassoura nova que tinha comprado,nem varrer a calçada de manhã é possível nesse país.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Tu controlas?
a ira? a inveja? o medo?
a libido?
o dinheiro?
o riso? o choro?
a tv? a internet? o celular?
os olhos? as mãos? os intestinos? a língua?
o superficial? o profundo?
os dias? as noites?
os cabelos?
a agenda?
as chuvas? as marés?
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Serviço militar no UK
1) A preparação dos suprimentos que são enviados para os soldados no front, destaque para as chips. Imaginei a combinação: os guris armados comendo sua batatinha no meio de uma terra árida, com algumas cabras magras e camponeses islâmicos.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Da série "Indagações" - II
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
domingo, 19 de julho de 2009
Culpa do Lúcio e da Bianca...
http://jaana-fernandes.blogspot.com/
Resolvam-se com eles! ;)
Bjim
quinta-feira, 9 de julho de 2009
born to be legends
sábado, 4 de julho de 2009
para Ana Cródia, diretamente da Flip
terça-feira, 23 de junho de 2009
Formato Mínimo
A festa estava mesmo ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima
Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo
Os lábios se tocaram ásperos
Em beijos de tirar o fôlego
Tímidos, transaram trôpegos
E ávidos, gozaram rápido
Ele procurava álibis
Ela flutuava lépida
Ele sucumbia ao pânico
E ela descansava lívida
O medo redigiu-se ínfimo
E ele percebeu a dádiva
Declarou-se dela, o súdito
Desenhou-se a história trágica
Ele, enfim, dormiu apático
Na noite segredosa e cálida
Ela despertou-se tímida
Feita do desejo, a vítima
Fugiu dali tão rápido
Caminhando passos tétricos
Amor em sua mente épico
Transformado em jogo cínico
Para ele, uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão, a rúbrica
(Samuel Rosa - Rodrigo F. Leão)
segunda-feira, 8 de junho de 2009
e por falar em quintal...
Um dia lhe apareceu uma dona engraçada chamada abelha, que dizia conhecer distantes quintais. A frô perguntou como é que podia um trem daquele - aí que a dona abelha explicou a coisa toda de voar. Com cara de abobalhada a frô ficou... e sentiu uma invejazinha lhe roendo as raízes. Dona abelha, mui vivida, tomou ciência do que se passava com a frô e propôs uma tal de polinização. A outra, claro, não sabia que diabo era aquilo. "Explico" - disse a abelha - "Pouso nas tuas pétalas, cubro meu corpo todinho com o teu pólen e levo um pouco de ti pra passear em cada flor de cada quintal".
E assim que foi que a frô se desprendeu e se espalhou por aí por tudo.
"Depoimento" que escrevi pr'uma frô chamada Silvinha
sábado, 6 de junho de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Apenas um sorriso
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Você já foi ao Acre hoje?
"¿Tienes trueco pra una nuetita de dez?"
Diplomata boliviano, concluindo a negociação da transferência do território acreano para o Brasil
"Xi, acabou o troco... O senhor aceita bala de goma?"
Diplomata brasileiro, usando pesadas táticas de negociação
"Você quis dizer: Terra do Nunca"
Google Earth sobre Acre
"Você quis dizer: Nada"
Google sobre Acre
"Isso non ecziste!!!"
Padre Quevedo sobre o Acre
"404 Not Found"
Internet Explorer sobre Acre
"Lembrei do local onde perdi os minhas botas..."
Judas sobre Acre
"Fronteiras do Acre: El Dorado ao norte, Atlântida a oeste, Sodoma e Gomorra ao sul, Camelot a leste."
Atlas Universitário sobre o Acre
"Você traiu o movimento existencialista, véio!"
Dado Dolabella sobre Acre
"Foi lá que eu aprendi portugês!"
Carla Perez sobre Acre
"Acre? Isso é lenda!"
Curupira sobre Acre
"Recebemos mais turistas por ano que eles."
População de Atlântida sobre Acre
"Só acredito vendo!"
