sexta-feira, 30 de julho de 2010

perspectivas pro findesemana a várias mões (Valéria , Lídia e Carla)

Casais celebrando uniões;
amigos queridos enchendo aviões;
armários repletos de falta de organizações;
filmes e culinárias de glutões;
casas para passeios, sem colchões;

contagem regressiva para depósito dos patrões.

casais repletos de organizações
amigos enchendo colchões
filmes celebrando aviões

contagem regressiva para passeios com glutões


filme 'filosofando' uniões
casas sem patrões
amigos nas organizações

contagem regressiva para casais nos colchões

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Adjunto(s) Adnominal(is) (?!)

A Leveza da Lidia.
A Alegria da Tiça.
A Altiveza da Pat.
A Coragem da Dani.
A Lealdade de Camila.
A Bondade da Monia.
O Amor de Kátia.
A Cumplicidade de Dayvison.
A Douçura da Drica.
A Companhia da Naná.
A Compaixão de Carmilva.
A Justiça do Armando.
A Franqueza do meu Pai.
A Simpatia de minha Mãe.
A Acidez do Marco.
A Musicalidade da Raquel.
A Transparência do Luís.
A Volúpia da Val.
A Eloquência da Ana.
A Lucidez da Piti.
A Espontaneidade do Lúcio.
A Determinação da Jaana.
A Poesia da Caetana.
A Elegância do Felipe.
A Simplicidade da Silvia.
A Organização da Bianca.
O Romantismo da Mari.
A Serenidade da Milena.
A Criatividade da Mi Fabri.
A Revolução da Raq.
A minha Perseverança.
E as Incertezas de Todos.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

SINA


Desde pequena ela sabia que não ia ficar ali para sempre. Ao ver a mãe agachada na beira do rio, lavando roupa e o pai, bêbado, chumbado da lida na roça - pensava que tinha nascido no século errado, no meio errado - gente grossa, grudada na terra - dizia. O estudo seria sua saída, pensava - não seria escrava. A marca que trazia do acidente com óleo quente na pele lhe informava que ela era uma sobrevivente, uma forte que não seria pega facilmente, poderia seguir até onde quisesse chegar. Quando embarcou para Brasília, com a promessa de um emprego no banco onde os amigos tinham passado num concurso, achou que não ia mais atravessar o rio verde de volta. Realmente, só o fez para enterrar os pais. Na cidade moderna promoveu-se à semi-escrava entre máquinas elétricas. Os salários, insuficientes, a obrigavam a morar em troca dos serviços - que fazia como se estivesse brincando de casinha - nas casas dos outros. De dia, trabalhos com contabilidade (sabia contar bem, crescera contando o tempo de ir-se embora, contando os trocados miúdos economizados para pagar sua alforria da família). De noite cursos, livros e uma cachacinha para aplacar a fome. Foi na faculdade de direito que conheceu o pai do primeiro filho. Professor seduzente, cuja acusação de prostituta não amoleceu o juiz, quando o menino já era mais do que a cara do pai. Difícil negar um DNA,o processo longo serviu para o menino resolver não ser daquela laia. Abandonou Brasília para não ter que abandonar o filho a quem dava tudo o que tinha e mais o que podia buscar com o olhar. O pai do segundo filho a encontrou operária de uma facção, costurando incansavelmente para montar o pequeno capital do seu primeiro negócio próprio. Àquele motorista de caminhão, sem educação, sem jeito para o trato social, nunca precisou pedir pensão, nem ajuda. Ele comparecia todos os meses com quantia suficiente para a comida, a roupa e uns mimos – mesmo ciente que ela crescia nos negócios e, já patroa, fazia até fortuna. Nada fino, era um nobre. Um dia, avisou que não viria mais para os carinhos que a aliviavam da labuta – tinha encontrado o amor de sua vida e estava resolvido a dedicar-se. Ela aceitou. Nunca encontrou seu amor, mas não se negara aos encontros casuais para o sexo. Na beira da cama, recordava-se de tudo isso em flashes preto e branco. Em slow-motion, via-se nos braços do cara da noite passada, no forró, entrando em casa, fazendo amor bruto. Na cômoda o dinheiro deixado por ele, provavelmente antes mesmo do dia amanhecer. Com esse gesto, insinuava o mesmo que o outro a chamara na frente do juiz. Suspirou, levantou-se, penteou-se, maquiou-se, vestiu-se de crepe de seda, abotoou o colar de pérolas em volta do pescoço, vestiu o diamante no dedo anelar, calçou o salto de pelica e saiu, decidida a distribuir uns trocados para os meninos da feira.

