Após temporada trabalhando como artista gráfico em países da África, um jovem retorna à casa da mãe num pequeno município no interior de Goiás. A mãe, obviamente, apela para o que filho fique mais um pouco, tanto tempo sem ele por perto... Mas, o que fazer nessa cidade tão pequena, tão parada, onde nada acontece, onde não há nada a fazer? A mãe insiste: há muito que fazer, as crianças carecem tanto de arte! O filho resolve caminhar pela cidade para ver se acha algo que possa fazer. Nas memórias que restam da infância vivida ali, tem destaque especial as horas passadas na escola estadual. Ainda igual, ainda tanto terreno e nenhum ginásio coberto, uma quadra melhor, ou, quem sabe, um jardim! O filho resolveu ficar mais um tempo. A mãe tinha razão: tanto o que fazer!
A idéia era atraente, a mãe pensou. Mas, este mês já temos tanto a fazer. Talvez no próximo mês...Ia matutando e bordando a cerca com as folhas de uma moita de palmas recém retirada do jardim para dar lugar à uma lona de circo. Resolveu chamar a obra de “palmas para a cerca”. Todos que por ali passavam paravam para admirar o trabalho e manter a arte de prosear. E não é que passou a professora? Agora coordenadora da escola estadual. Plantar um jardim? Ótimo! Com os alunos? Isso! Vamos sim!
Daí pra frente foram só Sins. Os alunos concordaram. A prefeitura providenciou uma capina, um técnico agrícola deu uma palestra, o clube da semente forneceu as mudas, os amigos foram voluntários. Foi feito o desenho em escala no papel quadriculado. No muro da escola foram pintadas as letras e os números das coordenadas que eram “cantadas” para que os alunos fincassem as estacas demarcando o traçado que o trator fez para desenhar as fronteiras do jardim no terreno. Os alunos se subdividiram em grupos responsáveis pelo plantio e o cuidado das mudas. Esta lá: o mapa do Brasil, com mudas representativas dos seus biomas. Os sulcos representando os rios Amazonas, São Francisco e Paraguay serão preenchidos com a água que vai regar o jardim. A água vai ser sem cloro, vinda do poço, puxada por um mecanismo ligado ao parque infantil da escola. A energia das crianças vai irrigar os Jardins do Brasil!
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