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Vamos aproveitar! Vamos aproveitar!
*no quintal de casa cada um faz o que quer. porque esse quintal é grande, do tamanho que a gente fizer. uma rede pra se balançar e balançar os pensamentos ele tem. tem um pé de limão, uma goiabeira, uma porção de plantas e flores e uns cachorros pra bagunçar o coreto. criança e adulto querendo ouvir história também sempre aparecem. e a gente conta. histórias de quintal. *
Para ficar um pouco mais confusa, fui dar uma olhada no site do Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária). Me pareceu que os caras estão sendo ágeis e sérios nos seus 25 anos de atuação, julgando, absolvendo ou condenando mais de 4 mil casos processuais contra anúncios, a partir do Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária. Espiando em “decisões e casos” no endereço http://www.conar.org.br você pode ter uma idéia do que eu falo.
Aí me perguntei: Para que então essa história? E não consegui responder. Lembrei da lei que restringe a propaganda - e o uso também - de cigarros e que está em vigor há quase 6 anos. Será que é tempo suficiente para vermos resultados? Queria ter encontrado algum estudo acerca disso, mas não (Se alguém encontrar, mande, por favor). Na prática, não conheci ninguém nesses 6 anos que tenha deixado de fumar por conta daquelas horrendas fotos que estampam os maços de cigarros.
Acredito que com as bebidas alcoólicas a coisa não seria diferente. E mais: me parece muito fácil limitar a publicidade de cerveja, por exemplo, levantando uma bela bandeira pela saúde pública, e deixar de lado problemas mais difíceis de resolver, como coibir realmente a venda de álcool a menores de idade. E do que adianta impor tantas restrições aos intervalos comerciais se, no caso da televisão, a 'porcariada' maior não está neles, e sim na programação das emissoras?
O mercado publicitário brasileiro é bom (Exceto o de Brasília. Aliás, alguém sabe quem é o responsável pelas ridículas campanhas do Big Box??); por que não deixam os caras se regularem em paz?
Ah, não, nenhuma — nem morte, nem vida, nem Deus!
Nós, irmãos gêmeos do Destino em ambos existirmos,
Nós, irmãos gêmeos dos Deuses todos, de toda a espécie,
Em sermos o mesmo abismo, em sermos a mesma sombra,
Sombra sejamos, ou sejamos luz, sempre a mesma noite.
Ah, se afronto confiado a vida, a incerteza da sorte,
Sorridente, impensando, a possibilidade quotidiana de todos os males,
Inconsciente o mistério de todas as coisas e de todos os gestos,
Por que não afrontarei sorridente, inconsciente, a Morte?
Ignoro-a? Mas que é que eu não ignoro?
A pena em que pego, a letra que escrevo, o papel em que escrevo,
São mistérios menores que a Morte? Como se tudo é o mesmo mistério?
E eu escrevo, estou escrevendo, por uma necessidade sem nada.
Ah, afronte eu como um bicho a morte que ele não sabe que existe!
Tenho eu a inconsciência profunda de todas as coisas naturais,
Pois, por mais consciência que tenha, tudo é inconsciência,
Salvo o ter criado tudo, e o ter criado tudo ainda é inconsciência,
Porque é preciso existir para se criar tudo,
E existir é ser inconsciente, porque existir é ser possível haver ser,
E ser possível haver ser é maior que todos os Deuses.
Aberta a porteira do nosso quintal! Que aqui entrem os homens, as mulheres, os curiosos e os respondões... Por favor, espiem pela cerca, mas entrem de vez em quando. O terreno é fértil e carece de algumas revelações. |
Hoje, particularmente, cansei. Cansei de uma forma única, como nunca havia cansado antes da minha incessante espera por Godot. Um cansaço que nada de desagradável tinha, confortante até. Godot o julgaria forte demais e um tanto quanto traçoeiro. "Cansaço que impulsina? Que tipo de cansaço é esse?" Pois era isso mesmo, um cansaço unicamente gostoso. Desses que dá vontade de todos os verbos de movimento ao mesmo tempo. Então, por alguns segundos, desisti da espera. Por alguns segundos, consegui enxergar o quintal. Vi as crianças chegando, os amigos trazendo doces e senti o vento forte nos troncos das árvores. Arvóres antigas que nem se mexiam com aquele soprar. Fui, nesse instante, seiva e flor. Fui também, e não me perguntem como, bicho voador a carregar pólen. Não me lembro qual a espécie, foi por pouco tempo... voava alto o bicho. E em pleno vôo de bicho desconhecido que eu era, o cansaço passou. A espera voltou... porque Godot pode chegar a qualquer momento. |
Bem lindo teu pé de sonhos
Bem lindo teus sonhos em pé de flor
Bem linda a canção em sonhos
Xi! Perdi o pé....
PÉ DE SONHOS
(Petrúcio Maia / Brandão)
Raimundo Fagner - 1973