segunda-feira, 24 de maio de 2010

Pesadelos


Da série Confissões

Normalmente, não sonho. Dizem que se sonha todos os dias, mas nem sempre restam lembranças. Não sei. Acho que sonho pouco. Dos sonhos bonitos, lembro alguns. Há os emocionantes, também. O que não esqueço são os pesadelos. Por que é que a gente tem de lembrar mais o que é ruim?

Com o trânsito, por exemplo, tenho pesadelos constantes. Vejo-me dirigindo, agarrada ao volante, perseguida por outros carros em alta velocidade. Só sei que tenho de pisar fundo e fugir. Parece aquele jogo de videogame que simula uma pista de corrida. Tenho horror àquilo, não jogo nem sob tortura. Acordo assustada e, de vez em quando, tenho a mesma sensação quando estou na rua de verdade.

Outro pesadelo é acordar no meio da noite achando que estou deitada em água. Desperto apalpando o colchão. Comecei a ter esse sonho desde que me mudei para Natal. Talvez porque nunca tenha visto tanta umidade na minha vida. Sou bicho de cerrado, terra seca. O inverno aqui é de chuva por três ou quatro meses. Então, às vezes tenho esse sonho: estou de novo no porão da Polícia Federal, onde fiquei presa por 24 horas, numa cela com uma cama de alvenaria, contígua à parede e pintada com tinta a óleo.

Sem cobertura, colchonete ou manta, era fria como o diabo. Com o chão inundado, o que esfriava ainda mais o ambiente, passei a noite sobre a tal cama de tijolo, acocorada, com medo de pôr os pés no chão por conta dos insetos que infestavam o local. Pois eu acordo com a impressão de que estou naquela celinha alagada. Tenho de tatear ao redor até perceber que estou na minha cama, seca e limpa.

Mas o pior de todos os sonhos é com insetos. Especificamente baratas. Tenho fobia a esse bicho. Aliás, horror a qualquer bicho, mas essa coisa pré-histórica é de arrepiar, de se jogar pela janela. Por conta desse maldito animal, nem consegui ler direito A Metamorfose, do Kafka. Eu começava a leitura e tinha engulhos, foi uma dificuldade. Nos meus pesadelos, vou à cozinha ou a outro cômodo da casa e encontro uma barata imensa. E ela, parada, começa a crescer até ficar do tamanho de um urso. É de acordar gritando.

5 comentários:

Lidia disse...

Barata gigante é assustador mesmo... mas eu já sonhei com algo quase tão grotesco: morgan freeman deitado ao meu lado numa cama, querendo me pegar - e falando português!
Outro dia sonhei que tinha um camarada querendo me presentear com uma vaca, mas quando ele ia laçá-la... a bicha fugia. Não quis ir atrás da vaca porque eu teria que levá-la de ônibus... rs
Vou parar por aqui... e deixar sonhos pra outro post.

Ana Silva disse...

Mas a Angelina Jolie disse que o Morgan Freeman é supersexy.

Lidia disse...

Tá... ela que fique com ele e me repasse o marido dela!

Valéria Barros Nunes disse...

acordo gritando às vezes. não li a paixão de GH pq odeio baratas. em são paulo eu tinha horror das baratas voadoras. para me vingar, eu atravessava a ponte em frente ao dops e ao quartel do exercito fumando baseado - minha vingancinha pessoal contra os abusos deles era abusar d emim mesma.

Valéria Barros Nunes disse...

falando em barata, eu não consegui acabar a leitura de A paixão segundo GH!
será q clarice me perdoará?