terça-feira, 27 de julho de 2010

noite passada


sonhei com chuva
água no lombo
camisa molhada
barulho no telhado
cabelo escorrendo
pé na lama
lágrimas do céu

segunda-feira, 26 de julho de 2010

a pública não é privada!

Ainda reluto em concordar que a escola privada é melhor do que a pública. acredito que os resultados do ENEM, por exemplo, mostram apenas que os instrumentos de avaliação continuam favorecendo a elite no Brasil. Aquelas escolas de elite que não atendem nas áreas rurais, que não atendem deficientes mentais, nem cegos, nem surdos, nem mudos, nem índios, nem pobres, nem indisciplinados, é a melhor? Aquela escola capitalista que cobra valores que garantam o "lucro do patrão", e pagam o salário de mercado para seus trabalhadores, e selecionam por testes - ou seja, só quem sabe é que entra, é a melhor? A pública vai perder sempre nessa disputa por medalha de elite. Exceto as federais, que aliás, selecionam alunos, recebem mais do que o aluno-ano que as estaduais e as municipais recebem, têm carreira de professor universitário e de servidor de universidade para seus trabalhadores. Os resultados mostram, claramente que isso faz diferença. O Enem é um indicador de que os investimentos em educação continuam favorecendo quem já tem, e ocultando as necessidades daqueles alunos que não têm ginásio coberto, laboratórios equipados funcionando com orientadores capacitados, de professores que trabalham além das horas para dar conta de sala de aula e gestão - além da própria formação, de todos os que não têm transporte público passando nem por perto da escola - ou que têm, mas tão absurdamente indignos de cidadania, que não têm cidadania. A escola pública tem que dar conta de tudo isso: currículo, cidadania, educação para o que ainda nem existe. Tenho dó, pena mesmo, da senhora mendicativa escola pública, que nunca srá reconhecida pela sua generosidade, pelo seu trabalho exaustivo, pelo tanto que faz- por mais que faça!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

tatoo do mal!


Enquanto eu penso se faço ou não uma tatuagem, Israel decide libertar mil palestinos em troca de um israelense; o governo federal manda alguns milhões para recuperar cidades devastadas pela inundação no nordeste; a CBF despede o Dunga; o Palmeiras contrata o Felipão; Lou Reed decide não vir mais pra Parati, no FLIP. Mas onde, me pergunto? No Rio de Janeiro mais um menino atingido por bala perdida em sala de aula; no trânsito o que corresponde a um avião de gente morre por acidente; um navio turco de ajuda à Gaza atraca no Egito, uma bomba explode numa mesquita no Irã, jorra óleo em consequência do vazamento de um poço no pacífico, no maior desastre ecológico registrado neste século. E qual seria o motivo? Uma mulher morta por exigir pensão ao famoso goleiro; um cara assassina a mãe porque ela pediu para abaixar o som da tevê e concreta o corpo na parede; alguém compra uma jobulani por 74 milhões de dólares para sua coleção de bolas da copa; um padre é suspenso por pedofilia.
Disco o número do cartão.
- Panda, decidi. Hoje mesmo, pode ser? No ombro esquerdo. Um coração bem fofinho, tipo pêssego maduro, com uma faixa no estilo old school e um punhal cravado com sanguinho na ponta. Dizeres? Ah, sim, você pode escrever: MUNDO CRUEL.

