terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Canetas

Tenho três canetas sobre minha mesa. E nenhuma idéia. Estranhamente, tenho três canetas sobre minha mesa. Normalmente, não há nenhuma. Tampouco há idéias. A diferença, agora, é que há três canetas sobre minha mesa. Por que estarão todas elas aqui hoje? Não consigo atinar a nada sobre como utilizá-las. Sei que estão. Sobre minha mesa. Não se mexem, não se oferecem. Estão. Devo tomar uma atitude. Entre usá-las ou tirá-las de minha vista, fico em dúvida. Não sei o que será de mim sem canetas sobre minha mesa. Tampouco sei o que será com três. Mas as tenho. Sobre minha mesa. Caso resolva o que fazer, terei de manuseá-las uma por vez. Pego uma e tenho duas canetas sobre minha mesa e uma entre meus dedos. Se trocá-las a situação continuará a mesma. Preciso entender o que mudaria com uma caneta entre meus dedos e duas sobre minha mesa. Se as tivesse, as três, nas minhas mãos, poderia fazer três riscos simultâneos sobre o papel. Também precisaria descobrir a utilidade disso. O melhor é ter uma caneta para manusear e duas sobre a mesa. Caso se acabasse a tinta da primeira, utilizaria uma das duas restantes. Para que a carga da primeira caneta se acabe, há duas hipóteses. Ou estaria ela já com muito pouca tinta ou seria necessário escrever muito. Neste caso, nenhuma das possibilidades existe. As três canetas sobre minha mesa são novas, e eu ainda não escrevi nada. A primeira caneta, portanto, permaneceria muito tempo entre meus dedos. Teria duas canetas sobre minha mesa. E não se pode saber o que fazer com elas.