sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nas mesmas novas águas

"Tu não podes descer duas vezes o mesmo rio, porque novas águas correm sempre sobre ti".
Heráclito

"Tudo deu certo, meu velho Heráclito
porque eu sempre consigo
atravessar esse teu outro rio
com o meu eu eternamente outro..."
Mário Quintana

Meu outro eu é sempre outro
quando outro peso se impõe
Meu corpo não é o mesmo
ao sabor de outra língua
Meu toque não é o mesmo
quando consegue sentir
o que não existia
segurar o que não existia
Minha mão ferve
ao contato do que nunca,
nunca será o mesmo
porque outras águas passarão
e as mesmas águas
ao desatentos parecerão

Um comentário:

Valéria Barros Nunes disse...

posso fazer a crítica literária? gostei mes...
Mas acho q teria q ter um curso de letras completo para poder dizer mais do que: me pareceu coeso, transparente e realista, ainda q contenha abstrações, o fluxo verbal leva à imagem concreta, seu ponto culminante é "segurar o que não existia". Acho q o poema se ajusta ao sistema lógico da autora e é uma obra válida, ainda q possa sofrer mais revisões, em especial das conjunções.
Tô besta, né?