terça-feira, 23 de junho de 2009

Formato Mínimo

Começou de súbito
A festa estava mesmo ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima

Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo

Os lábios se tocaram ásperos
Em beijos de tirar o fôlego
Tímidos, transaram trôpegos
E ávidos, gozaram rápido

Ele procurava álibis
Ela flutuava lépida
Ele sucumbia ao pânico
E ela descansava lívida

O medo redigiu-se ínfimo
E ele percebeu a dádiva
Declarou-se dela, o súdito
Desenhou-se a história trágica

Ele, enfim, dormiu apático
Na noite segredosa e cálida
Ela despertou-se tímida
Feita do desejo, a vítima

Fugiu dali tão rápido
Caminhando passos tétricos
Amor em sua mente épico
Transformado em jogo cínico

Para ele, uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão, a rúbrica


(Samuel Rosa - Rodrigo F. Leão)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

e por falar em quintal...

Era uma vez uma frô. Ela vivia bem plantadinha num quintal.
Um dia lhe apareceu uma dona engraçada chamada abelha, que dizia conhecer distantes quintais. A frô perguntou como é que podia um trem daquele - aí que a dona abelha explicou a coisa toda de voar. Com cara de abobalhada a frô ficou... e sentiu uma invejazinha lhe roendo as raízes. Dona abelha, mui vivida, tomou ciência do que se passava com a frô e propôs uma tal de polinização. A outra, claro, não sabia que diabo era aquilo. "Explico" - disse a abelha - "Pouso nas tuas pétalas, cubro meu corpo todinho com o teu pólen e levo um pouco de ti pra passear em cada flor de cada quintal".
E assim que foi que a frô se desprendeu e se espalhou por aí por tudo.

"Depoimento" que escrevi pr'uma frô chamada Silvinha

sábado, 6 de junho de 2009

Um quintal abandonado pode ser bonito?
A grama cresce, a esmo.
As jardineiras, ocupadas com outros jardins.