quarta-feira, 30 de março de 2011

Iguana

chega
endiabrada
garras de dragão
minha lança
de São Jorge
ameaça não
enamorada
anda nervosa
muda de cor
camaleão
atormentada
de amor
perde a fome
e o rumo
aniquilada
se defende não
volta desconfiada
em plena noite
busca o sol
se deixa dormir não
sobre pedras
abraçada aos seus
mais caminhos do que casa
parte sem dizer adeus

sexta-feira, 25 de março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

Exercício de escrita criativa

Oh! Que saudades eu tenho
Daquilo que eu não vivi
Dos campos verdes nos livros que não li

Oh! Que saudades que eu tenho
Dos abraços que não ganhei
Dos lábios macios que eu não beijei

Sentimentos que tenho em vão

Das coisas que não foram nem serão

quarta-feira, 16 de março de 2011

qual a história do seu nome?

Um nome pro futuro
O Brasil vivia seus poucos meses de regime parlamentarista e uma modesta casa de Brasília mantinha um intenso debate, que nome dar à bebê? Um nome significa uma vida! Não é simples. Quinze dias e algumas visitas depois e ainda era A bebê. O bebê era o que acabara de completar um ano, por isso a ênfase no artigo. Ele, vindo da lua-de-mel; ela, da ingenuidade da mãe que acreditava ‘amamentando não se engravida”. Concebida três meses depois do nascimento do primogênito, a lombriguinha só foi percebida quando começou a mexer demais. A mãe, entre fraldas , mamadeiras e noites mal dormidas só achou tempo par ao susto. Bom que já aproveita o enxoval. O pai tentava amainar seu medo. Só o período brancamarelo do enxoval, né? Dois meses e o resto é tudo azul! Nome cor de rosa na primeira lista?! Só sobrou Rita, que é a atual babá do bebê. Os outros já foram para as primas: Norma, Débora e Tânia (nenhuma Santa). Calorosas discussões para nomear a nova experiência e o casal já achando que tinha dado um mal passo. Acordo difícil, fora mais fácil com o menino, que findou homenageando um amigo do pai. Para a menina a mãe não queria homenagens, nada de nomes antigos ou velhos, ou usados demais, Não tinha deixado tudo para se embrenhar no cerrado e começar um novo país?! A mãe queria o porvir! Na família do pai os homenageáveis se chamavam Eduíno, Marcolino, Balduíno, Genuíno, Beduíno, Massuíno! Nem pensar! O pai mesmo só escapara porque acabaram os ínos no repertório da mãe dele. O importante é que tenha saúde, consolava o pai. O importante é que não faça birra quando ouvir o próprio nome, opinava a tia que odiava ter recebido o nome da avó: Braulina. E que não se chame Guilhermina Albuquerque Vedraminni, ria o tio traumatizado nas aulas de caligrafia da fase de alfabetização. Estava avisado, tio e tia não podem mais opinar, complica o processo decisório, a palavra final é da mãe. Mas, quem disse que os avós se conformaram? Que tal mais uma Ana? Nome simples e bonito, fervia a religiosidade da avó. A psicologia de banca de revista da mãe alertava: vai virar diminutivo e Abebê vai ter complexo de inferioridade. O avô não entendia nada de complexo ou sem plexo, mas concordava : se é para ter apelido, não precisa de nome. Já que o pai chama Carlito, por que não põe Carlota, a primeira mulher eleita para o congresso nacional? De jeito nenhum! Carlota?! O pai temia a inevitável rima. Além do mais, o lado paulista da família acrescentava uns cinco erres onde já havia um! Por isso deixara de dar o nome de Bernardo ao primeiro varão. A mãe sonhava com um nome de cinema, supimpa como a Virgínia Lane! Tá louca!? Nem pensar! Virgínia era o nome que fazia avô ameaçar deserdar todos! Era a tia que tinha fugido do interior paulista no “trem do Getúlio”, num longínquo primeiro de maio para celebrar a instituição da carteira de trabalho. Largara o noivo e um futuro promissor como dona-de-casa e mãe-de muitos-filhos para ser operária. O-pe-rá-ria!! O avô finalizava a história com a máxima : “mulher que quer cuidar do próprio nariz, acaba virando meretriz!” , mesmo que a tia tenha sido “honesta” a vida toda. Nada de insuflar possíveis rebeldias. Por que não põe o nome da moça boazinha da novela do rádio? A mãe consultou o dicionário de nomes para conferir a sugestão. Os romanos saudavam César com uma “Ave!” e se despediam desejando saúde com um “Vale!”. Vale= saúde. Raiz etimológica de valor. Valor= Bem. Com éria seria cheia de saúde. Valéria foi o nome que o cartório registrou quando já se iniciava a fase cor-de-rosa. O avô caçoou o resto da vida: ‘queriam um nome moderninho e acabaram dando o nome do meu avô!”. Lá se foi a cria, vida afora, carregando um forte desejo de futuro e o nome do avô do avô no papel passado.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Não para! Não para! Não para!



Ainda que não tenha visto uma nesga de céu azul durante quatro dias, o carnaval no Rio foi muito bom, resultado da companhia da intrépida e querida Vivi e da família dela (incluindo Alfredo - o papagaio) e da surpresa de ter conhecido o bloco Exalta Rei!, que toca os sucessos de Roberto Carlos misturando ritmos como samba, marcha-rancho, frevo, rock e funk. A segunda-feira de carnaval na Lapa com esses caras foi de moer os pés!

quinta-feira, 3 de março de 2011

miúdos antenados


Crianças do século vinte e um, brincam de carrinho pela casa mas com o ouvido esticado no mundo. Depois, espalham o que ouvem por aí.
Num fim de tarde, a caminho de um chá de senhoras, o menino de quatro anos, sai do carro da avó, acompanhado da bisavó e da irmã dela. Aponta para o monte de sacos pretos com o lixo do jardim empilhado num canto do bloco e anuncia bem alto:
- Toneladas de maconha!!!