São Tomé sobre Acre
quinta-feira, 23 de abril de 2009
meu horóscopo de hoje
Fácil: entro no wikipedia e escolho um artigo aleatório, seu título é o nome da minha banda: Tufão Rammasun; entro no en.wikiquote.org e as últimas palavras são o título do meu album: Not to Bind Them (em inglês é mais chique, bien sür); entro no flckr e escolho uma entre as sete fotos q aparecem na tela: esta é a capa. Pronto: meio caminho andado...
segunda-feira, 20 de abril de 2009
continua
porque no meio do incêndio a gente virava filme
porque no meio da história a gente pulava corda
porque no meio do salto a gente inventava regra
porque no meio da ordem a gente cantava distração
porque no meio da noite a gente cantava, inventava regra, pulava corda, virava filme e pegava fogo
porque no meio do sonho
antes do fim da história
com a corda ainda no ar
distraidamente
a gente pegava no sono
quinta-feira, 12 de março de 2009
Por uns cobres a mais
Certo dia, viu-se sem cinzeiros e fez a coisa mais detestável que fazem os fumantes: bateu as cinzas num copinho com água. Enojada, resolveu reabastecer a casa – em cada cômodo, um cinzeiro, pronto.
Foi diretamente a uma loja onde sempre comprava os tais cinzeirinhos vítreos. Não havia, acabaram-se. Toca pra outra. Não temos, disse a vendedora. Está em falta, na terceira. Estranho. Não há cinzeiros nesta cidade?
Decidiu levar uns de cobre; vêm três num saquinho, ainda mais baratos do que os de vidro. Encheu a casa com eles. Sentava-se na sacada do apartamento, diante do mar, e fumava tranquilamente seu cigarrinho.
Alguns dias depois, percebeu que os cinzeiros novos estavam se enegrecendo. Maldita maresia, esqueci-me disso. Foi então que teve a ideia de passar esmalte de unhas nos objetos. Isso vai criar uma película protetora, imaginou. E assim o fez. Logo, todos os recipientes estavam envernizados, secando ao sol. À noite, já estarão bons, calculou.
Fim de jornada, antes de dormir, fumou seu indefectível último cigarro do dia. Apagou-o num dos cinzeirinhos recém-envernizados, mas não de todo. Restou uma brasinha, não percebida, que ficou ali, fumegando, misturando-se ao esmalte e ao zinabre anterior.
Dessa mistura, expeliu-se um gás asfixiante que tomou conta de todo o quarto. Morreu dormindo, sufocada pela fumaça desprendida do cinzeiro. No velório, a irmã lamentava: Não disse que o cigarro ainda a mataria?
sábado, 7 de março de 2009
mania
O sonho de ter sua própria rádio esbarrou na realidade concreta e se despedaçou em pequenas peças de locução que ele transmitia dentro do próprio carro, seu único veículo ao longo da vida. As transmissões da rádio iniciavam logo cedo, a caminho das escolas das filhas e se estendiam, houvesse ouvintes ou não, durante os curtos trajetos do dia. Aos poucos, suas filhas tiveram programas inteiros para ler o horóscopo ou relatar passeios da escola, as colegas de carona viravam convidadas especiais em programas de entrevistas, e todo mundo entrava na brincadeira. Por fim, a rádio passou a ser transmitida também fora do carro e os “causos” pitorescos se acumulavam, como aquele com o guarda rodoviário que acabou entrevistado ao vivo, em plena blitzen; a gravação da entrevista daquele tio que reaparecera depois de andar sumido por trinta anos e ele só responde puff, nham, ham-ham, mmmmm, ahn! A família se divertia muito mesmo.
