quarta-feira, 16 de março de 2011

qual a história do seu nome?

Um nome pro futuro
O Brasil vivia seus poucos meses de regime parlamentarista e uma modesta casa de Brasília mantinha um intenso debate, que nome dar à bebê? Um nome significa uma vida! Não é simples. Quinze dias e algumas visitas depois e ainda era A bebê. O bebê era o que acabara de completar um ano, por isso a ênfase no artigo. Ele, vindo da lua-de-mel; ela, da ingenuidade da mãe que acreditava ‘amamentando não se engravida”. Concebida três meses depois do nascimento do primogênito, a lombriguinha só foi percebida quando começou a mexer demais. A mãe, entre fraldas , mamadeiras e noites mal dormidas só achou tempo par ao susto. Bom que já aproveita o enxoval. O pai tentava amainar seu medo. Só o período brancamarelo do enxoval, né? Dois meses e o resto é tudo azul! Nome cor de rosa na primeira lista?! Só sobrou Rita, que é a atual babá do bebê. Os outros já foram para as primas: Norma, Débora e Tânia (nenhuma Santa). Calorosas discussões para nomear a nova experiência e o casal já achando que tinha dado um mal passo. Acordo difícil, fora mais fácil com o menino, que findou homenageando um amigo do pai. Para a menina a mãe não queria homenagens, nada de nomes antigos ou velhos, ou usados demais, Não tinha deixado tudo para se embrenhar no cerrado e começar um novo país?! A mãe queria o porvir! Na família do pai os homenageáveis se chamavam Eduíno, Marcolino, Balduíno, Genuíno, Beduíno, Massuíno! Nem pensar! O pai mesmo só escapara porque acabaram os ínos no repertório da mãe dele. O importante é que tenha saúde, consolava o pai. O importante é que não faça birra quando ouvir o próprio nome, opinava a tia que odiava ter recebido o nome da avó: Braulina. E que não se chame Guilhermina Albuquerque Vedraminni, ria o tio traumatizado nas aulas de caligrafia da fase de alfabetização. Estava avisado, tio e tia não podem mais opinar, complica o processo decisório, a palavra final é da mãe. Mas, quem disse que os avós se conformaram? Que tal mais uma Ana? Nome simples e bonito, fervia a religiosidade da avó. A psicologia de banca de revista da mãe alertava: vai virar diminutivo e Abebê vai ter complexo de inferioridade. O avô não entendia nada de complexo ou sem plexo, mas concordava : se é para ter apelido, não precisa de nome. Já que o pai chama Carlito, por que não põe Carlota, a primeira mulher eleita para o congresso nacional? De jeito nenhum! Carlota?! O pai temia a inevitável rima. Além do mais, o lado paulista da família acrescentava uns cinco erres onde já havia um! Por isso deixara de dar o nome de Bernardo ao primeiro varão. A mãe sonhava com um nome de cinema, supimpa como a Virgínia Lane! Tá louca!? Nem pensar! Virgínia era o nome que fazia avô ameaçar deserdar todos! Era a tia que tinha fugido do interior paulista no “trem do Getúlio”, num longínquo primeiro de maio para celebrar a instituição da carteira de trabalho. Largara o noivo e um futuro promissor como dona-de-casa e mãe-de muitos-filhos para ser operária. O-pe-rá-ria!! O avô finalizava a história com a máxima : “mulher que quer cuidar do próprio nariz, acaba virando meretriz!” , mesmo que a tia tenha sido “honesta” a vida toda. Nada de insuflar possíveis rebeldias. Por que não põe o nome da moça boazinha da novela do rádio? A mãe consultou o dicionário de nomes para conferir a sugestão. Os romanos saudavam César com uma “Ave!” e se despediam desejando saúde com um “Vale!”. Vale= saúde. Raiz etimológica de valor. Valor= Bem. Com éria seria cheia de saúde. Valéria foi o nome que o cartório registrou quando já se iniciava a fase cor-de-rosa. O avô caçoou o resto da vida: ‘queriam um nome moderninho e acabaram dando o nome do meu avô!”. Lá se foi a cria, vida afora, carregando um forte desejo de futuro e o nome do avô do avô no papel passado.

2 comentários:

Anônimo disse...

Onde estão os parágrafos?

Lidia disse...

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