terça-feira, 13 de julho de 2010

vem e vai

Ela vem e enche o ambiente de charme. Me conta das coisas que faz e das que não faz "não tenho feito muito ultimamente". Faz cada coisa interessante! Movimenta o partido, redige, revisa, alimenta o site, olha pela janela e considera o mundo, salva a própria vida nas torrentes que sangram pedras. Com a família tem sempre um papo, um carinho trocado, umplano a ser colocado em prática. Conhece gente diferente, fala abertamente com estranhos, conhece seus lugares e reconhece seus sotaques. com ela rola paquera, transa, gente na internet, postais. Sorri redondo com todos os dentes, sincera, gostosa. Sempre um algo a mais para eu pensar, para procurar. Sempre uma canção cantada, comentada, lembrada, uma piada, uma anedota popular. Depois me diz que falta, que não é aquilo que ela queria, que não tava bom... queria mais, queria melhor. É assim que se faz, mais e melhor. Aí se vai, deixando em mim a vontade de um dia ser assim, grandiosa.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ainda

Ainda não fui à Índia. Ainda não sentei à mesa com os deuses do Olimpo. Ainda não fumei baseado. Ainda não fiz doutorado. Ainda não fiz sexo grupal. Ainda não li a bula papal. Ainda não fui ao Maracanã. Ainda não vi Chico e Caetano ao vivo. Ainda não vi o Carnaval nas arquibancadas da Sapucaí. Ainda não hablo espanhol. Ainda não aprendi árabe. Ainda não voei de asa delta. Ainda não pulei de pára-quedas. Ainda não li Memórias do Cárcere. Ainda não fui à Foz do Iguaçú. Ainda não conheço Salvador. Ainda não terminei o desenho à carvão. Ainda não fiz aquarela. Ainda não sei andar de bicicleta. Ainda não corri de kart. Ainda não sei tango. Ainda não fiz uma tatuagem. Ainda não pintei o cabelo de vermelho. Ainda não parei de sentir saudades do que não vivi. Ainda não parei de rodopiar. Ainda não parei de dançar.

'Parodiando' Lidita - "Para o 'eu, hein?'"

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Para o "eu, hein?"


não nasci na bahia. não vim pra brasília porque meu pai era militar. não conheço alguns membros da minha família. não conheço bem alguns membros do meu corpo. não li crime e castigo. não sei dirigir. não corro no eixão. não entro nos eixos. não dou crédito aos problemas. nunca fui a europa. não prendo o nariz pra mergulhar. não falo ‘você’. não gosto de filme de ficção científica. não acho pelé melhor que maradona. não quis ir a disney quando fiz 15 anos. não sou mãe. minha mãe não é a melhor do mundo. nunca atirei em ninguém. não gosto de segurar jornal. não desfilei no sete de setembro. não jogo tênis. não me responsabilizo pelo que digo, nem pelo que dizem de mim. não sei diferenciar chapinha de alisamento. não pinto as unhas. não tenho unhas. nunca ganhei prêmio nenhum. não quero rir do que ninguém ri. não faço teatro. não comparo preços. não ponho preço em ninguém. não gosto que estranhos me cutuquem enquanto falam comigo. não fui cara-pintada. não seqüestrei embaixador. não me lembro da morte do tancredo. não como rúcula nem sob tortura. nunca pedi um autógrafo. não sei pra onde estamos indo. não vou sozinha. não rezo pedindo nada. não esqueço cheiros. não perco amigos. não acumulo milhas. não sei como entrar pro guinness. não tenho tatuagem. não acho cool ser triste. não sinto saudades do que não vivi. não descobri o que o mundo quer de mim. nunca encontrei nicolas behr numa esquina de brasília.

- parodiando "POETA MARGINAL? EU, HEIN? " de Nicolas Behr