Com o tempo, a coisa foi ficando mais profissional, com leitura do prefixo, vinhetas, chamadas da programação, intervalos para ouvir as músicas do cassete player (roadie star, modelo anos 70). Adquirido um microfone caseiro para o “3 em um” da Phillips, já eram até editadas fitas com anúncios, dingles, e seleções musicais! “Sua mãe informa: amanhã será feita des-inse-ti-za-ção TOTAL! Vamos acabar com as baratas! Para seu melhor conforto e saúde! Solicita-se, no entanto, aos proprietários de quartos na casa, que facilitem a entrada dos profissionais recolhendo suas calcinhas do chão!” (segue Michael Jackson: Thriiiiiiiiiiller! ”) “Os famosos Doces da Vovó: hoje, em oferta no Lanche das Cinco” (segue: “Just a Spoon Full o’ Sugar”).
Se não me engano, na nossa última esbarrada a transmissão da rádio já tinha passado a ser contínua, 24 horas no ar. Daí, onde não havia botão de desligar, a pedido do público ouvinte, foi instalado, pelo menos, um botão de controle de volume, acionado por Autocontrole Remoto Ótico: era no olhar das pessoas que ele percebia a hora de baixar o volume, já que não conseguia mais parar de transmitir. Assim, suas locuções tinham virado resmungos e as músicas eram “humminadas” o dia inteiro para os caros ouvintes colegas na empresa de tevê, onde ele sempre foi considerado ótimo técnico, apesar de meio “no ar”.
Acabou que a rádio nunca deu lucro, nem subiu no poste, nem alcançou lugar nos satélites, e não passou do que chamamos de rádio “prosprópriosbotões”. Os poucos de nós que temos antenas para captar essas ondas, quando esbarramos botões nos botões num abraço com esse sujeito, sabendo-nos ao vivo, no ar, transmitimos um alô aos rincões deste planeta mandando um abração pros nossos queridos vivos. Só para terminar, mandamos um beijão pras tias e pros tios. E, manda avisar lá em casa que o pior já passou, estamos bem! As crianças andaram adoentadas, mas era coisa que comeram demais, não é pra preocupar. E, já acabando, tá todo mundo sem férias aqui, este anzim bi zin bi ziiiiiiiiiiiiiiiiin nhoooooooooooooooziiimmmmmmmxxxxxxxxxxxxxxxxxx
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Eu era uma pessoa feliz. Cantava muito, várias vezes ao dia. Curtia axé, música que me fazia rir, além de dar uma vontade danada de dançar, sair de casa, paquerar. Alegria, letras divertidas, engraçadas, mesmo as de amor, levantam o astral da gente, a vontade é de sorrir sempre. O máximo que se sofre é com alguma baladinha mais romântica da Ivete Sangalo.
Muito feliz, era eu, até o dia em que se mudou uma moradora para o apartamento ao lado do meu. O prédio é pequeno, a gente tem de tomar cuidado com o barulho, quase sempre dá para ouvir o programa de TV ou a música do apê vicinal. Eu escutava meus discos num volume alto, reconheço, todo mundo gosta de axé, não é? Nunca me preocupei porque ninguém reclamava. A vizinha tampouco. Mas, depois de algum tempo, também pôs música a tocar.
Não vou nem comentar as músicas de amor, caso contrário, eu ardo de desejo ou perdemos a noção da hora. Começo a me perguntar de que romance antigo me roubaste e penso que na verdade não me queres mais. Não dá, arrasa o meu projeto de vida. É loucura, às vezes, acho que a vizinha perdeu a saia, perdeu o emprego, bebeu veneno e vai morrer de rir.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Segurou com uma mão, depois com as duas. Seu olhar não se fixava. Ele quis ajudá-la, colocou a mão por cima das dela e disse: é só começar, você vai ver como é fácil... depois não vai mais querer parar. Até acreditava. Quase todas as pessoas que ela conhecia gostavam – por que com ela seria diferente?
Mas havia algo que a incomodava naquele momento. Não sabia bem o que era, talvez fosse o cheiro, um cheiro de novo, talvez a falta de cumplicidade com ele. Perguntou: você já fez isso com muita gente, né? Já, claro. E ninguém desistiu? Não, até hoje não, você vai ser a primeira? Não, não, vamos lá!
Girou a chave na ignição e foi.